Doações de R$ 300 mil e R$ 200 mil ao Republicanos ocorrem próximas à eleição de Hugo Motta para a Câmara.

O Republicanos, partido do deputado paraibano Hugo Motta, registrou doações privadas consideráveis no início de 2025, quando Motta já aparecia como favorito para assumir a presidência da Câmara dos Deputados. Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram ao menos duas transferências de valor elevado ao diretório nacional do partido, somando meio milhão de reais.
Doações ocorreram em meio à eleição para a Câmara
O advogado mineiro Lauro José Bracarense Filho doou R$ 300 mil em 9 de janeiro de 2025. Naquela data, aliados já apontavam Motta como virtual presidente da Câmara. A eleição em 1º de fevereiro confirmou seu nome.
Bracarense Filho tem histórico de atuação em causas no Supremo Tribunal Federal (STF), em processos de interesse de grandes empresas como Oi e Samarco. Nas eleições municipais de 2024, ele figurou como doador relevante para ao menos 28 candidaturas em diferentes estados, de acordo com dados públicos do TSE. Seu maior aporte individual em 2024 foi de R$ 300 mil para Dinis Pinheiro (Republicanos), eleito prefeito de Ibirité (MG).
Outra doação de R$ 200 mil veio após a eleição
A segunda maior doação ao Republicanos em 2025 foi feita por Carlos Geo Quick, empresário conhecido por suas frequentes contribuições eleitorais. Ele transferiu R$ 200 mil em 10 de fevereiro, dias depois da vitória de Hugo Motta para o comando da Câmara.
Quick também aparece como doador relevante no pleito municipal anterior. Em 2024, ele contribuiu com R$ 200 mil para a campanha de Fuad Noman (PSD), reeleito prefeito de Belo Horizonte, além de R$ 20 mil para Lucas Gonzalez (Novo), ex-deputado federal que tentou se reeleger sem sucesso.
Transparência e legalidade
O Republicanos registrou as doações no sistema de prestação de contas do TSE, mantendo os valores dentro dos limites legais para transferências partidárias. Especialistas em direito eleitoral lembram que a lei nº 9.096/1995 (Lei dos Partidos Políticos) permite doações de pessoas físicas para partidos e exige transparência e prestação pública das contas.
“O registro no TSE garante que qualquer cidadão possa consultar valores, datas e doadores, fortalecendo a fiscalização social”, explica o advogado eleitoral André Ramos Tavares, professor de Direito Constitucional da USP.
No entanto, analistas políticos destacam que o volume elevado de doações em datas próximas à eleição para a presidência da Câmara pode gerar questionamentos sobre influência política, ainda que não haja ilegalidade comprovada.
Contexto político
Hugo Motta (Republicanos-PB) construiu nos últimos anos uma base sólida no Congresso e obteve o apoio de diversas bancadas temáticas para garantir sua vitória. Articulações antecipadas e acordos partidários consolidaram o Republicanos como força relevante na Câmara e garantiram a eleição de Hugo Motta.
Partidos rivais reconhecem o direito do Republicanos de arrecadar recursos, mas alertam que é preciso monitorar o financiamento político para evitar trocas de favores ou pressões indevidas.
O que dizem as partes
Até o momento, nem o diretório nacional do Republicanos nem os doadores citados se pronunciaram oficialmente sobre as motivações específicas das transferências em 2025. Os dados disponíveis são os constantes no sistema público do TSE (acesse aqui).
Procurado, o TSE informou que todas as doações registradas seguem os critérios legais e que eventuais investigações ou auditorias adicionais podem ser realizadas caso surjam indícios de irregularidade.
CEO do Portal Fala News, Jornalista pela UNIFG, licenciado em Letras PT/ES pela FAESC, formado em psicanálise pela ABEPE, pós-graduado em linguística aplicada as línguas portuguesa e espanhola pela FAESC, e MBA em Marketing Digital e Mídias Sociais pela UniNassau. Analista de política e economia, colunista sobre psicanálise, amante dos livros e dedicado a levar informação com transparência e credibilidade.