quinta-feira, dezembro 26

Preço da carne cai no mercado; entenda o motivo

Queda nos preços é influenciada pela oferta de animais, mas custos da cadeia impedem maior redução nos supermercados

Foto: Freepik

Em agosto, o mercado brasileiro de carne bovina apresentou uma queda significativa nos preços de todos os cortes, com destaque para o filé-mignon, que ficou 15% mais barato em relação ao mesmo período do ano anterior, de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor (IPCA), divulgado na semana passada.
Outros cortes que registraram deflação foram peito, alcatra e capa de filé. Essa tendência de redução nos valores está diretamente ligada ao preço de compra do boi no campo, que, somente este ano, diminuiu cerca de 30% na comparação entre janeiro e setembro, impulsionada pela alta oferta de animais no pasto.
Contudo, apesar da queda nos custos de produção, outros fatores na cadeia de carne bovina estão impedindo que essa economia seja refletida em maior intensidade nas prateleiras dos supermercados. Um dos obstáculos é a redução no número de abates pelos frigoríficos, resultado da diminuição do consumo, o que contribui para a manutenção dos preços no varejo.
Além disso, as redes varejistas estariam mantendo margens de lucro elevadas neste ano, segurando os preços, de acordo com o analista da Safras & Mercado, Fernando Henrique Iglesias. A atual abundância de bois no mercado decorre, em parte, do aumento do abate de fêmeas, que desvaloriza o preço no setor. Esse movimento já era previsto por analistas como Iglesias.
Essa dinâmica faz parte do chamado ciclo pecuário, no qual os produtores seguram as vendas de animais quando estão valorizados no mercado, elevando gradualmente os preços da carne. Posteriormente, quando a oferta de animais se expande, os preços tendem a cair, levando ao abate de fêmeas e aumentando a oferta de carne nas prateleiras, como ocorre atualmente.
Outro fator que contribui para o aumento da oferta de carne e a redução dos custos de produção é o clima favorável, com um maior volume de chuvas melhorando a qualidade do pasto, de acordo com Felippe Serigati, do Centro de Agronegócios da Fundação Getúlio Vargas (FGV Agro). Além disso, o gado alimentado com ração também está se beneficiando da queda nos preços de grãos, como soja e milho, que recuaram 20% e 30%, respectivamente, nos últimos 12 meses, segundo dados do Cepea.
Entretanto, devido aos custos envolvidos em outros estágios da cadeia produtiva, os consumidores não estão experimentando a mesma intensidade de redução nos preços nos supermercados.

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