Abin na mira da Polícia Federal. Operação investiga o uso sistemático de espionagem eletrônica. Incluindo o STF, durante período eleitoral.
Nesta sexta-feira, a Polícia Federal deflagrou uma operação que desvelou um esquema ilegal de rastreamento de celulares perpetrado pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin). As investigações revelam que a ferramenta de espionagem eletrônica foi utilizada de forma “sistemática” durante o período eleitoral. E inclusive, envolveu um cerco ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Informações confidenciais fornecidas por investigadores ligados ao caso à TV Globo revelaram que, durante vários meses. O esquema de rastreamento ilegal monitorou “centenas de celulares” de pessoas que frequentavam o STF. Além de servidores do tribunal, advogados, policiais, jornalistas e até ministros foram alvo dessa prática criminosa. A investigação conseguiu identificar 33 mil acessos indevidos às localizações telefônicas de diversos alvos.
A Agência Brasileira de Inteligência, em resposta à operação, informou que instaurou um procedimento interno para apurar a questão. A Abin destacou que todas as solicitações da Polícia Federal e do STF foram atendidas integralmente e que colaborou com as investigações desde o seu início. No entanto, chama a atenção o fato de que a “gangue Abin de rastreamento”. Como foi apelidado o grupo de espiões, apagou a grande maioria dos acessos dos computadores para evitar deixar vestígios, o que dificultou a apuração dos fatos.
Até o momento, a Polícia Federal conseguiu recuperar apenas cerca de 1,8 mil dos 33 mil acessos ilegais. Entre esses acessos, surgiu um homônimo do ministro do STF Alexandre de Moraes. Esse fato reforça a suspeita de que o próprio ministro possa ter sido vítima do esquema ilegal de rastreamento.
É importante frisar que o sistema First Mile, utilizado pela Abin. Permite apenas o rastreamento da localização dos celulares e não dá acesso ao conteúdo dos aparelhos nem às mensagens enviadas. No entanto, os investigadores buscam esclarecer se outros sistemas sofisticados foram usados em conjunto para obter acesso a esses conteúdos.
Até o momento, não existem indícios de que o grupo da Abin tenha efetivamente acessado as trocas de mensagens ou qualquer material contido nos celulares monitorados. A desconfiança persiste, contudo, em virtude da articulação do esquema criminoso revelado até aqui.
Essa operação da Polícia Federal lança luz sobre a importância da proteção da privacidade e da segurança de dados em um contexto cada vez mais digital. O uso ilegal de ferramentas de rastreamento representa uma ameaça grave aos direitos individuais e à integridade das instituições.
À medida que a investigação prossegue, a sociedade aguarda por respostas claras e pela responsabilização dos envolvidos. A confiança na integridade das instituições e na proteção dos dados pessoais é fundamental para o funcionamento democrático de qualquer país.
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