Paulista merece mais do que disputas de bastidores. Precisa de lideranças capazes de construir pontes, e não muros.

A política de Paulista parece ter criado um roteiro repetitivo: prefeitos que chegam ao poder ao lado de seus vices, mas que, em pouco tempo, rompem alianças e expõem divergências que fragilizam a governabilidade do município. Esse fenômeno, observado nas três últimas gestões, vai além de meras disputas pessoais. Ele revela um problema estrutural na forma como se constroem as chapas eleitorais e como se administram as alianças políticas na quinta maior cidade de Pernambuco.
Um histórico que se repete
Na gestão de Júnior Matuto, a relação com o vice Jorge Carreiro terminou em desgaste. O que começou como uma parceria eleitoral se transformou em rivalidade aberta, com direito a acusações e disputas de bastidores que enfraqueceram a condução da administração.
Na sequência, Yves Ribeiro também enfrentou atritos com seu vice, Dido Vieira. O afastamento foi inevitável, e mais uma vez o município assistiu a um governo dividido, em que a cooperação deu lugar à desconfiança.
Agora, a cena se repete. O atual prefeito Ramos rompeu politicamente com Felipe Andrade, vice-prefeito eleito em sua chapa. A acusação de perseguição política, somada às declarações públicas de boicote, jogou luz sobre a crise que já vinha se formando nos bastidores.
As raízes do problema
Esses episódios sucessivos não podem ser tratados como coincidências isoladas. Eles indicam uma falha recorrente na lógica da política local. Em Paulista, os vices parecem ser escolhidos mais como peças de composição eleitoral — para garantir votos em determinados bairros, grupos políticos ou setores sociais — do que como parceiros estratégicos de governo.
Essa lógica cria alianças frágeis, em que os objetivos são comuns apenas durante o período eleitoral. Passada a vitória nas urnas, cada lado tende a seguir sua própria agenda, gerando inevitavelmente conflitos.
Impactos para a população
Quem paga a conta dessa instabilidade não são os políticos em disputa, mas sim a população de Paulista. Rompimentos desgastam a imagem das gestões, minam a confiança no poder público e desviam o foco daquilo que deveria ser prioridade: políticas públicas eficientes em saúde, educação, infraestrutura e segurança.
Além disso, o clima de divisão interna fragiliza a cidade no cenário estadual. Um prefeito politicamente isolado tem menos força para articular parcerias, captar recursos e consolidar projetos estruturadores. O resultado é um município que avança menos do que poderia.
O que está em jogo
O rompimento atual entre Ramos e Felipe Andrade não é apenas mais um capítulo de rivalidades pessoais. É a repetição de um ciclo que ameaça perpetuar a instabilidade política em Paulista. A oposição já observa de perto a oportunidade de ocupar espaço, enquanto o grupo governista precisa se reinventar para não se esfacelar.
Esse cenário levanta uma pergunta incômoda: até quando a política de Paulista será refém de alianças frágeis e de rompimentos previsíveis?
O histórico de rompimentos entre prefeitos e vices em Paulista deveria servir como alerta. Mais do que reflexo de vaidades políticas, ele mostra a ausência de uma cultura de cooperação e planejamento conjunto. Se esse padrão não for superado, a cidade corre o risco de continuar sendo palco de gestões marcadas por divisões internas e pouco comprometimento com o interesse público.
A pergunta que não quer calar: Até quando Paulista continuará sendo refém de alianças frágeis e rompimentos anunciados?
CEO do Portal Fala News, Jornalista pela UNIFG, licenciado em Letras PT/ES pela FAESC, formado em psicanálise pela ABEPE, pós-graduado em linguística aplicada as línguas portuguesa e espanhola pela FAESC, e MBA em Marketing Digital e Mídias Sociais pela UniNassau. Analista de política e economia, colunista sobre psicanálise, amante dos livros e dedicado a levar informação com transparência e credibilidade.