terça-feira, julho 8

Boletim Focus revisa inflação oficial para 5,18% em 2025

O mercado financeiro revisa a previsão da inflação para 5,18% em 2025, marcando sexta redução seguida, segundo o Boletim Focus do Banco Central.

Economia brasileira cresce, mas inflação oficial e juros permanecem em níveis elevados neste ano.
Economia brasileira cresce, mas inflação oficial e juros permanecem em níveis elevados neste ano. Foto: Marcello Casal Jr / Agencia Brasil / Flipar

A estimativa do mercado financeiro para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, recuou pela sexta vez consecutiva. Segundo o Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira (7) pelo Banco Central (BC), a projeção para 2025 passou de 5,2% para 5,18%.

O Boletim Focus é uma pesquisa semanal com mais de 100 instituições financeiras, reunindo as expectativas para indicadores como inflação, PIB, câmbio e juros. As projeções são acompanhadas de perto por economistas, empresários e governos como termômetro das expectativas do mercado.

Inflação segue acima da meta

A meta de inflação para 2025, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), é de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Assim, o limite superior é 4,5% — abaixo da previsão atual de 5,18%.

Em maio, o IPCA oficial divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) fechou em 0,26%, mostrando desaceleração frente aos 0,43% de abril. No acumulado de 2025 até maio, a inflação soma 2,75%, enquanto em 12 meses está em 5,32%.

Segundo analistas, embora o índice venha desacelerando nos últimos meses, as pressões sobre alimentos, combustíveis e serviços ainda representam desafios para o controle da inflação.

Saiba mais sobre o IPCA no site do IBGE

Projeções para os próximos anos

De acordo com o Focus, as estimativas para a inflação nos próximos anos são:

  • 2026: 4,5% (no limite da meta)
  • 2027: 4%
  • 2028: 3,8%

Essas projeções indicam expectativa de convergência gradual para o centro da meta de 3% definida pelo CMN.

Juros básicos: Selic segue em 15% ao ano

Para cumprir a meta de inflação, o Banco Central utiliza como principal ferramenta a taxa básica de juros (Selic), atualmente em 15% ao ano. Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), houve um aumento de 0,25 ponto percentual, marcando o sétimo ajuste seguido.

Em ata, o Copom sinalizou a intenção de manter a Selic nesse patamar nas próximas reuniões, observando os efeitos do ciclo de aperto monetário. Porém, não descartou novos aumentos caso a inflação volte a acelerar.

Por que os juros são importantes?

  • Juros mais altos encarecem o crédito e reduzem o consumo, o que ajuda a conter a inflação.
  • Taxas elevadas também incentivam a poupança.
  • Em contrapartida, juros altos podem frear o crescimento econômico.

Os bancos, porém, não definem o custo do crédito apenas com base na Selic. Fatores como risco de inadimplência, despesas administrativas e margens de lucro influenciam as taxas cobradas dos consumidores.

Projeções para a Selic

  • Final de 2025: 15% ao ano
  • Final de 2026: 12,5% ao ano
  • 2027: 10,5% ao ano
  • 2028: 10% ao ano

Essas estimativas refletem expectativa de um ciclo gradual de queda dos juros, em linha com o esperado recuo da inflação.

PIB e câmbio: previsões atualizadas

Além da inflação e dos juros, o Boletim Focus também revisou as projeções para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e para a cotação do dólar:

  • PIB 2025: de 2,21% para 2,23%
  • PIB 2026: de 1,87% para 1,86%
  • PIB 2027 e 2028: 2% em ambos os anos

Em 2024, o PIB brasileiro cresceu 3,4%, impulsionado principalmente pela agropecuária no primeiro trimestre de 2025, que registrou alta de 1,4%, conforme dados do IBGE.

Cotação do dólar

  • Fim de 2025: R$ 5,70
  • Fim de 2026: R$ 5,75

Essas previsões refletem cautela com o cenário internacional, o fluxo de capitais e o ritmo de crescimento global.

Diferentes visões sobre o cenário econômico

Economistas ouvidos por veículos como Agência Brasil e Valor Econômico destacam que o recuo das projeções do IPCA indica confiança em medidas de política monetária, mas alertam para riscos fiscais e volatilidade internacional que podem pressionar os preços.

Por outro lado, setores produtivos criticam os juros elevados, que encarecem o crédito, limitam investimentos e podem frear o crescimento.

O Banco Central, por sua vez, argumenta que manter a credibilidade na meta de inflação é essencial para ancorar expectativas e garantir a estabilidade de preços.

A redução na projeção do IPCA para 5,18% em 2025 reflete o efeito do aperto monetário, mesmo com a estimativa ainda acima do teto da meta. O cenário segue desafiador, com necessidade de equilíbrio entre o controle inflacionário e o crescimento econômico. As projeções para os anos seguintes apontam para uma convergência gradual da inflação e para um possível alívio nos juros básicos, mas analistas alertam que riscos fiscais e externos ainda exigem atenção constante.

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