sexta-feira, novembro 22

Ativistas realizam protesto em 15 capitais brasileiras contra abate de jumentos para produção de gelatina

Frente Nacional de Defesa dos Jumentos busca conscientizar a população sobre risco de extinção e pede proibição do abate.

Foto: Reprodução
Ativistas dos direitos animais realizaram hoje, em Belo Horizonte, um protesto contra o abate de jumentos no Brasil. O ato, promovido pela Frente Nacional de Defesa dos Jumentos (FNDJ), faz parte de uma mobilização que ocorreu neste domingo em 15 capitais brasileiras, em repúdio ao abate desses animais destinados à exportação de seu couro, utilizado na produção de eijiao, uma gelatina amplamente usada na China para fabricação de medicamentos.
O protesto tem como objetivo chamar a atenção da população para a “realidade grave e desconhecida” do risco de extinção dos jumentos devido ao abate para a produção de gelatina. Adriana Araújo, coordenadora do Movimento Mineiro pelos Direitos Animais, entidade que integra a FNDJ, destaca que o animal, símbolo do Nordeste brasileiro e conhecido por transportar Jesus Cristo, atualmente corre o risco de desaparecer após ser substituído pelas motocicletas e descartado nas rodovias.
Pierre Barnabé Escodro, professor universitário, médico veterinário e integrante da FNDJ em Alagoas, ressalta que a Justiça Federal já determinou a suspensão do abate de jumentos em atendimento a um pedido da Frente, que movimenta uma ação contra essa prática. Contudo, o abate persiste, e Escodro alerta que a criação desses animais para esse fim não é vantajosa, o que aumenta ainda mais o risco de extinção. Ele também observa que no Egito, por motivos semelhantes, os jumentos já não existem mais.
Segundo o veterinário, os jumentos são capturados nas áreas rurais do Nordeste e vendidos para o abate a preços baixos, cerca de R$ 50. O couro é comercializado no exterior por valores significativamente mais elevados, variando entre 3 e 4 mil dólares.
De acordo com dados da Frente, considerando apenas os registros do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), o abate desses animais aumentou mais de 8.000% entre 2015 e 2019, quando o couro passou a ser exportado para a China, sendo utilizado na produção de cremes de rejuvenescimento e tratamento de diversos problemas de saúde, como anemia, insônia e impotência sexual. No entanto, o professor Pierre Barnabé Escodro enfatiza que não há comprovação científica da eficácia desses produtos.
Vânia Plaza, médica veterinária e diretora técnica do Fórum Nacional de Defesa Animal, outra entidade que integra a FNDJ, acrescenta que o abate, além de descumprir decisão judicial, é conduzido de maneira cruel e sem seguir normas sanitárias, o que favorece a disseminação de doenças que podem contaminar o rebanho e a população. Segundo ela, há registros de transporte clandestino desses animais, que são recolhidos de forma aleatória e abatidos em abatedouros na Bahia, sem passar por protocolos de segurança.
A FNDJ está empenhada em recolher assinaturas em um abaixo-assinado que será enviado ao governo federal, ao Mapa e à Justiça Federal. Quem quiser apoiar a causa e assinar o documento pode acessar o site www.salveosjumentos.org.br.
Até o momento, não foi possível obter o posicionamento do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) em relação ao abate de jumentos e à decisão da Justiça Federal. A reportagem aguarda retorno das autoridades para mais informações sobre o assunto.

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