sexta-feira, junho 13

Gilson Machado é preso em Recife por suspeita de obstrução

A Polícia Federal prendeu o ex-ministro do Turismo Gilson Machado em Recife. A Procuradoria-Geral da República o acusa de tentar obstruir investigações sobre organização criminosa e favorecimento pessoal.

Gilson Machado preso por ajudar Mauro Cid a sair do país
Gilson Machado preso por ajudar Mauro Cid a sair do país. Foto: Divulgação

A Polícia Federal prendeu, nesta sexta-feira (13), em Recife (PE), o ex-ministro do Turismo e aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro, Gilson Machado. A detenção ocorre após a Procuradoria-Geral da República (PGR) pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de um inquérito por suposta obstrução de investigação de organização criminosa e favorecimento pessoal.

A solicitação foi feita pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, com base em informações da Polícia Federal (PF). De acordo com a PF, Machado teria atuado para ajudar o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, a deixar o país.

Suspeita gira em torno de pedido de passaporte a Cid

Segundo a investigação, em 12 de maio, Gilson Machado tentou viabilizar a emissão de um passaporte português para Mauro Cid junto ao Consulado de Portugal em Recife. A medida, segundo os investigadores, visava permitir a saída de Cid do Brasil em meio às investigações sobre tentativa de golpe de Estado.

Embora o pedido não tenha tido êxito, a PGR considera a tentativa um indício de obstrução da Justiça. A polícia também considera possível que Machado possa buscar alternativas junto a outras representações diplomáticas estrangeiras.

Campanha de doações no Instagram também é investigada

Outro ponto que chamou a atenção das autoridades foi uma campanha promovida por Gilson Machado em seu perfil no Instagram, voltada à arrecadação de doações financeiras para o ex-presidente Jair Bolsonaro. A PGR ainda não apontou crime diretamente nesse ato, mas incluiu a ação no conjunto de comportamentos a serem investigados.

O que pede a PGR ao STF

No documento encaminhado ao ministro Alexandre de Moraes, relator dos inquéritos sobre os atos antidemocráticos, Paulo Gonet solicita:

  • Abertura formal de inquérito contra Gilson Machado;
  • Autorização para mandados de busca e apreensão;
  • Apreensão de documentos, mídias, anotações, aparelhos eletrônicos e outros dados que possam esclarecer os fatos.

A PGR defende que as medidas são essenciais para o avanço das investigações e que há risco de continuidade de ações com potencial de prejudicar os processos em curso sobre tentativa de golpe.

Defesa de Machado ainda não se pronunciou

Até a última atualização desta reportagem, a defesa de Gilson Machado não havia se manifestado publicamente sobre a prisão ou sobre os fatos apontados pela Polícia Federal e pelo Ministério Público.

A equipe de reportagem entrou em contato com os advogados do ex-ministro e aguarda retorno. O espaço segue aberto para manifestações.

Histórico e contexto político

Gilson Machado foi ministro do Turismo durante o governo Bolsonaro e chegou a presidir a Embratur (Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo). É conhecido por sua atuação combativa nas redes sociais em defesa do ex-presidente.

Mauro Cid, por sua vez, é uma das figuras centrais nas investigações que envolvem tentativa de golpe, fraude em cartões de vacina, e possível manipulação de informações do Exército. Cid firmou acordo de delação premiada com a PF em 2023.

O que está em jogo:

  • A credibilidade do processo judicial em curso sobre as tentativas de subversão democrática;
  • O possível envolvimento de ex-integrantes do governo Bolsonaro em ações que tentem prejudicar investigações;
  • O uso de redes sociais e conexões diplomáticas como ferramentas políticas e, possivelmente, judiciais.

A prisão de Gilson Machado marca um novo capítulo nas investigações que envolvem aliados próximos do ex-presidente Bolsonaro. As suspeitas de obstrução, se confirmadas, podem gerar desdobramentos jurídicos relevantes, inclusive com impacto sobre outras figuras da antiga cúpula do governo.

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