quarta-feira, julho 30

Lula reafirma vontade de negociar, mas Trump não responde

Tarifas de 50% sobre produtos brasileiros devem começar nesta semana sem avanço nas negociações com Trump.

25.07.2025 – Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva durante cerimônia de anúncio dos projetos habilitados pelo Novo PAC Seleções 2025 – Urbanização de Favelas, no âmbito
do Programa Periferia Viva.
Jardim Rochdale, Osasco – SP. Foto: Ricardo Stuckert / PR

O governo brasileiro reiterou neste domingo (27) sua abertura ao diálogo com os Estados Unidos sobre a imposição de tarifas de 50% sobre produtos nacionais, anunciadas pelo ex-presidente e atual candidato Donald Trump. A medida, prevista para entrar em vigor ainda nesta semana, afeta diretamente exportações brasileiras e coloca em risco setores estratégicos da economia.

Apesar da disposição brasileira, o governo norte-americano não deu qualquer sinal de avanço nas tratativas. O silêncio preocupa autoridades em Brasília e gera incerteza no mercado.

Governo brasileiro mantém postura diplomática

Em nota divulgada pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), o Brasil reforçou que “continua e seguirá aberto ao debate das questões comerciais”. O texto acrescenta, no entanto, que “a soberania do Brasil e o Estado democrático de direito são inegociáveis”.

Essa declaração acontece em meio à expectativa pelo início das tarifas, que devem atingir principalmente o setor agroexportador, como frutas, carnes e aço. Segundo dados da Comex Stat, os EUA foram o segundo maior destino das exportações brasileiras em 2024.

Missão diplomática nos EUA busca resposta

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, desembarcou ontem nos Estados Unidos para participar de uma reunião na Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a crise na Palestina. Paralelamente, emissários do Itamaraty tentam agendar um encontro entre Vieira e representantes do governo norte-americano para discutir as tarifas impostas por Trump.

Até o momento, não houve confirmação de reunião por parte da administração do ex-presidente republicano, que tem adotado um discurso protecionista em sua campanha eleitoral. A estratégia de Trump mira especialmente países da América Latina, como Brasil e México, com foco na “valorização da produção nacional”.

Impacto econômico preocupa setores produtivos

As tarifas anunciadas afetam produtos que representam uma fatia significativa da balança comercial brasileira. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) já manifestou preocupação com os possíveis prejuízos, estimando perdas bilionárias caso não haja reversão da medida.

Entre os setores mais atingidos, estão:

  • Agronegócio: frutas, café e carnes estão na lista de produtos sujeitos à tarifa.
  • Mineração e siderurgia: aço e alumínio também devem ser taxados.
  • Indústria de transformação: máquinas e equipamentos industriais perderão competitividade.

O economista André Perfeito, em entrevista à Folha de S.Paulo, afirmou que “o Brasil precisa reagir com firmeza, mas sem romper o diálogo. A retaliação mútua traria prejuízos comerciais para ambos os lados”.

Cenário político nos EUA influencia negociações

A ausência de resposta oficial dos EUA está diretamente relacionada ao momento político do país. Donald Trump, líder nas pesquisas do Partido Republicano, tem adotado tom agressivo em sua pré-campanha, reforçando promessas de endurecimento nas relações comerciais com países emergentes.

Especialistas em política internacional alertam que a medida tarifária pode ter mais motivações eleitorais do que comerciais. Em artigo publicado pela Brookings Institution, analistas apontam que “ações unilaterais de Trump tendem a gerar insegurança jurídica para parceiros internacionais”.

Diálogo continua, mas incerteza persiste

O Brasil inicia a semana decisiva sem qualquer sinal de avanço nas negociações com os EUA. Apesar da disposição expressa em manter o diálogo, o silêncio do governo Trump mantém em suspenso o futuro das exportações brasileiras.

Com a entrada em vigor das tarifas se aproximando, produtores, exportadores e autoridades aguardam os próximos passos da diplomacia. O governo brasileiro reforça que defenderá seus interesses comerciais e institucionais, mas ainda aposta em uma solução negociada para evitar prejuízos bilaterais.

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