Relatório final da PF indica que Bolsonaro e Carlos lideraram esquema ilegal de espionagem contra opositores.

O presidente eleito, Jair Bolsonaro, acompanhado da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e do filho Carlos Bolsonaro, chegam ao Congresso Nacional no Rolls-Royce conversível. Foto: Geraldo Magela/Agência Senado
A Polícia Federal (PF) concluiu nesta quarta-feira (18) as investigações sobre o caso conhecido como “Abin Paralela”, que apurou o uso ilegal da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para ações clandestinas de espionagem contra opositores políticos. O relatório final indica que o ex-presidente Jair Bolsonaro e seu filho, o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), integraram uma organização criminosa responsável por essas práticas.
Conclusões da Polícia Federal
Segundo o relatório, Bolsonaro e Carlos formavam o chamado “núcleo político”, que teria coordenado ações de monitoramento ilegal, produção de desinformação e perseguição a adversários. Entre os alvos das supostas espionagens estão autoridades públicas, ex-parlamentares e jornalistas, incluindo:
- O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes;
- Os ex-deputados Jean Wyllys, Rodrigo Maia e Joice Hasselmann;
- O ex-governador de São Paulo, João Doria;
- Os jornalistas Leandro Demori e Mônica Bergamo.
A investigação aponta que Jair Bolsonaro era o principal beneficiário das operações clandestinas, realizadas durante a gestão do ex-diretor da Abin, Alexandre Ramagem.
Uso da Abin para fins políticos e eleitorais
De acordo com a PF, a estrutura da Abin foi utilizada para fins políticos, inclusive para influenciar o processo eleitoral de 2022. O relatório afirma que houve o uso irregular do sistema de geolocalização FirstMile, além de servidores públicos alocados indevidamente em atividades de inteligência com viés político-partidário.
“As evidências colecionadas ao longo da presente investigação não deixam dúvidas sobre a existência de um núcleo de propagação de desinformação”, destacou o documento.
Indiciamentos
A Polícia Federal indiciou cerca de 30 pessoas, incluindo Carlos Bolsonaro e Alexandre Ramagem, que já responde como réu na ação penal sobre a tentativa de golpe de Estado. A PF não incluiu Jair Bolsonaro entre os indiciados neste inquérito porque ele já responde às mesmas acusações na ação penal que tramita no STF sobre a trama golpista.
Indiciamentos na atual gestão da Abin
Além de membros da antiga gestão, a PF também indiciou integrantes da atual cúpula da Abin. O diretor-geral Luiz Fernando Corrêa e o corregedor José Fernando Moraes Chuy são acusados de tentativa de obstrução das investigações.
Segundo o relatório, houve resistência na entrega de documentos, supressão de provas e ações para desacreditar a ex-corregedora da agência.
Próximos passos do processo
O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo Tribunal Federal, retirou o sigilo do documento nesta quinta-feira (19) e deve enviá-lo para a análise da Procuradoria-Geral da República (PGR).
A PGR poderá optar por apresentar uma nova denúncia contra os envolvidos ou anexar as conclusões ao processo que trata da suposta tentativa de golpe de Estado.
Posicionamento da defesa
Carlos Bolsonaro se pronunciou por meio das redes sociais, onde classificou o indiciamento como uma ação de perseguição política. Em sua publicação, insinuou relação entre a investigação e o processo eleitoral de 2026.
“Alguém tinha alguma dúvida que a PF do Lula faria isso comigo? Justificativa? Creio que os senhores já sabem: eleições em 2026? Acho que não! É só coincidência!”, escreveu.
Até o momento, o ex-presidente Jair Bolsonaro e os demais citados não emitiram posicionamento público sobre as conclusões da PF.
CEO do Portal Fala News, Jornalista pela UNIFG, licenciado em Letras PT/ES pela FAESC, formado em psicanálise pela ABEPE, pós-graduado em linguística aplicada as línguas portuguesa e espanhola pela FAESC, e MBA em Marketing Digital e Mídias Sociais pela UniNassau. Analista de política e economia, colunista sobre psicanálise, amante dos livros e dedicado a levar informação com transparência e credibilidade.