quinta-feira, novembro 21

Reforma Tributária tem alterações de última hora no Projeto de Lei

Mudanças de última hora no projeto de lei complementar refletem complexidade da reforma tributária.

Haddad diz que imposto reduzido para remédios elevará alíquota total na reforma tributária Foto Rovena Rosa
Haddad diz que imposto reduzido para remédios elevará alíquota total na reforma tributária Foto: Rovena Rosa

A inclusão de mais medicamentos na lista de produtos com imposto reduzido em 60% elevará a alíquota do futuro Imposto sobre Valor Adicionado (IVA), informou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Ele comentou as mudanças de última hora no relatório do projeto de lei complementar que regulamenta a reforma tributária, a ser votado na Câmara dos Deputados.

Medicamentos e Cashback: Novas Inclusões no Relatório

Haddad revelou que foi informado apenas na manhã desta quarta-feira das mudanças acatadas pelo deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), um dos relatores do texto na Câmara. Essas mudanças aumentaram a lista de medicamentos com redução de imposto e ampliaram o cashback, mecanismo de devolução de impostos para pessoas mais pobres, sobre as contas de luz, água e esgoto.

“Não podemos inverter a lógica da reforma. A lógica é manter a carga tributária. Quanto menor o número de exceções, menor a alíquota. Quanto maior o número de exceções, maior a alíquota. Mas a carga tributária não vai se alterar. Em qualquer hipótese, ela é a mesma”, afirmou Haddad.

Carne Fora da Cesta Básica: Impacto na Alíquota do IVA

O relatório manteve as carnes fora da cesta básica nacional, que terá alíquota zero. Contudo, a oposição e a minoria se articulam para incluir uma emenda que insira as proteínas animais na cesta básica.

“A alíquota padrão pode aumentar. A cada exceção, um cálculo é necessário. Por isso, o posicionamento da Fazenda é que quanto menos exceções, melhor. Os deputados têm suas demandas, ouvem a sociedade e setores. Então, é natural que haja esse tipo de flexibilização”, acrescentou o ministro, enfatizando que a posição da equipe econômica não mudou desde o início da reforma tributária.

A inclusão das carnes na cesta básica aumentará a alíquota geral do IVA em 0,53 ponto percentual, de 26,5% para 27,03%, segundo a Receita Federal. A estimativa é um pouco inferior à do Banco Mundial, que calcula impacto de 0,57 ponto percentual no IVA. Caso o Congresso inclua a carne na lista de exceções, o Brasil terá a maior alíquota do mundo de IVA, superando a Hungria, que tem uma alíquota de 27%.

Mudanças no Tratamento de Medicamentos e Cashback

Quanto aos medicamentos, o texto original do governo previa uma lista de 343 princípios ativos com isenção de imposto e 850 com alíquota reduzida para 40% do valor total, pagando 10,6% de IVA, em vez de 26,5%. O texto que vai a votação ampliou a lista de alíquotas reduzidas para todos os medicamentos com registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e os medicamentos produzidos em farmácia de manipulação.

O cashback também foi ampliado. O texto original previa a devolução de 100% da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS, tributo federal) e 20% do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS, imposto estadual e municipal) na compra de gás; 50% da CBS e 20% do IBS no pagamento das contas de luz, de água e esgoto; e 20% da CBS e do IBS sobre os demais produtos. A nova versão eleva de 50% para 100% a devolução da CBS sobre as contas de energia elétrica, água, esgoto e gás natural.

Implicações para a Reforma Tributária

Em suma, as mudanças de última hora no relatório do projeto de lei complementar que regulamenta a reforma tributária refletem a complexidade do processo legislativo. A ampliação das listas de exceções e do cashback pode aumentar a alíquota do IVA, mas, segundo Haddad, a carga tributária total não será alterada.

Essas alterações destacam as negociações e flexibilizações que ocorrem na tramitação de uma reforma de grande impacto, pois envolvem diversos setores e interesses da sociedade. Enquanto a reforma avança na Câmara dos Deputados, a inclusão de exceções e o ajuste das alíquotas continuam a ser pontos de debate central.

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