quarta-feira, janeiro 22

TCE-PE questiona obra de destaque na gestão João Campos

Auditoria aponta falhas no Parque da Tamarineira e gera polêmica. Relatório do TCE questiona contratos e superfaturamento no Recife.

Inauguração do Parque da Tamarineira realizada pelo prefeito João Campos, a obra é alvo de acusaçãod e superfaturamento por relatório do TCE-PE. Foto - Alexandre Aroeira
Inauguração do Parque da Tamarineira realizada pelo prefeito João Campos, a obra é alvo de acusaçãod e superfaturamento por relatório do TCE-PE. Foto – Alexandre Aroeira

Um relatório do Tribunal de Contas de Pernambuco (TCE-PE) identificou possíveis irregularidades nos contratos da obra do Parque da Tamarineira, no Recife. O local, inaugurado em julho de 2024 pelo prefeito João Campos (PSB), tornou-se uma referência na gestão municipal, que foi reeleita ainda no primeiro turno das eleições. Contudo, a auditoria levanta dúvidas sobre a legalidade das contratações, apontando superfaturamento e baixa qualidade nos serviços realizados.

Contratação sem licitação específica preocupa técnicos

De acordo com o relatório, a principal controvérsia gira em torno da ausência de licitação específica para a construção do parque. Em vez disso, a Prefeitura firmou 16 contratos independentes com diversas empresas para obras de manutenção. Essa prática, segundo os auditores, dificultou a fiscalização e comprometeu a obtenção de propostas mais vantajosas para a Administração Pública.

“Não houve procedimento licitatório direcionado ao objeto contratado, o que inviabiliza comprovar a economicidade das contratações”, destaca o documento.

Prefeitura defende economicidade do modelo adotado

Em resposta, a Prefeitura do Recife afirmou que a obra respeitou todos os princípios legais e seguiu critérios de economicidade. O município afirma que uma análise comparativa com a tabela SINAPI demonstra que licitar a construção do parque teria aumentado os custos em 18,26%, totalizando R$ 715 mil.

Ainda segundo a gestão, os contratos independentes permitiram maior controle sobre os custos, gerando economia ao erário público.

O Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco é um órgão público com autonomia administrativa e financeira em relação aos Três Poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário)
O Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco é um órgão público com autonomia administrativa e financeira em relação aos Três Poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário). Foto: Divulgação

Acusações de superfaturamento na construção de pisos

Outro ponto crítico do relatório diz respeito ao superfaturamento de R$ 152,4 mil na construção de pisos em concreto nos passeios e na quadra poliesportiva. Os técnicos alegam que os valores estão acima do praticado no mercado, configurando prejuízo aos cofres públicos.

Em sua defesa, a Prefeitura contestou as conclusões. “O cálculo apresentado baseia-se em premissas equivocadas, desconsiderando serviços realizados com concreto e gerando interpretações erradas sobre os custos finais”, argumentou em nota oficial.

Documento ainda será analisado pela Corte de Contas

A gestão municipal destacou que o relatório do TCE-PE ainda não foi submetido à análise técnica definitiva. Segundo a Prefeitura, os achados do documento preliminar serão refutados com justificativas técnicas detalhadas.

“A Corte certamente reconhecerá a regularidade dos atos da gestão ao avaliar as provas apresentadas pela administração pública”, declarou o comunicado.

Contratos do Parque da Tamarineira são alvos de auditoria do TCE-PE
Contratos do Parque da Tamarineira são alvos de auditoria do TCE-PE

Oposição critica gestão municipal

A oposição utilizou as redes sociais para tecer críticas ao prefeito João Campos. O ex-ministro Gilson Machado, por exemplo, ironizou a obra e questionou as prioridades da administração.

“Não importa o custo, o que vale é postar foto inaugurando obra, né, meu prefeito?”, publicou em tom crítico. Para ele, os recursos públicos estão sendo mal geridos, enquanto a propaganda prevalece.

Desde a inauguração, a população, especialmente os moradores da Zona Norte do Recife, utiliza amplamente o Parque da Tamarineira. No entanto, as recentes denúncias lançaram dúvidas sobre a real qualidade e custo-benefício da intervenção.

A opinião pública se divide. Enquanto alguns elogiam a iniciativa por revitalizar um espaço público, outros questionam se a obra atendeu plenamente aos interesses da sociedade.

O caso do Parque da Tamarineira coloca em evidência a gestão dos recursos públicos em grandes obras. Aguardando o parecer final do TCE-PE, a Prefeitura do Recife mantém sua posição de que a obra foi conduzida com transparência e responsabilidade.

Enquanto isso, a oposição promete fiscalizar de perto a aplicação dos recursos e cobrar respostas claras sobre as supostas irregularidades apontadas no relatório.

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