Após deixar o governo, Lupi pede cautela sobre Ciro e bancada do PDT se declara independente de Lula.

Dias após deixar o Ministério da Previdência, Carlos Lupi se reuniu com os deputados federais do PDT. O encontro aconteceu na manhã de terça-feira (6/4), na residência do líder da bancada na Câmara, deputado Mário Heringer (MG). Durante a conversa, o agora ex-ministro pediu que os parlamentares evitem estimular uma candidatura presidencial de Ciro Gomes neste momento.
Nesse sentido, Lupi argumentou que lançar um nome próprio em 2026 pode isolar o partido politicamente. Conforme relataram deputados presentes, ele defendeu que a legenda mantenha suas opções abertas. Ainda segundo os relatos, o PDT poderia, eventualmente, buscar um caminho distinto tanto do presidente Lula quanto de Ciro.
Além disso, a reunião contou com a presença dos 17 deputados da sigla. O encontro marcou uma mudança de posicionamento da bancada em relação ao governo federal. De forma unânime, os pedetistas decidiram se declarar um grupo parlamentar independente.
Bancada anuncia independência em relação ao governo
De acordo com os parlamentares, a ideia é seguir apoiando propostas ligadas a direitos sociais, como as pautas chamadas de “identitárias”. No entanto, nas votações econômicas, o partido pretende adotar uma postura mais livre. Essa estratégia visa permitir maior flexibilidade política.
Ainda na reunião, Carlos Lupi optou por não comentar a crise recente no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A situação veio à tona após reportagens do portal Metrópoles, que apontaram falhas na gestão do órgão. Apesar disso, os deputados presentes aproveitaram para criticar a condução política do caso por parte do Palácio do Planalto.
Segundo fontes da bancada, o descontentamento não se limitou à crise no INSS. Parlamentares também demonstraram insatisfação com o processo de nomeação do novo ministro da Previdência, Wolney Queiroz (PDT). Eles alegam que a bancada não foi consultada antes do convite feito por Lula a Wolney.
Nomeação sem consulta gerou desconforto
Esse episódio, conforme relatado por alguns deputados, gerou desconforto interno. A falta de diálogo com a bancada foi apontada como um fator que contribuiu para o novo posicionamento do partido. Embora o PDT ainda mantenha uma postura de diálogo com o governo, a sinalização de independência mostra que a legenda deseja maior autonomia.
Nesse contexto, a fala de Carlos Lupi reforça a ideia de cautela. Ao pedir que o PDT não antecipe a candidatura de Ciro Gomes, ele sinaliza a necessidade de articulação mais ampla. A avaliação é que se posicionar cedo demais pode limitar alianças ou criar barreiras em um cenário político ainda incerto.
Ainda que não tenha entrado em detalhes sobre o futuro político do partido, Lupi deixou claro que há espaço para outras construções. Dessa forma, ele defende que o PDT se mantenha aberto a alianças e a diferentes alternativas, inclusive fora dos polos representados por Lula e Ciro.
Lupi prega prudência sobre 2026
A posição defendida por Lupi foi vista como um gesto de reaproximação com a bancada. Após sua saída do ministério, houve ruídos internos sobre o papel do ex-ministro na articulação política. Com a reunião, ele tenta reequilibrar as relações internas e reforçar sua liderança no partido.
Por outro lado, o grupo de deputados demonstrou que deseja mais participação nas decisões estratégicas. A crítica à nomeação de Wolney Queiroz sem consulta direta é um indicativo dessa demanda por protagonismo.
Apesar das divergências, não há indicação de ruptura interna. Ao contrário, os parlamentares indicam que o objetivo é construir consensos dentro do partido. A autonomia na Câmara é vista como uma forma de fortalecer a sigla no médio prazo.
Novo cenário aponta para reposicionamento do PDT
Com esse movimento, o PDT tenta redesenhar sua posição no Congresso Nacional. A postura de independência não significa oposição, mas, sim, liberdade para negociar caso a caso. Essa mudança também reflete um cenário mais fragmentado na base do governo Lula, que perdeu apoio formal de outras legendas nos últimos meses.
Embora Carlos Lupi não esteja mais no governo, sua influência segue presente. Seu pedido de prudência quanto a Ciro Gomes pode indicar uma tentativa de reposicionar o partido como uma força de centro. Para isso, o PDT precisa manter diálogo aberto com diferentes setores.
Resta saber como essa nova postura será interpretada pelos eleitores e aliados. Enquanto isso, o partido segue buscando seu espaço no debate nacional.
CEO do Portal Fala News, Jornalista pela UNIFG, licenciado em Letras PT/ES pela FAESC, formado em psicanálise pela ABEPE, pós-graduado em linguística aplicada as línguas portuguesa e espanhola pela FAESC, e MBA em Marketing Digital e Mídias Sociais pela UniNassau. Analista de política e economia, colunista sobre psicanálise, amante dos livros e dedicado a levar informação com transparência e credibilidade.