Ex-ministro do governo Bolsonaro, General Braga Netto foi detido no Rio e é acusado de coordenar articulação golpista.
A Polícia Federal prendeu, na manhã deste sábado (14), o general da reserva Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e da Defesa no governo Jair Bolsonaro e candidato a vice-presidente na chapa de 2022. Ele foi detido em sua residência, em Copacabana, no Rio de Janeiro, como parte das investigações sobre a tentativa de golpe de Estado.
Segundo informações preliminares, os agentes da Polícia Federal realizaram o exame de corpo de delito no general e planejam encaminhá-lo ao Comando Militar do Leste, onde ele permanecerá sob custódia.
Investigação aponta papel central de Braga Netto
As apurações da Polícia Federal indicam que Braga Netto foi um dos principais articuladores do planejamento golpista. De acordo com os investigadores, ele teria financiado ações ilegais e fornecido suporte logístico para atividades que visavam impedir a posse do governo eleito em 2022. Um dos episódios relatados cita o uso de uma sacola de vinho para transportar dinheiro destinado aos apoiadores do golpe.
Além de Braga Netto, o inquérito envolve outros nomes de destaque, como o ex-presidente Jair Bolsonaro, o ex-ajudante de ordens Mauro Cid e ex-membros do alto escalão militar. A Polícia Federal acusa o grupo de cometer crimes como tentativa de abolição do estado democrático de direito, golpe de Estado e organização criminosa.
Reunião em novembro foi ponto de partida, diz PF
Entre as evidências levantadas pela PF, está uma reunião realizada em novembro de 2022, na casa de Braga Netto. Nesse encontro, os envolvidos teriam discutido o planejamento de ações clandestinas para restringir a atuação do Judiciário e evitar a posse do presidente eleito. Após a aprovação do plano, começaram os preparativos operacionais e o financiamento de manifestações que clamavam por intervenção militar.
Ainda segundo as investigações, Braga Netto teria desempenhado o papel de coordenador de um “gabinete de crise” criado para consolidar a articulação golpista. Outros militares, como o general Augusto Heleno, também estariam envolvidos nesse grupo.
Delações e novas prisões intensificam o caso
Mauro Cid forneceu informações detalhadas sobre a organização do golpe em sua delação premiada, o que impulsionou as investigações. A Polícia Federal usou esses relatos para reunir provas suficientes, decretar a prisão de Braga Netto e realizar buscas em sua residência.
Investigadores afirmaram que planejaram a operação cuidadosamente para evitar coincidências simbólicas com datas históricas, como o aniversário do AI-5, decretado em 13 de dezembro de 1968. Além disso, a PF aguardou o retorno de Braga Netto ao Rio de Janeiro para reduzir o impacto sobre sua família e realizar as diligências com discrição.
Repercussão preocupa aliados de Bolsonaro
A prisão de Braga Netto gerou apreensão no núcleo próximo ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Nas últimas semanas, a defesa de Bolsonaro adotou uma nova estratégia, alegando que um eventual golpe beneficiaria os militares, e não o próprio ex-presidente. Essa postura, no entanto, foi mal recebida por integrantes das Forças Armadas, que temem que outros investigados optem pela delação premiada para atenuar suas penas.
Com a prisão de Braga Netto, a pressão sobre o ex-presidente e seus aliados cresce, e o desdobramento das investigações pode trazer novos desfechos nos próximos dias.
CEO do Portal Fala News, Jornalista pela UNIFG, licenciado em Letras PT/ES pela FAESC, formado em psicanálise pela ABEPE, pós-graduado em linguística aplicada as línguas portuguesa e espanhola pela FAESC, e MBA em Marketing Digital e Mídias Sociais pela UniNassau. Analista de política e economia, colunista sobre psicanálise, amante dos livros e dedicado a levar informação com transparência e credibilidade.