Apuração sobre suposta conspiração contra instituições encontra mensagens que expõem a relação entre o ex-presidente e empresários influentes.
Foto: Ueslei Marcelino/Reuters/Arquivo |
Em uma reviravolta surpreendente na investigação que tinha como alvo alegados planos golpistas de empresários proeminentes do país, as autoridades se depararam com evidências claras da atuação do ex-presidente Jair Bolsonaro na disseminação de desinformação e ataques às instituições. A apuração, iniciada em 2022 após o portal Metrópoles revelar conversas pró-golpe em caso de vitória de Luiz Inácio Lula da Silva, resultou na autorização de busca e apreensão de dispositivos eletrônicos e outros itens de oito empresários. Recentemente, o Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, determinou que dois desses empresários, Meyer Nigri e Luciano Hang, permaneçam sob investigação, enquanto as acusações contra os outros seis foram arquivadas.
Moraes concluiu que, embora esses indivíduos tenham consumido e compartilhado desinformação, o fizeram dentro dos limites da liberdade de expressão. No entanto, a investigação continua em andamento, especialmente no caso de Meyer Nigri, fundador da Tecnisa, devido à sua proximidade com Jair Bolsonaro e à suspeita de que ele poderia ter servido como um veículo para a disseminação de ataques às instituições em seus círculos.
Mensagem enviada — Foto: Petição 10.543 DF/Reprodução |
Uma mensagem específica encontrada no celular de Meyer Nigri lança luz sobre a conexão entre o empresário e o ex-presidente. A mensagem, atribuída a “PR Bolsonaro 8,” que é associada a um dos números de telefone de Bolsonaro, contém ataques diretos a membros do Supremo Tribunal Federal, bem como a propagação de notícias falsas relacionadas às urnas eletrônicas, pesquisas eleitorais e uma ordem explícita: “Repasse ao máximo,” destacada em caixa alta. Além disso, a mensagem menciona uma suposta fraude, desprovida de qualquer evidência sólida, e ataca um instituto de pesquisa, acusando-o de inflar os números a favor de Lula, o vencedor das eleições.
No texto atribuído a Bolsonaro, o ex-presidente também critica o Ministro Luís Roberto Barroso por defender a segurança e a confiabilidade do processo eleitoral e rotula a defesa do voto eletrônico como uma “interferência.” Após a ordem para disseminar notícias falsas e os ataques a Barroso e a outros ministros do STF e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), não mencionados nominalmente, Bolsonaro recebe uma resposta de Nigri, afirmando: “Já repassei para vários grupos!”. A conversa termina com o empresário enviando “abraços de Veneza” ao agora ex-presidente.
Essas revelações lançam uma nova luz sobre as conexões entre figuras proeminentes do setor empresarial e o ex-presidente Bolsonaro, levantando questões sobre a disseminação de desinformação e ataques às instituições democráticas. A investigação continua a avançar, e o país permanece atento às implicações dessas descobertas.
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