Deputado ataca Alexandre de Moraes, fala em “frouxo” e exige anistia geral para bolsonaristas investigados.

Na quinta-feira (10/7), o Brasil assistiu a um novo capítulo da escalada de tensão entre bolsonaristas e o Supremo Tribunal Federal. Em meio à resposta do ex-presidente Jair Bolsonaro sobre as tarifas impostas pelos EUA, quem realmente chamou atenção foi o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que decidiu dobrar a aposta contra o ministro Alexandre de Moraes.
Enquanto o pai tentava passar um verniz institucional em sua carta, dizendo ter recebido “com senso de responsabilidade” o aviso de Trump sobre a taxa de 50% contra produtos brasileiros, Eduardo foi direto ao ataque. Chamou Moraes de “frouxo” e sugeriu que ele teria medo de sanções internacionais, como a Lei Magnitsky.
Essa retórica não é nova, mas mostra uma clara radicalização do discurso. Não há mais qualquer tentativa de negociação ou cautela. A fala de Eduardo Bolsonaro se conecta ao núcleo mais duro do bolsonarismo, que exige anistia ampla, geral e irrestrita para investigados em inquéritos sobre Fake News e atos antidemocráticos.
A estratégia de confronto direto
O uso de insultos pessoais contra Alexandre de Moraes não é apenas desabafo. É estratégia. Eduardo Bolsonaro não apenas critica decisões judiciais – ele tenta deslegitimar o ministro como figura pública. Ao chamá-lo de “frouxo” e acusá-lo de medo, ele busca mobilizar sua base com uma narrativa de enfrentamento.
Além disso, Eduardo levanta a ideia de que Moraes deveria incluir o presidente Donald Trump no inquérito das Fake News. O argumento é claramente irônico e serve para pintar o STF como seletivo e politicamente motivado. É um recurso retórico: se até Trump fala em “caça às bruxas”, por que não investigá-lo?
Essa linha de ataque, porém, ignora as diferenças fundamentais entre o contexto político americano e o brasileiro – mas a precisão factual nunca foi o objetivo. O que importa é reforçar a percepção de perseguição e criar indignação na base bolsonarista.
Jair Bolsonaro e o discurso de vítima
Em paralelo, Jair Bolsonaro manteve o tom de estadista perseguido. Em sua nota, culpou o atual governo e o Judiciário pelo “afastamento do Brasil dos seus compromissos históricos com a liberdade”. Disse que “isso jamais teria acontecido” sob seu governo e que o país caminha para o “isolamento e a vergonha internacional”.
O ex-presidente se coloca como voz responsável e patriótica, enquanto alimenta a tese de que há uma “caça às bruxas” em curso. Para ele, não há nada de errado na escalada de tensão com o Judiciário: é apenas reação contra abusos e censura.
O risco calculado
O movimento de Eduardo Bolsonaro – ainda mais explícito – parece calibrado para pressionar o Congresso a votar alguma forma de anistia. Ao pedir que “ajam rápido”, ele sinaliza que o tempo está acabando para uma solução política que livre aliados (e a si mesmo) de investigações.
Mas é uma aposta arriscada. Cada ataque ao STF reforça a disposição do Judiciário de não ceder. Alexandre de Moraes não dá sinais de que recuará, mesmo com as ameaças de retaliação internacional. A aprovação de uma anistia ampla também não encontra hoje consenso político suficiente no Congresso.
A radicalização como ativo político
Na prática, Eduardo Bolsonaro e o núcleo duro do bolsonarismo transformaram o confronto com o STF em ativo político. Não há mais freio. O objetivo é manter a militância mobilizada, mesmo que isso agrave a crise institucional.
Para o Brasil, porém, o custo é alto. A retórica de enfrentamento permanente corrói a confiança nas instituições, dificulta qualquer diálogo e aprofunda a polarização. A pergunta que fica é: há retorno possível ou o país seguirá escalando esse conflito até o limite?
A pergunta que não quer calar
Eduardo Bolsonaro e Jair Bolsonaro estão prontos para arcar com o preço de afrontar o STF?
CEO do Portal Fala News, Jornalista pela UNIFG, licenciado em Letras PT/ES pela FAESC, formado em psicanálise pela ABEPE, pós-graduado em linguística aplicada as línguas portuguesa e espanhola pela FAESC, e MBA em Marketing Digital e Mídias Sociais pela UniNassau. Analista de política e economia, colunista sobre psicanálise, amante dos livros e dedicado a levar informação com transparência e credibilidade.