segunda-feira, agosto 18

Aprovação de Lula supera rejeição após ameaças de Trump

Lula tem aprovação de 50,2% e reprovação de 49,7%, segundo dados do Latam Pulse divulgados nesta quinta (31).

Governo Lula tem apoio do povo para enfrentar sanção de Trump. Foto - Ricardo Stuckert
Governo Lula tem apoio do povo para enfrentar sanção de Trump. Foto – Ricardo Stuckert

A aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) superou, pela primeira vez em 2025, a desaprovação. O dado consta no levantamento Latam Pulse — iniciativa conjunta da AtlasIntel com a Bloomberg — divulgado nesta quinta-feira (31). A pesquisa mostra que 50,2% dos brasileiros aprovam a atuação do presidente, enquanto 49,7% desaprovam. A última vez em que a aprovação havia ultrapassado a rejeição foi em outubro de 2024.

Segundo o levantamento, o crescimento na avaliação positiva está diretamente relacionado ao contexto geopolítico recente. Durante os meses de maio, junho e julho, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou aplicar tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. A reação do governo Lula, com forte discurso nacionalista e defesa da soberania econômica, parece ter reforçado sua imagem entre parte do eleitorado.

Tendência de melhora

O levantamento também aponta uma tendência de recuperação contínua na avaliação de Lula desde o início de maio. A imagem do presidente é considerada positiva por 51% dos entrevistados, contra 48% que a consideram negativa. A rejeição ao governo, embora ainda numericamente superior nas categorias “ruim” e “péssimo” (48,2%), caiu 3 pontos percentuais. Já as avaliações “ótimo” e “bom” subiram de forma expressiva, alcançando 46,6%.

Entre junho e julho, o salto na percepção positiva foi de 4 pontos percentuais — um movimento que pode ser atribuído à combinação de enfrentamento externo e políticas públicas internas de impacto direto na população.

Ações mais bem avaliadas do governo Lula

As principais iniciativas que impulsionaram a avaliação positiva do governo Lula, segundo a pesquisa, incluem:

  • Gratuidade de medicamentos no Programa Farmácia Popular
  • Isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil
  • Retirada de garimpeiros ilegais de terras indígenas
  • Avanço nas negociações do acordo Mercosul-União Europeia
  • Programa Desenrola Brasil (renegociação de dívidas)
  • Retomada do Minha Casa, Minha Vida

Essas medidas, de forte apelo social e econômico, são apontadas como decisivas para a melhora da imagem presidencial.

Pontos negativos ainda pesam

Apesar da recuperação, há críticas persistentes ao governo. Entre as ações mais mal avaliadas estão:

  • Comparação das ações de Israel ao nazismo, feita por Lula
  • Retirada de estatais do programa de privatização
  • Aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras)
  • Implementação da “taxa das blusinhas” sobre importados

Esses temas geraram forte repercussão negativa, principalmente entre o eleitorado mais alinhado ao mercado e setores conservadores.

Bolsonaro e aliados em queda

O levantamento também avaliou a imagem de outras lideranças políticas. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que segundo analistas teria incentivado o “tarifaço” de Trump como forma de pressionar Lula, sofreu nova queda: 55% de desaprovação, ante 44% de aprovação. A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro segue com números semelhantes: 54% de desaprovação e 42% de aprovação.

O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) teve aumento na desaprovação, atingindo 52%. Já entre os governadores aliados de Bolsonaro, Tarcísio de Freitas (SP) é o único com saldo positivo: 47% de aprovação contra 46% de rejeição.

No governo Lula, os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Marina Silva (Meio Ambiente) seguem com avaliação mais negativa do que positiva. O vice-presidente Geraldo Alckmin tem avaliação dividida: 50% aprovam e 50% desaprovam.

Cenário político em transformação

A reversão na curva de aprovação do presidente Lula marca um momento importante no cenário político brasileiro em 2025. A combinação entre enfrentamento externo e medidas sociais internas parece estar remodelando as percepções da população.

Embora ainda haja desafios, especialmente na economia e na comunicação política, os dados do Latam Pulse indicam que a estratégia do Planalto começa a surtir efeito — ao menos no campo da opinião pública.


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