Acordo entre União Europeia e Trump impõe tarifa de 15% a produtos europeus; medida visa evitar sanções maiores e prevê investimentos bilionários nos EUA.

Os Estados Unidos e a União Europeia anunciaram neste domingo (27) um acordo comercial que estabelece uma tarifa de 15% sobre produtos europeus para acesso ao mercado americano. A medida, confirmada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, e pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, ocorre após semanas de negociações tensas sobre uma nova política tarifária norte-americana.
A alíquota de 15% representa o piso da tabela divulgada na última semana pela Casa Branca e está em linha com o percentual aplicado ao Japão. O valor, no entanto, é superior aos 10% inicialmente anunciados em abril, mas consideravelmente menor que os 30% ameaçados por Trump em discursos recentes.
Detalhes do acordo comercial
Além da tarifa sobre produtos exportados pela União Europeia, o pacto prevê compromissos bilionários do bloco europeu com os Estados Unidos:
- US$ 750 bilhões em compras adicionais de produtos do setor de energia norte-americano;
- US$ 600 bilhões em investimentos diretos nos EUA;
- Aquisição de equipamentos militares norte-americanos no valor de centenas de bilhões de dólares, segundo Trump.
“Eu acho que chegamos exatamente ao ponto que queríamos”, afirmou Ursula von der Leyen após reunião com Trump na Escócia. A presidente da Comissão Europeia classificou o acordo como “um passo estratégico para garantir estabilidade econômica entre os dois lados do Atlântico”.
Reações divididas no bloco europeu
Apesar da comemoração oficial, o acordo gerou críticas em algumas capitais da Europa. O primeiro-ministro francês, François Bayrou, expressou insatisfação com os termos:
“A União Europeia se resignou à submissão”, declarou em entrevista à imprensa francesa, alertando para o risco de enfraquecimento da autonomia econômica do bloco.
Parlamentares de partidos eurocéticos e conservadores também se posicionaram contra o tratado. Alice Weidel, líder do partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD), afirmou que “a UE capitulou diante de interesses militares e econômicos norte-americanos”.
Impactos econômicos e geopolíticos
Especialistas avaliam que o acordo pode reduzir tensões comerciais a curto prazo, mas levanta questionamentos sobre a dependência europeia dos Estados Unidos em setores estratégicos como energia e defesa.
Segundo análise do Center for Strategic and International Studies (CSIS), o pacto pode beneficiar o setor energético dos EUA, mas comprometer negociações comerciais futuras do bloco europeu com outras potências, como a China.
Além disso, o peso da tarifa de 15% poderá ser repassado ao consumidor europeu, elevando o custo de produtos importados dos EUA, como tecnologia e maquinário.
Pontos-chave do acordo entre EUA e UE:
- Tarifa de 15% sobre todos os produtos europeus exportados para os EUA;
- Compromissos europeus de investimento e compras nos setores de energia e defesa norte-americanos;
- Apoio da Comissão Europeia, mas resistência de líderes nacionais e partidos contrários à centralização econômica;
- Riscos de desequilíbrio geopolítico e maior dependência comercial dos EUA.
O novo acordo comercial entre Estados Unidos e União Europeia representa uma tentativa de estabilizar relações comerciais sob a nova política tarifária americana. Embora elogiado por autoridades da Comissão Europeia, o pacto também gerou críticas significativas dentro do bloco, apontando para uma divisão política interna sobre a condução da política externa e econômica da UE. O impacto real só poderá ser medido nos próximos meses, à medida que as tarifas entrarem em vigor e os investimentos forem operacionalizados.
CEO do Portal Fala News, Jornalista pela UNIFG, licenciado em Letras PT/ES pela FAESC, formado em psicanálise pela ABEPE, pós-graduado em linguística aplicada as línguas portuguesa e espanhola pela FAESC, e MBA em Marketing Digital e Mídias Sociais pela UniNassau. Analista de política e economia, colunista sobre psicanálise, amante dos livros e dedicado a levar informação com transparência e credibilidade.