domingo, junho 8

Vereadores denunciam falta de políticas para TEA em Escada

Mães relatam falta de médicos, remédios e transporte para tratamento de crianças com TEA em Escada.

Mães relatam falta de médicos, remédios e transporte para tratamento de crianças com autismo em Escada
Mães relatam falta de médicos, remédios e transporte para tratamento de crianças com autismo em Escada. Foto: TV Câmara

Em sessão na última terça-feira (01/04), vereadores de Escada, cidade da Zona da Mata de Pernambuco, exigiram explicações da prefeita Mary Gouveia (PL) sobre a falta de políticas públicas para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Os parlamentares relataram que diversas mães têm buscado a Câmara Municipal em desespero, enfrentando a negação de atendimento médico, a escassez de profissionais especializados e até a suspensão da distribuição de leites especiais essenciais para crianças com necessidades alimentares específicas.

Denúncias de Perseguição Política e Descaso

O vereador Pedro Jorge (Avante) foi um dos mais incisivos em seu discurso, acusando a gestão municipal de usar critérios políticos para conceder ou negar benefícios.

“Quem realmente manda nesta prefeitura é o marido da prefeita. E se ele descobre que a pessoa que está pedindo ajuda não votou na Mary, simplesmente nega o atendimento. Isso é um abuso de poder, uma perseguição inadmissível contra a população mais vulnerável”, afirmou.

Pedro Jorge revelou que já recorreu ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE) acompanhado de mães desamparadas e prometeu levar novos casos às autoridades.

“Há 15 dias, estive lá com três mães. Agora, voltarei com mais cinco. Estamos literalmente implorando por socorro, porque essas crianças não podem esperar”, desabafou.

Além da questão política, o parlamentar destacou a precariedade do sistema de saúde do município:

  • Falta de neuropediatras e fonoaudiólogos – profissionais essenciais para o desenvolvimento de crianças com TEA;
  • Ausência de transporte especializado – muitas famílias precisam se deslocar para Recife ou outras cidades para tratamento, sem qualquer auxílio da prefeitura;
  • Interrupção na distribuição de leites especiais – medicamentos e suplementos alimentares têm sido negados, segundo relatos.
Crianças com TEA sofrem com descaso em Escada, dizem vereadores. Foto: TV Câmara

Vereadora Tarlina Questiona Descontinuidade de Serviços

A vereadora Tarlina (PSDB) também cobrou explicações sobre a paralisação de serviços que, segundo ela, já funcionavam na gestão passada.

“O que está faltando? Se ano passado havia atendimento, por que agora não tem? Isso é uma questão de vontade política. Estamos falando de vidas, de crianças que dependem desses cuidados para ter uma vida digna”, afirmou.

Ela destacou que muitas famílias já enfrentam dificuldades diárias e que a omissão do poder público só agrava a situação.

Caso Viraliza com Denúncia de Mãe

Uma mãe revoltada gravou um vídeo emocionado denunciando que a prefeitura cortou sem justificativa o leite especial de seu filho. No vídeo, ela acusa um funcionário da prefeitura de insinuar claramente que negaram o benefício porque ela não votou na prefeita Mary Gouveia.

O Ministério Público recebeu o caso e agora deve investigar as possíveis irregularidades cometidas pela prefeitura. Especialistas em direito administrativo afirmam que, se comprovada a perseguição política, a conduta pode configurar crime de improbidade administrativa.

Prefeitura se Mantém em Silêncio

Até o fechamento desta matéria, a Prefeitura de Escada não se manifestou oficialmente sobre as acusações. A reportagem tentou contato com a assessoria de comunicação, mas não obteve resposta.

O Que Diz a Lei?

Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei 13.146/2015) e a Lei Berenice Piana (Lei 12.764/2012) garantem direitos básicos a pessoas com TEA, incluindo:

  • Atendimento prioritário na saúde e assistência social;
  • Acesso a medicamentos e tratamentos multidisciplinares;
  • Inclusão educacional e profissional.

A suspensão desses serviços, sem justificativa técnica, pode caracterizar violação de direitos humanos.

Uma Crise que Exige Soluções Imediatas

Enquanto mães e vereadores pressionam por respostas, as crianças com autismo em Escada continuam sem o suporte necessário. A falta de transparência da prefeitura alimenta suspeitas de má gestão e favorecimento político.

Caso não haja uma posição oficial, o Ministério Público e organizações de defesa dos direitos das pessoas com deficiência podem ser acionados para medidas judiciais.

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