Oposição garante maioria na CPI da Publicidade, mas manobra pode ser suspensa pela Justiça. Governo Raquel Lyra promete reagir.

A formação da CPI da Publicidade na Alepe expôs uma manobra ousada da oposição. A saída repentina dos deputados Júnior Matuto, Waldemar Borges e Diogo Moraes do PSB para o PRD, MDB e PSDB foi articulada para garantir maioria no colegiado e enfraquecer o governo Raquel Lyra.
Com cinco das nove cadeiras, a oposição assegurou o controle da comissão, conquistando presidência e relatoria, o que amplia seu poder de investigação sobre os contratos de publicidade do governo estadual.
Documentos do TSE expõem fragilidade
Apesar do impacto político, a manobra pode não resistir à análise da Justiça. Certidões emitidas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no mesmo dia da mudança ainda registravam os parlamentares como filiados ao PSB.
Esse detalhe técnico é crucial. A legislação obriga os deputados a registrar qualquer troca de partido no sistema eletrônico da Justiça Eleitoral. Se não realizarem esse registro, a Justiça pode invalidar as novas filiações e fragilizar toda a operação da oposição.
A reação do governo Raquel Lyra
A base governista já sinalizou que não deixará o movimento sem resposta. A líder do governo na Alepe, Socorro Pimentel (UB), classificou a ação como uma “manobra desesperada” e confirmou a possibilidade de judicialização da CPI da Publicidade.
A estratégia é clara: se a Justiça reconhecer que os deputados não oficializaram as mudanças partidárias, ela pode anular a maioria oposicionista na comissão. Isso devolveria ao governo um espaço de equilíbrio dentro da Alepe.
O que está em jogo na CPI da Publicidade
A disputa não se restringe à investigação dos contratos de publicidade. A CPI da Alepe tornou-se um símbolo do enfrentamento político entre governo e oposição. O controle da comissão significa:
- Definir o ritmo das investigações;
- Indicar os cargos de liderança (presidência e relatoria);
- Ampliar a pressão sobre a governadora Raquel Lyra.
Ao conquistar maioria, a oposição mostrou força, mas também imprudência. A ausência de registro eletrônico no TSE pode transformar o “drible político” em um erro técnico de grandes proporções.
O jogo será decidido na Justiça
A batalha pela CPI da Publicidade vai além do plenário da Alepe. O que se projeta é um embate que será definido também nos tribunais.
Se a oposição tentou agir como Garrincha, surpreendendo o governo com um drible inesperado, pode acabar escorregando no gramado da legalidade. Caberá à Justiça apitar o lance decisivo, enquanto o governo Raquel Lyra prepara sua reação com medidas jurídicas firmes.
No tabuleiro político de Pernambuco, a partida está longe de terminar — e a próxima jogada será no campo judicial.
CEO do Portal Fala News, Jornalista pela UNIFG, licenciado em Letras PT/ES pela FAESC, formado em psicanálise pela ABEPE, pós-graduado em linguística aplicada as línguas portuguesa e espanhola pela FAESC, e MBA em Marketing Digital e Mídias Sociais pela UniNassau. Analista de política e economia, colunista sobre psicanálise, amante dos livros e dedicado a levar informação com transparência e credibilidade.