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Morre Nana Caymmi aos 84 anos no Rio de Janeiro

Nana Caymmi, uma das maiores cantoras do Brasil, morreu aos 84 anos. A artista estava internada desde 2024 no Rio com problemas cardíacos.

Internada desde agosto, a cantora Nana Caymmi será lembrada por interpretações intensas e repertório refinado.
Internada desde agosto, a cantora Nana Caymmi será lembrada por interpretações intensas e repertório refinado. Foto: Ricardo Borges/Folhapress

A cantora Nana Caymmi, uma das vozes mais marcantes da música brasileira, faleceu nesta quinta-feira (1º), aos 84 anos, no Rio de Janeiro. Ela estava internada desde agosto de 2024 na Casa de Saúde São José, em Botafogo, zona sul da capital fluminense, tratando uma arritmia cardíaca.

O falecimento da artista encerra um capítulo importante da história da música popular brasileira (MPB), marcada por sua interpretação intensa, repertório refinado e fidelidade às raízes familiares e musicais.

A trajetória de uma voz única da MPB

Nascida Dinahir Tostes Caymmi em 29 de abril de 1941, Nana foi filha do icônico compositor Dorival Caymmi e de Stella Maris. Desde cedo, conviveu com a arte — ambiente que ajudou a moldar sua sensibilidade musical. Seu primeiro registro foi ainda bebê, no dueto com o pai em “Acalanto”, canção composta especialmente para ela.

Momentos marcantes da carreira

  • Em 1966, venceu o Festival Internacional da Canção, mesmo sendo vaiada durante a apresentação de “Saveiros”, de Dori Caymmi.
  • Gravou obras de autores como Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Milton Nascimento e Roberto Carlos.
  • Teve músicas incluídas em trilhas sonoras de novelas e minisséries da TV Globo.
  • Recebeu, ao lado dos irmãos Dori e Danilo Caymmi, o título de cidadã baiana em 2004.

Apesar de anunciar a aposentadoria algumas vezes, sempre retornava aos palcos, como no centenário de Dorival Caymmi, celebrado em apresentações com os irmãos.

Vida pessoal e desafios

Aos 18 anos, casou-se com um médico venezuelano e mudou-se para a Venezuela. A experiência foi difícil, e Nana retornou ao Brasil com as filhas Estela e Denise, grávida de João Gilberto — fruto de um relacionamento breve com o músico homônimo, embora o nome da criança não tenha relação direta com o artista baiano.

Mesmo diante de obstáculos pessoais e de saúde, a artista manteve-se fiel à sua visão musical. Como destacou o crítico Mauro Ferreira, sua discografia é marcada por “extrema coerência” nas escolhas de repertório, arranjadores e produtores.

Legado e impacto cultural

Nana Caymmi deixa um legado artístico que transcende gerações. Sua voz, grave e carregada de emoção, foi um traço distintivo que conquistou público e crítica. Suas interpretações de clássicos como “Saudade da Bahia” e “O Que É Que a Baiana Tem” renovaram canções do pai e fortaleceram sua identidade artística.

Além da relevância musical, sua carreira é um testemunho da força feminina na MPB — especialmente em um período em que os festivais de música eram palco de tensões culturais e políticas.

Homenagens e despedidas

Diversos artistas e instituições manifestaram pesar pela morte de Nana Caymmi. O Museu da Imagem e do Som (MIS) e a Academia Brasileira de Cultura destacaram seu papel na preservação da memória musical do país.

Até a publicação desta matéria, a equipe da artista ainda não havia divulgado a data e o local do velório.

A morte de Nana Caymmi representa uma perda irreparável para a música brasileira. Ela construiu uma trajetória marcada por autenticidade, superação e talento, e o público continuará lembrando sua carreira como referência de excelência artística.

Seu legado permanece vivo nas gravações e na memória afetiva de quem se emocionou com sua arte.

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