Relatório da defensoria pública aponta dados alarmantes sobre a abordagem policial e prisões realizadas durante a operação.
Foto: Carlos Abelha |
Desde o final de julho, a Operação Escudo tem se desdobrado na Baixada Santista, com resultados marcados por polêmica e questionamentos. A ação, lançada em resposta à morte do soldado Patrick Bastos Reis, das Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota), já levou à morte de 20 pessoas, todas, segundo a Secretaria de Estado da Segurança Pública de São Paulo (SSP), em situações onde teriam reagido às abordagens policiais. A investigação dos casos está em curso, conforme informações da pasta.
A operação, que foi iniciada em 28 de julho, logo após o assassinato do soldado em Guarujá, no litoral paulista, manteve sua presença na região mesmo após a prisão de três suspeitos relacionados ao crime. De acordo com os dados fornecidos pela SSP, ao longo das ações, 563 pessoas foram detidas, das quais 213 estavam sendo procuradas pela Justiça.
Entretanto, a atuação das forças de segurança na Operação Escudo tem gerado preocupação em relação aos direitos humanos e ao uso da força. Diversos relatos de torturas, invasões de domicílios e outros excessos foram reportados por entidades de defesa desses direitos desde o início da operação.
O quadro se torna ainda mais inquietante diante das constatações do relatório divulgado pela Defensoria Pública de São Paulo, na última sexta-feira (18). Segundo o documento, 90% das pessoas presas em flagrante durante a operação estavam desarmadas, e em 67% dos casos não houve apreensão de drogas. O relatório também destaca que 55% dos detidos eram réus primários.
Outro ponto ressaltado pelo estudo é a faixa etária dos detidos, onde sete em cada dez pessoas têm entre 18 e 34 anos, e 60% se autodeclaram pardas. Esses dados colocam em evidência o perfil predominante dos abordados e detidos, trazendo à tona questionamentos sobre a abordagem policial e seus potenciais reflexos na população jovem e de minorias.
A Operação Escudo, que tinha como objetivo original responder ao trágico homicídio do soldado, parece agora suscitar debates mais amplos sobre a relação entre as forças de segurança, os direitos individuais e a eficácia das ações policiais. Enquanto os desdobramentos legais e as investigações continuam, a sociedade aguarda respostas e medidas para garantir a integridade de todos os envolvidos.
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