sexta-feira, março 14

Silvia Waiãpi do PL perde mandato de deputada federal

Decisão do STF sobre sobras eleitorais pode mudar a composição da Câmara e impactar os planos políticos do PL.

Decisão do STF ameaça mandatos de deputadas do PL
Decisão do STF ameaça mandatos de deputadas do PL. Foto: Bruno Spada / Câmara dos Deputados

O Supremo Tribunal Federal (STF) finalizou, na última quinta-feira (13), o julgamento sobre a aplicação das chamadas “sobras eleitorais”, regra que pode modificar a composição da Câmara dos Deputados. A decisão pode resultar na perda de mandato de parlamentares eleitos em 2022 pelo Partido Liberal (PL), incluindo Silvia Waiãpi e Sonize Barbosa, ambas do Amapá.

A medida tem potencial para alterar o planejamento político do PL, que já negociava o comando de comissões estratégicas na Casa, incluindo a Comissão de Povos Originários. O partido considera a comissão relevante devido ao impacto de temas como demarcação de terras indígenas e políticas ambientais.

Como funciona a regra das sobras eleitorais?

As sobras eleitorais correspondem às vagas que o quociente eleitoral não preenche diretamente. Esse mecanismo define quais partidos ou coligações têm direito às cadeiras disponíveis. Até recentemente, a norma favorecia partidos menores, permitindo que candidatos bem votados conquistassem uma vaga mesmo sem atingir o quociente.

Por outro lado, o STF determinou que a distribuição das cadeiras deve respeitar a proporcionalidade partidária. Como resultado, essa decisão pode afetar legendas como o PL, que elegeu parlamentares com base na regra anterior.

Dessa forma, agora cabe à Justiça Eleitoral aplicar a decisão da Suprema Corte e definir se haverá mudanças na composição da Câmara. Se confirmar a perda de mandatos, então redistribuirá as cadeiras para os partidos que, segundo o novo entendimento, têm direito às vagas.

Impacto político para o PL

Nos últimos dias, o PL tem articulado a distribuição de comissões temáticas na Câmara. O presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), declarou que a legenda tem direito a escolher cinco colegiados, seguindo os critérios de proporcionalidade.

A Comissão de Povos Originários, que na legislatura passada foi comandada por um parlamentar da base governista, estava entre as prioridades do PL. A escolha do partido para liderar o colegiado gerou debates devido ao potencial de embates sobre a demarcação de terras indígenas e outras pautas sensíveis.

Com a possível perda de mandatos de Silvia Waiãpi e Sonize Barbosa, o partido pode ter sua representação reduzida, afetando a composição das comissões e sua capacidade de influenciar debates estratégicos no Congresso.

Posicionamento da deputada Silvia Waiãpi

Leia abaixo o posicionamento completo da parlamentar:

“Uma injustiça foi cometida na data de hoje. Nós, parlamentares do Norte, fomos prejudicados com a perda de cinco mandatos conquistados nas urnas, sendo quatro somente no meu estado Amapá.

Mudar as regras com o jogo em andamento não apenas desrespeita a vontade popular, mas também gera sérios e perigosos precedentes para a nossa democracia.

Além disso, essa decisão retira uma mulher do Norte, filha do Amapá, representante da Amazônia e indígena, que desde o início do mandato tem sofrido ataques e perseguições políticas. A discriminação contra parlamentares da nossa região não pode ser normalizada. Mulher indígena de direita? Que luta pela soberania do Brasil e pela igualdade sem vitimismos? Não é o que querem!!!

Seguirei firme na defesa da justiça, do respeito às regras democráticas e da representatividade do Norte no cenário político nacional. Não desistirei do meu propósito em entregar o melhor para o Brasil, em especial o Amapá.”

Próximos passos e possível reação da Câmara

Ainda não há um prazo definido para que a Justiça Eleitoral conclua a redistribuição das cadeiras. No entanto, o PL poderá apresentar recursos para tentar reverter o impacto da decisão.

Além disso, a Câmara dos Deputados também poderá se manifestar sobre o caso, especialmente se surgirem questionamentos sobre a aplicabilidade imediata da regra. Portanto, o desfecho dependerá tanto da análise da Justiça Eleitoral quanto de possíveis movimentações políticas dentro do Congresso.

Diante desse cenário, a decisão do STF reforça a necessidade de revisão constante das regras eleitorais para garantir equilíbrio no processo democrático. Enquanto isso, o cenário político segue em movimentação, gerando impactos diretos sobre a estrutura da Câmara e as estratégias dos partidos para 2025.

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