Abertura de CPI contra Raquel Lyra na Alepe é vista como manobra política do PSB para enfraquecer o governo e lançar João Campos em 2026

A abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) para investigar um contrato de publicidade de R$ 1,2 bilhão do governo estadual revela muito mais do que uma suposta preocupação com a gestão de recursos públicos. Trata-se, na prática, de um movimento político articulado, com claras digitais do PSB, interessado em retomar o comando do Estado em 2026 com a candidatura de João Campos.
A CPI como instrumento de desgaste político
O pedido da CPI foi protocolado pela deputada Dani Portela (PSOL), mas contou com apoio de 18 parlamentares, entre eles o presidente da Alepe, Álvaro Porto (PSDB). Apesar do discurso de transparência, o contexto em que a CPI surge, no mesmo dia da retomada dos trabalhos legislativos, levanta questionamentos legítimos sobre o real objetivo da ação.
Durante 16 anos, o PSB governou Pernambuco sem sofrer esse mesmo grau de vigilância em contratos de grande vulto. Por que agora, quando uma mulher, fora do campo socialista, ocupa o Palácio do Campo das Princesas, surge tanta disposição em investigar?
Raquel Lyra rompe com o sistema anterior
Desde que assumiu o governo, Raquel Lyra (PSD) enfrentou obstáculos deixados por gestões anteriores. Herdou um Estado com passivos estruturais, gargalos sociais e serviços essenciais em colapso. Apesar disso, tem buscado reestruturar as políticas públicas com base em planejamento e responsabilidade fiscal.
A governadora também rompeu com o modelo concentrado de poder que marcou os governos do PSB, o que naturalmente gerou reações. A CPI surge, portanto, como mais uma tentativa de barrar o avanço de uma gestão que representa ruptura com o status quo.
Resposta da governadora: firmeza e serenidade
Em pronunciamento nas redes sociais, Raquel Lyra reagiu com tranquilidade. Sem atacar diretamente seus opositores, preferiu reafirmar seu compromisso com o serviço público:
“Dificuldades não me colocam medo. Elas me fazem ter a consciência de que a gente precisa trabalhar mais e se afastar dos que apontam erros ou criam narrativas, pensando nas próximas eleições.”
A postura contrasta com o tom beligerante da oposição, que parece mais interessada em antecipar a campanha eleitoral do que em fiscalizar de fato.
João Campos e o projeto de poder do PSB
O prefeito do Recife, João Campos (PSB), é o nome mais cotado dentro do seu partido para disputar o governo de Pernambuco em 2026. A CPI, nesse sentido, pode ser vista como um passo tático: desgastar a principal adversária para pavimentar o retorno do PSB ao Executivo estadual.
É legítimo que João Campos queira crescer politicamente. O que é inaceitável é o uso de instrumentos institucionais — como uma CPI — como ferramenta eleitoral precoce, em vez de instrumento republicano de apuração imparcial.
Fiscalização ou perseguição?
A população pernambucana é consciente e tem condições de separar o que é fiscalização responsável do que é jogo político disfarçado. Questionar gastos públicos é parte da democracia. Mas utilizar CPIs como palanques eleitorais é desvirtuar a função do parlamento.
A governadora tem o direito — e o dever — de governar. O PSB, se deseja voltar ao poder, que o faça com propostas, não com manobras nos bastidores da Alepe.
A CPI aberta na Alepe não é um esforço isolado de controle público. É, sobretudo, uma peça estratégica de um tabuleiro político já voltado para 2026. Raquel Lyra, que governa com serenidade e firmeza, terá pela frente não apenas a missão de administrar um Estado complexo, mas de resistir a uma ofensiva coordenada por aqueles que se julgam donos do poder em Pernambuco.
Se João Campos quer ser governador, que dispute nas urnas — e não nos bastidores do Legislativo.
A pergunta que não quer calar: Esta CPI trata-se de uma apuração legítima ou de uma manobra para pavimentar o retorno do PSB ao governo de Pernambuco, usando a Assembleia como palco eleitoral antecipado?
CEO do Portal Fala News, Jornalista pela UNIFG, licenciado em Letras PT/ES pela FAESC, formado em psicanálise pela ABEPE, pós-graduado em linguística aplicada as línguas portuguesa e espanhola pela FAESC, e MBA em Marketing Digital e Mídias Sociais pela UniNassau. Analista de política e economia, colunista sobre psicanálise, amante dos livros e dedicado a levar informação com transparência e credibilidade.