Com Selic a 15%, país chega a juro real de 9,53% e fica atrás apenas da Turquia; inflação segue acima da meta.

O Brasil passou a ocupar a segunda posição no ranking mundial de juros reais, atrás apenas da Turquia, após o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevar a taxa Selic para 15% ao ano, nesta quarta-feira (18).
Segundo cálculos que consideram a taxa básica de juros e a inflação projetada para os próximos 12 meses, o juro real brasileiro chegou a 9,53%. A Turquia, que lidera o ranking, registra um juro real de 15,3%, enquanto a Rússia aparece em terceiro lugar, com 7,63%.
Inflação elevada pressiona política monetária
A decisão do Banco Central foi motivada pela dificuldade em controlar a inflação. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), principal indicador de inflação do país, acumula 5,53% nos 12 meses até abril de 2025, muito acima da meta oficial de 3%.
Desde o início do atual ciclo de alta dos juros, em setembro de 2024, esta foi a sétima elevação consecutiva da Selic.
Em comunicado, o Copom afirmou:
“Para assegurar a convergência da inflação à meta em ambiente de expectativas desancoradas, exige-se uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado […]. O Comitê enfatiza que seguirá vigilante, que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em prosseguir no ciclo de ajuste caso julgue apropriado.”
Como a alta da Selic afeta a população mais pobre
O aumento da Selic tem efeitos diretos sobre o cotidiano da população, especialmente para as famílias de baixa renda. Entre os principais impactos estão:
Encarecimento do crédito
Com os juros mais altos, as linhas de crédito ao consumidor, como empréstimos pessoais, financiamentos e cartões de crédito, ficam mais caras. Isso dificulta o acesso ao crédito por parte de quem mais precisa.
Redução no consumo
O aumento das taxas de juros tende a reduzir o consumo de bens e serviços. Com menos dinheiro circulando, o comércio local e os pequenos negócios também sentem os efeitos.
Pressão sobre o emprego
A elevação dos juros pode desestimular o investimento privado, o que pode afetar a geração de empregos, especialmente em setores que dependem de crédito para financiar suas operações.
Inflação ainda elevada no curto prazo
Embora a política monetária tenha como objetivo controlar a inflação, os efeitos não são imediatos. Enquanto isso, os preços de alimentos, energia e transporte continuam pesando mais sobre o orçamento das famílias de menor renda.
Histórico: Brasil já liderou o ranking de juro real
Em 2021, durante a pandemia de Covid-19, o Brasil chegou a ter o maior juro real do mundo, com 7,75%. Agora, com a nova elevação da Selic, o país volta a figurar entre os primeiros colocados, desta vez com uma taxa real ainda mais alta.
A decisão do Banco Central reforça o compromisso com o controle da inflação, mas traz desafios adicionais para a economia e para a população mais vulnerável. Especialistas apontam que o cenário continuará exigindo atenção aos impactos sociais, principalmente nos próximos meses.
Para mais informações, acesse o site oficial do Banco Central do Brasil.
CEO do Portal Fala News, Jornalista pela UNIFG, licenciado em Letras PT/ES pela FAESC, formado em psicanálise pela ABEPE, pós-graduado em linguística aplicada as línguas portuguesa e espanhola pela FAESC, e MBA em Marketing Digital e Mídias Sociais pela UniNassau. Analista de política e economia, colunista sobre psicanálise, amante dos livros e dedicado a levar informação com transparência e credibilidade.