quarta-feira, março 12

Professores denunciam assédio e abusos em escola de Jaboatão

Além do assédio, docentes apontam descontos indevidos e cobrança de taxas para participação em eventos.

Denúncia de assédio e irregularidades em escola de Jaboatão. Foto - Reprodução
Denúncia de assédio e irregularidades em escola de Jaboatão. Foto – Reprodução

Nos últimos dias, os professores da Escola Municipal Oscar Moura, em Jaboatão dos Guararapes, denunciaram que o gestor da unidade cometeu assédio moral e irregularidades. Essas denúncias surgiram apenas dois dias após um caso semelhante na Escola Municipal Natividade Saldanha, o que, segundo o sindicato da categoria, reflete um problema cada vez mais recorrente.

Os docentes relataram que o gestor adota uma conduta autoritária, realiza descontos indevidos nos salários e mantém um ambiente de trabalho tóxico. Segundo eles, essas práticas têm levado muitos profissionais ao afastamento por questões emocionais. Diante disso, a Secretaria de Educação do município e o sindicato da categoria (Sinproja) receberam a notificação formal sobre as denúncias.

Professores relatam medo e adoecimento emocional

Desde o início da gestão em 2022, o comportamento do diretor da escola passou por uma transformação significativa. De acordo com uma professora ouvida pela reportagem, a postura inicial era tranquila, porém, com o passar do tempo, isso mudou drasticamente.

“No início, ele era tranquilo, mas isso foi mudando com o tempo. Demoramos a denunciar por medo. Ele tem uma conduta autoritária e irônica.”

Além do clima hostil, há relatos de descontos indevidos nos salários, com perdas que chegam a 40% da remuneração de alguns professores.

Outro ponto preocupante, segundo os docentes, é o receio de enfrentar o gestor no ambiente escolar. Para evitar conflitos, muitos profissionais preferem mudar seus trajetos dentro da escola, demonstrando o impacto emocional causado pela situação.

Denúncia aponta tratamento inadequado a terceirizados

A carta-denúncia, que foi encaminhada ao Sinproja e à Secretaria de Educação de Jaboatão, também traz preocupações sobre a forma como o diretor trata os funcionários terceirizados. Conforme relatado, ele desrespeita publicamente trabalhadores da limpeza e da cozinha, o que tem levado a uma alta rotatividade nessas funções.

“O diretor fala palavras agressivas com a equipe da cozinha e da limpeza. Muitos não permanecem no cargo.”

Além disso, o documento menciona que professores e funcionários da cozinha presenciaram o gestor acusando docentes de ‘roubar carregadores’ da escola e trabalhadores da cozinha de ‘roubar suco’, sem apresentar qualquer prova.

Irregularidades na gestão escolar

Além das denúncias de assédio, os professores também apontam outras irregularidades na administração da escola. Entre as principais queixas, destacam-se:

  • Falta de provas impressas: os professores alegam que não podem aplicar avaliações porque o diretor informa que não há recursos para impressão, o que compromete o processo de ensino-aprendizagem.
  • Distribuição de livros antigos: no início do ano letivo, os alunos receberam materiais didáticos desatualizados, sob a justificativa de que não havia exemplares novos disponíveis. No entanto, um representante da prefeitura negou essa informação.
  • Cobrança de taxas para eventos escolares: alunos precisam pagar para participar de atividades como feiras de conhecimento. Segundo os docentes, o dinheiro seria utilizado para custear o aluguel de barracas, o que impede que muitos estudantes participem.

Esses relatos reforçam a preocupação da comunidade escolar com a gestão da unidade.

Sindicato alerta sobre aumento de casos de assédio

Diante dessas denúncias, o Sinproja alertou que situações de assédio moral têm sido cada vez mais frequentes nas escolas do município.

“Todo dia recebemos denúncias de assédio moral. Isso virou quase uma epidemia em Jaboatão”, declarou Mariana Maciel, diretora jurídica do sindicato.

O sindicato também ressaltou que os professores que enfrentam esse tipo de problema devem buscar apoio e podem recorrer a diferentes órgãos, como:

  • Ministério Público do Trabalho (MPT)
  • Ministério Público de Pernambuco (MPPE)
  • Ouvidoria da Prefeitura de Jaboatão

Além disso, a entidade se coloca à disposição para atuar como mediadora nesses casos, orientando os profissionais sobre seus direitos e possíveis ações jurídicas.

Prefeitura ainda não se manifestou

Até o momento, a reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes, mas não obteve resposta. No entanto, o espaço segue aberto para manifestações das autoridades responsáveis.

Enquanto isso, a comunidade escolar aguarda providências para que o ambiente educacional se torne mais seguro e respeitoso para todos.

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