terça-feira, agosto 19

CPI da Publicidade: a manobra da oposição e o risco judicial

Oposição garante maioria na CPI da Publicidade, mas manobra pode ser suspensa pela Justiça. Governo Raquel Lyra promete reagir.

A manobra da oposição e o risco de um xeque-mate judicial
A manobra da oposição e o risco de um xeque-mate judicial da CPI da Publicidade. Foto: Gabriel Costa

A formação da CPI da Publicidade na Alepe expôs uma manobra ousada da oposição. A saída repentina dos deputados Júnior Matuto, Waldemar Borges e Diogo Moraes do PSB para o PRD, MDB e PSDB foi articulada para garantir maioria no colegiado e enfraquecer o governo Raquel Lyra.

Com cinco das nove cadeiras, a oposição assegurou o controle da comissão, conquistando presidência e relatoria, o que amplia seu poder de investigação sobre os contratos de publicidade do governo estadual.

Documentos do TSE expõem fragilidade

Apesar do impacto político, a manobra pode não resistir à análise da Justiça. Certidões emitidas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no mesmo dia da mudança ainda registravam os parlamentares como filiados ao PSB.

Esse detalhe técnico é crucial. A legislação obriga os deputados a registrar qualquer troca de partido no sistema eletrônico da Justiça Eleitoral. Se não realizarem esse registro, a Justiça pode invalidar as novas filiações e fragilizar toda a operação da oposição.

A reação do governo Raquel Lyra

A base governista já sinalizou que não deixará o movimento sem resposta. A líder do governo na Alepe, Socorro Pimentel (UB), classificou a ação como uma “manobra desesperada” e confirmou a possibilidade de judicialização da CPI da Publicidade.

A estratégia é clara: se a Justiça reconhecer que os deputados não oficializaram as mudanças partidárias, ela pode anular a maioria oposicionista na comissão. Isso devolveria ao governo um espaço de equilíbrio dentro da Alepe.

O que está em jogo na CPI da Publicidade

A disputa não se restringe à investigação dos contratos de publicidade. A CPI da Alepe tornou-se um símbolo do enfrentamento político entre governo e oposição. O controle da comissão significa:

  • Definir o ritmo das investigações;
  • Indicar os cargos de liderança (presidência e relatoria);
  • Ampliar a pressão sobre a governadora Raquel Lyra.

Ao conquistar maioria, a oposição mostrou força, mas também imprudência. A ausência de registro eletrônico no TSE pode transformar o “drible político” em um erro técnico de grandes proporções.

O jogo será decidido na Justiça

A batalha pela CPI da Publicidade vai além do plenário da Alepe. O que se projeta é um embate que será definido também nos tribunais.

Se a oposição tentou agir como Garrincha, surpreendendo o governo com um drible inesperado, pode acabar escorregando no gramado da legalidade. Caberá à Justiça apitar o lance decisivo, enquanto o governo Raquel Lyra prepara sua reação com medidas jurídicas firmes.

No tabuleiro político de Pernambuco, a partida está longe de terminar — e a próxima jogada será no campo judicial.

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