domingo, abril 20

Vereadores do Recife questionam aditivos em obras públicas

Vereadores se dividem sobre convocação de secretário para esclarecer contratos com recursos adicionais.

Vereadores se dividem sobre convocação de secretário para esclarecer contratos com recursos adicionais
Vereadores se dividem sobre convocação de secretário para esclarecer contratos com recursos adicionais. Foto: Divulgação

Na manhã desta segunda-feira (7), a Câmara Municipal do Recife protagonizou um debate acalorado entre os vereadores sobre a gestão de obras públicas com prazos prorrogados e recursos adicionais. O foco da discussão foi o requerimento 1683/2025, de autoria do vereador Thiago Medina (PL), que propôs a convocação do secretário de Infraestrutura e vice-prefeito do Recife, Victor Marques, para prestar esclarecimentos sobre os aditivos financeiros em contratos da Prefeitura.

Embora o requerimento tenha sido rejeitado por 20 votos contrários e 7 favoráveis, o tema levantou questionamentos sobre a transparência na execução de obras públicas municipais. A proposta gerou reações de parlamentares tanto da base quanto da oposição, refletindo diferentes interpretações sobre a função fiscalizadora da Casa Legislativa.

Obras citadas e justificativas dos aditivos

Durante sua fala, Medina mencionou obras com prazos supostamente descumpridos e que, segundo ele, receberam aditivos milionários:

  • Hospital da Criança: Previsto para entrega em janeiro de 2025, com valor inicial de R$ 100 milhões e aditivo de R$ 25 milhões.
  • Parque Eduardo Campos: Prazo prorrogado de julho de 2024 para março de 2025. O valor subiu de R$ 62 milhões para R$ 80 milhões.
  • Creches do Aeroclube do Pina e da Ilha de Joaneiro: Também citadas como exemplos de obras com atrasos e ampliação orçamentária.

O parlamentar questionou a destinação dos recursos adicionais: “Com tantos aditivos, por que a Prefeitura não consegue cumprir os prazos?”, indagou.

Divergência entre vereadores

O requerimento de Medina foi tema de pronunciamentos e apartes, revelando uma divisão entre os vereadores quanto à convocação do secretário.

Favoráveis à convocação

  • Eduardo Moura (Novo): Destacou que é papel do Legislativo cobrar explicações.
  • Gilson Machado Filho (PL): Criticou o uso recorrente de aditivos.
  • Alef Collins (PP): Comparou com a prática da Assembleia Legislativa de Pernambuco.
  • Felipe Alecrim (Novo): Defendeu que a paralisação de obras justifica o chamado do secretário.
  • Davi Muniz (PSD): Anunciou que fará novos requerimentos para convocar outros secretários.

Contrários à convocação

  • Rodrigo Coutinho (Republicanos): Afirmou que não havia motivo técnico para a convocação e criticou o que chamou de “pirotecnia política”.
  • Natália de Menudo (PSB): Ressaltou que aditivos são procedimentos legais e, às vezes, necessários.
  • Rinaldo Junior (PSB): Alegou erro formal no requerimento, pois as obras citadas estariam sob responsabilidade de outras secretarias.
  • Cida Pedrosa (PCdoB): Afirmou que a crítica da oposição visa engajamento nas redes sociais, sem aprofundamento técnico.

O que são aditivos contratuais?

A administração pública utiliza aditivos como instrumentos legais para modificar contratos administrativos em aspectos como prazo, valor e escopo, conforme prevê a Lei nº 8.666/1993 e, mais recentemente, a Lei nº 14.133/2021 (Nova Lei de Licitações). Especialistas destacam que, embora os aditivos sejam legais, os gestores públicos devem justificá-los tecnicamente e garantir transparência em sua execução.

De acordo com o Portal da Transparência da Prefeitura do Recife (acessado em abril de 2025), os responsáveis pelas obras com aditivos devem informar, de forma detalhada, os valores e os motivos que levaram à modificação contratual.

Ponto de vista técnico e legal

De acordo com especialistas em administração pública consultados pelo Instituto de Fiscalização e Controle (IFC), aditivos são comuns em obras públicas devido a imprevistos técnicos, mudanças no projeto ou reequilíbrio econômico-financeiro. No entanto, o uso frequente pode indicar falhas no planejamento inicial.

A legislação prevê ainda que qualquer cidadão pode acompanhar esses contratos por meio de portais públicos de transparência ou solicitar informações via Lei de Acesso à Informação (Lei nº 12.527/2011).

O debate na Câmara do Recife sobre aditivos e atrasos em obras públicas reflete o papel fiscalizador do Legislativo e a importância da transparência nos gastos públicos. Enquanto parte dos vereadores defende a convocação de secretários para prestar esclarecimentos, outros apontam falhas técnicas nos requerimentos e defendem a legalidade dos aditivos.

O requerimento 1683/2025 foi rejeitado, mas a discussão permanece viva na Casa Legislativa e pode motivar novas propostas de convocação nas próximas semanas.

Para acompanhar as obras e aditivos em andamento, o cidadão pode acessar o Portal da Transparência do Recife.

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