Reeleito, prefeito de Jaboatão Mano Medeiros ordena operação, que teve uso de força contra ambulantes no Mercado das Mangueiras.
Na última sexta-feira (1º/11), uma ação da Guarda Municipal de Jaboatão dos Guararapes gerou indignação entre trabalhadores informais. Sem diálogo ou aviso prévio, a prefeitura, sob ordem do prefeito reeleito Mano Medeiros (PL), mobilizou a guarda para confiscar mercadorias de ambulantes no bairro de Prazeres, nas imediações do Mercado das Mangueiras. Durante a operação, relatos de agressões e uso excessivo de força pela guarda foram compartilhados por testemunhas em vídeos que circulam nas redes sociais, ressaltando a falta de alternativas oferecidas aos trabalhadores que dependem das ruas para seu sustento.
Reação dos ambulantes
Ambulantes afirmaram que a operação foi abrupta e que, além disso, a prefeitura não procurou dialogar sobre possíveis soluções para a regularização de suas atividades. Para muitos, as vendas de produtos nas ruas representam a única fonte de renda. A prefeitura, no entanto, executou a ação sem oferecer alternativas de realocação ou apoio para esses trabalhadores. Consequentemente, um clima de insegurança e revolta foi criado entre os envolvidos.
Além disso, a ação da guarda municipal levantou discussões sobre os limites da repressão ao trabalho informal. Em vídeos compartilhados nas redes sociais, moradores e trabalhadores que presenciaram a operação criticaram a postura da atual administração. A falta de comunicação e as cenas de violência, segundo os comerciantes, demonstraram, assim, insensibilidade por parte do governo municipal, que deveria buscar soluções mais pacíficas e inclusivas.
Contexto do trabalho informal em Jaboatão
O crescimento do trabalho informal em Jaboatão reflete a realidade socioeconômica de muitos municípios brasileiros, onde o desemprego e a necessidade de subsistência levam muitos a buscar alternativas nas ruas. Os ambulantes argumentam que, com a ausência de políticas de emprego, o comércio de rua se tornou uma saída necessária. De acordo com um vendedor local, “a prefeitura não oferece opções, mas espera que a gente desapareça das ruas sem nos ajudar a sobreviver”.
Em resposta, a prefeitura argumentou que a ação visou o ordenamento urbano e o combate à ocupação irregular de espaços públicos. No entanto, críticos questionam a abordagem violenta e destacam que a repressão sem alternativas resulta em vulnerabilidade para famílias que dependem desses trabalhos para o sustento.
Alternativas e soluções
Especialistas em políticas públicas sugerem que a prefeitura deveria desenvolver programas de apoio e diálogo com os ambulantes, ao invés de medidas repressivas. O apoio aos trabalhadores informais, como espaços regulamentados de comércio, poderia minimizar conflitos e proporcionar uma fonte de renda digna para muitos que dependem do comércio ambulante.
A medida poderia beneficiar ambas as partes, mantendo a organização urbana e garantindo que as famílias desses profissionais possam contar com alguma segurança financeira. Na visão de especialistas, essa abordagem equilibrada é a chave para resolver a questão, especialmente em cidades onde o trabalho informal desempenha um papel essencial na economia.
A crítica da população e o pedido de diálogo
A operação da Guarda Municipal repercutiu intensamente nas redes sociais. Moradores de Jaboatão e lideranças comunitárias criticaram o que consideram uma atitude autoritária da administração de Mano Medeiros. Eles apontam que o diálogo poderia ter evitado o episódio de violência e pedido que o governo reavalie a sua abordagem.
Na ausência de alternativas, a apreensão das mercadorias representa, para muitos ambulantes, a perda de seus recursos essenciais, agravando ainda mais a situação de precariedade. Em tempos de crise econômica, o trabalho informal cresce, e ações sem planejamento acabam por acirrar tensões e aumentar a vulnerabilidade social.
A ação em Jaboatão dos Guararapes trouxe à tona a necessidade de uma abordagem mais inclusiva no trato com trabalhadores informais. Movimentos sociais e associações de trabalhadores pedem que o prefeito e sua equipe revisem as políticas para o comércio ambulante, considerando a criação de espaços regulamentados que possam acolher esses profissionais. Dessa forma, seria possível construir um ambiente de trabalho que favoreça tanto a organização urbana quanto a dignidade dos trabalhadores.
CEO do Portal Fala News, Jornalista pela UNIFG, licenciado em Letras PT/ES pela FAESC, formado em psicanálise pela ABEPE, pós-graduado em linguística aplicada as línguas portuguesa e espanhola pela FAESC, e MBA em Marketing Digital e Mídias Sociais pela UniNassau. Analista de política e economia, colunista sobre psicanálise, amante dos livros e dedicado a levar informação com transparência e credibilidade.