sábado, agosto 16

CPI contra Raquel Lyra tem digitais política do PSB

Abertura de CPI contra Raquel Lyra na Alepe é vista como manobra política do PSB para enfraquecer o governo e lançar João Campos em 2026

Pedido de CPI na Alepe expõe ofensiva política do PSB, que quer emplacar João Campos no governo de Pernambuco em 2026
Pedido de CPI na Alepe expõe ofensiva política do PSB, que quer emplacar João Campos no governo de Pernambuco em 2026. Foto: Roberto Soares

A abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) para investigar um contrato de publicidade de R$ 1,2 bilhão do governo estadual revela muito mais do que uma suposta preocupação com a gestão de recursos públicos. Trata-se, na prática, de um movimento político articulado, com claras digitais do PSB, interessado em retomar o comando do Estado em 2026 com a candidatura de João Campos.

A CPI como instrumento de desgaste político

O pedido da CPI foi protocolado pela deputada Dani Portela (PSOL), mas contou com apoio de 18 parlamentares, entre eles o presidente da Alepe, Álvaro Porto (PSDB). Apesar do discurso de transparência, o contexto em que a CPI surge, no mesmo dia da retomada dos trabalhos legislativos, levanta questionamentos legítimos sobre o real objetivo da ação.

Durante 16 anos, o PSB governou Pernambuco sem sofrer esse mesmo grau de vigilância em contratos de grande vulto. Por que agora, quando uma mulher, fora do campo socialista, ocupa o Palácio do Campo das Princesas, surge tanta disposição em investigar?

Raquel Lyra rompe com o sistema anterior

Desde que assumiu o governo, Raquel Lyra (PSD) enfrentou obstáculos deixados por gestões anteriores. Herdou um Estado com passivos estruturais, gargalos sociais e serviços essenciais em colapso. Apesar disso, tem buscado reestruturar as políticas públicas com base em planejamento e responsabilidade fiscal.

A governadora também rompeu com o modelo concentrado de poder que marcou os governos do PSB, o que naturalmente gerou reações. A CPI surge, portanto, como mais uma tentativa de barrar o avanço de uma gestão que representa ruptura com o status quo.

Resposta da governadora: firmeza e serenidade

Em pronunciamento nas redes sociais, Raquel Lyra reagiu com tranquilidade. Sem atacar diretamente seus opositores, preferiu reafirmar seu compromisso com o serviço público:

“Dificuldades não me colocam medo. Elas me fazem ter a consciência de que a gente precisa trabalhar mais e se afastar dos que apontam erros ou criam narrativas, pensando nas próximas eleições.”

A postura contrasta com o tom beligerante da oposição, que parece mais interessada em antecipar a campanha eleitoral do que em fiscalizar de fato.

João Campos e o projeto de poder do PSB

O prefeito do Recife, João Campos (PSB), é o nome mais cotado dentro do seu partido para disputar o governo de Pernambuco em 2026. A CPI, nesse sentido, pode ser vista como um passo tático: desgastar a principal adversária para pavimentar o retorno do PSB ao Executivo estadual.

É legítimo que João Campos queira crescer politicamente. O que é inaceitável é o uso de instrumentos institucionais — como uma CPI — como ferramenta eleitoral precoce, em vez de instrumento republicano de apuração imparcial.

Fiscalização ou perseguição?

A população pernambucana é consciente e tem condições de separar o que é fiscalização responsável do que é jogo político disfarçado. Questionar gastos públicos é parte da democracia. Mas utilizar CPIs como palanques eleitorais é desvirtuar a função do parlamento.

A governadora tem o direito — e o dever — de governar. O PSB, se deseja voltar ao poder, que o faça com propostas, não com manobras nos bastidores da Alepe.

A CPI aberta na Alepe não é um esforço isolado de controle público. É, sobretudo, uma peça estratégica de um tabuleiro político já voltado para 2026. Raquel Lyra, que governa com serenidade e firmeza, terá pela frente não apenas a missão de administrar um Estado complexo, mas de resistir a uma ofensiva coordenada por aqueles que se julgam donos do poder em Pernambuco.

Se João Campos quer ser governador, que dispute nas urnas — e não nos bastidores do Legislativo.

A pergunta que não quer calar: Esta CPI trata-se de uma apuração legítima ou de uma manobra para pavimentar o retorno do PSB ao governo de Pernambuco, usando a Assembleia como palco eleitoral antecipado?

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