Partidos aliados migram para base de Raquel Lyra e cenário eleitoral se complica para o PSB.

O prefeito do Recife, João Campos (PSB), foi calorosamente ovacionado por seus apoiadores durante o congresso estadual do Partido Socialista Brasileiro (PSB), realizado no último sábado (05/04), na capital pernambucana. No evento, os líderes do PSB apresentaram amplamente João Campos como o principal pré-candidato ao governo de Pernambuco nas eleições de 2026. No entanto, mesmo com sua força política e popularidade, o cenário ao redor dele revela divisões e a perda de apoios dentro da Frente Popular de Pernambuco, coalizão que o PSB lidera.
Nos bastidores, partidos estratégicos têm migrado para a base da governadora Raquel Lyra (PSD), que pretende disputar a reeleição. Um dos exemplos mais notórios é o Avante, comandado pelos irmãos Sebastião Oliveira e Waldemar Oliveira. Este último, deputado federal, deixou recentemente o governo municipal do Recife para integrar a equipe da gestão estadual, consolidando o apoio do partido ao projeto de continuidade da governadora.
Divisões no PT e no MDB complicam articulações do PSB
Outro sinal de enfraquecimento da Frente Popular é a instabilidade no MDB. Embora historicamente aliado ao PSB, o partido vive um racha interno. Lideranças como o deputado estadual Jarbas Filho e o senador Fernando Dueire romperam com Raul Henry e articulam nos bastidores para que o MDB declare apoio à reeleição de Raquel Lyra em 2026.
A divisão também atinge o Partido dos Trabalhadores (PT). Figuras influentes da legenda, como o ex-prefeito do Recife e deputado estadual João Paulo, manifestam abertamente a preferência por um alinhamento com Raquel. Já o deputado estadual e presidente do PT em Pernambuco, Doriel Barros, adota postura mais discreta, enquanto o senador Humberto Costa, presidente nacional do partido e pré-candidato à reeleição, ainda não declarou apoio, mas afirma estar aberto ao diálogo com todos os campos políticos. No momento, João Campos conta apenas com o apoio explícito da senadora petista Teresa Leitão dentro da legenda.
Entre os aliados confirmados ao projeto de João Campos para 2026, estão o Republicanos, liderado em Pernambuco pelo ministro Silvio Costa Filho, pré-candidato ao Senado, e o Solidariedade, da ex-deputada federal Marília Arraes, que também planeja disputar uma vaga no Senado Federal.
Alianças políticas em Pernambuco se reconfiguram para 2026
O cenário do União Brasil também aponta para um possível apoio à governadora Raquel Lyra. O partido, presidido no estado pelo ex-prefeito de Petrolina, Miguel Coelho, pode ser impactado pela federação que está em vias de ser oficializada entre União Brasil e Progressistas (PP). Essa nova aliança seria liderada, em Pernambuco, pelo deputado federal e presidente estadual do PP, Eduardo da Fonte, que almeja uma das duas vagas ao Senado em 2026. Essa configuração pode frustrar os planos de Miguel Coelho de disputar o Senado e, ao mesmo tempo, dificultar o apoio do União Brasil ao PSB.
Já o PSDB enfrenta uma profunda crise de representatividade. Após intervenção da executiva nacional, o partido passou a ser controlado pelo presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), deputado Álvaro Porto. No entanto, com a perda de todos os prefeitos e vice-prefeitos após a saída da base governista, a legenda encontra-se esvaziada. Embora Porto sinalize apoio ao projeto de João Campos e prometa reestruturar o partido até 2026, sua influência política está significativamente reduzida.
Com um tabuleiro político em transformação, João Campos se apresenta como um nome competitivo na disputa pelo Palácio do Campo das Princesas, mas enfrenta o desafio de reconstruir alianças e consolidar uma base forte o suficiente para enfrentar a governadora Raquel Lyra, que vem ampliando seu arco de apoio e consolidando sua liderança rumo à reeleição.
Pergunta que não quer calar:
João Campos terá força política suficiente para enfrentar Raquel Lyra em 2026, mesmo com o esvaziamento da Frente Popular?
CEO do Portal Fala News, Jornalista pela UNIFG, licenciado em Letras PT/ES pela FAESC, formado em psicanálise pela ABEPE, pós-graduado em linguística aplicada as línguas portuguesa e espanhola pela FAESC, e MBA em Marketing Digital e Mídias Sociais pela UniNassau. Analista de política e economia, colunista sobre psicanálise, amante dos livros e dedicado a levar informação com transparência e credibilidade.