O TCE-PE notificou a Prefeitura do Recife após a gestão tentar converter cargos sem a realização de um concurso público específico.

O Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE-PE) recomendou a suspensão da conversão do cargo de Auxiliar de Enfermagem para Técnico de Enfermagem na Prefeitura do Recife. A decisão se baseia na inconstitucionalidade da medida, que desrespeita o princípio do concurso público estabelecido no artigo 37, inciso II, da Constituição Federal.
A Lei Municipal nº 19.340/2024 previa a mudança, mas o tribunal a questionou por contrariar a Súmula Vinculante nº 43 do Supremo Tribunal Federal (STF). Essa súmula proíbe a transformação de cargos sem a realização de um concurso público específico.
O TCE-PE publicou a recomendação no seu Diário Eletrônico, o que gerou repercussão no meio jurídico e político.
Entendimento jurídico do TCE-PE sobre a conversão de cargos
Segundo análise do Tribunal de Contas, a conversão das 416 vagas – entre cargos ocupados e vagos – fere princípios constitucionais e jurisprudência consolidada. O entendimento do órgão reforça que:
- Qualquer alteração de cargo deve ser realizada por meio de concurso público.
- A mudança fere o princípio da isonomia, pois servidores seriam promovidos sem a devida seleção pública.
- Precedentes internos do próprio TCE-PE reforçam a impossibilidade da conversão de cargos sem concurso.
Além da questão jurídica, a recomendação do tribunal alerta para riscos fiscais. A conversão pode impactar o orçamento municipal e comprometer o equilíbrio financeiro da Prefeitura do Recife.
Impacto financeiro e medidas recomendadas pelo TCE-PE
Os auditores do TCE-PE apontaram possíveis consequências da conversão de cargos:
- Aumento das despesas públicas: a reclassificação de funções pode gerar custos extras para os cofres municipais.
- Comprometimento do orçamento: sem planejamento adequado, a medida pode afetar outras áreas da administração.
- Risco de precedentes: caso a conversão seja mantida, pode abrir margem para novas alterações semelhantes.
Diante dessas preocupações, o TCE-PE recomendou à Prefeitura do Recife que realize um estudo detalhado sobre os impactos orçamentários antes de qualquer mudança.
Notificação da Prefeitura e da Câmara Municipal
O Tribunal, portanto, determinou a notificação do prefeito João Campos (PSB) e do presidente da Câmara Municipal, Romerinho Jatobá (PSB), para que tomem providências imediatas.
Além disso, a recomendação destaca a necessidade de reforçar os mecanismos de controle, a fim de evitar novas irregularidades na gestão de cargos públicos. Dessa forma, o objetivo é garantir que a administração siga os princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade e eficiência, conforme previsto no artigo 37 da Constituição.
O que diz a Prefeitura do Recife?
A reportagem, portanto, tentou contato com a assessoria de imprensa da Prefeitura do Recife para obter um posicionamento sobre a recomendação do TCE-PE. No entanto, até o momento da publicação desta matéria, não houve resposta.
Ainda assim, o espaço segue aberto para esclarecimentos.
Por outro lado, a recomendação do TCE-PE levanta um debate sobre a legalidade da conversão de cargos públicos sem concurso. Dessa maneira, a decisão final caberá à Prefeitura do Recife, que precisará avaliar os impactos da medida e garantir que qualquer alteração esteja de acordo com a legislação vigente.
Além disso, a discussão reforça a importância da transparência e do planejamento na gestão pública, especialmente em temas que envolvem despesas e impactos diretos na administração municipal.
CEO do Portal Fala News, Jornalista pela UNIFG, licenciado em Letras PT/ES pela FAESC, formado em psicanálise pela ABEPE, pós-graduado em linguística aplicada as línguas portuguesa e espanhola pela FAESC, e MBA em Marketing Digital e Mídias Sociais pela UniNassau. Analista de política e economia, colunista sobre psicanálise, amante dos livros e dedicado a levar informação com transparência e credibilidade.