Vereador de extrema-direita Eduardo Moura abandona debate real e investe em brigas calculadas para gerar engajamento nas redes.

O vereador Eduardo Moura (Novo) protagonizou mais uma cena de confronto na Câmara do Recife, desta vez durante a votação do Projeto de Lei nº 17/2025. Mas, no fundo, nada disso surpreende quem acompanha sua trajetória: Moura parece disposto a transformar qualquer pauta pública em um palco pessoal para ganhar likes, curtidas e engajamento nas redes sociais.
Estratégia calculada para gerar polêmica
Em maio, ele já havia gerado repercussão ao arrancar uma faixa com os dizeres “Por uma educação antirracista” de uma escola municipal. Um gesto simbólico que serviu pouco à discussão sobre a educação, mas muito à sua imagem entre apoiadores mais radicais. Foi um ato performático, planejado para irritar, dividir e viralizar.
Na sessão desta segunda-feira (30), ele repetiu a fórmula. Durante protestos legítimos dos professores contra o art. 86 do PL 17/2025, Moura subiu o tom ao ser chamado de racista e fascista. Em vez de argumentar ou dialogar, ameaçou dar voz de prisão a sindicalistas e tentou avançar até a galeria para confrontar professores. Resultado: mais confusão, mais manchetes — e mais conteúdo para as redes sociais.
Populismo de rede esvazia o debate real
Enquanto Moura encenava o papel de vítima, a votação seguiu. O projeto foi aprovado sem alterações, inclusive sem as emendas que ele mesmo pretendia apresentar. Abandonou o plenário para ir à delegacia registrar boletim de ocorrência. Para quem diz defender o orçamento da educação, foi no mínimo incoerente sair antes de garantir qualquer alteração no texto.
Em vez de fiscalizar, propor ou melhorar a lei — o trabalho real de um vereador — Moura escolheu priorizar a polêmica. Afinal, nada rende mais likes do que um inimigo escolhido a dedo: sindicatos, professores, a pauta antirracista. Esse é o combustível perfeito para vídeos indignados, posts inflamados e legendas em caixa alta.
Política não é palco para likes
O Recife precisa de vereadores comprometidos com o diálogo, mesmo quando há divergências. É papel de um parlamentar: ouvir críticas, respeitar o direito de protesto, negociar em nome do interesse público. Moura, ao contrário, se mostra mais interessado em cultivar seguidores do que em construir soluções.
É legítimo discordar de sindicatos. É democrático debater pautas sensíveis. Mas transformar a tribuna em ringue e os protestos em material de campanha digital é empobrecer o debate e desrespeitar quem estava ali para defender melhores salários e condições de trabalho.
Eduardo Moura prefere o espetáculo ao resultado. Opta pela lacração ao invés da legislação. E, enquanto isso, o que poderia ser uma discussão séria sobre o uso dos recursos do Fundef vira apenas mais um episódio de populismo digital. Moura parece ter decidido que vale tudo por um like — mesmo que isso custe o respeito ao parlamento e aos profissionais da educação.
A pergunta que não quer calar: até que ponto um vereador deve priorizar o embate midiático e a autopromoção nas redes sociais em vez de construir diálogo e soluções reais para os problemas da cidade?
CEO do Portal Fala News, Jornalista pela UNIFG, licenciado em Letras PT/ES pela FAESC, formado em psicanálise pela ABEPE, pós-graduado em linguística aplicada as línguas portuguesa e espanhola pela FAESC, e MBA em Marketing Digital e Mídias Sociais pela UniNassau. Analista de política e economia, colunista sobre psicanálise, amante dos livros e dedicado a levar informação com transparência e credibilidade.