Ministro Carlos Lupi avalia deixar cargo após escolha de novo presidente do INSS sem sua participação.

O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, avalia pedir exoneração do cargo em meio à crise envolvendo fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Aliados próximos consideram a possibilidade com cautela e planejam discuti-la diretamente com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O encontro entre os dois, embora não conste na agenda oficial, pode ocorrer de forma reservada nesta sexta-feira (2).
A crise ganhou força após a nomeação de Gilberto Waller Júnior como novo presidente do INSS — uma escolha feita pelo Palácio do Planalto sem o aval de Lupi nem do seu partido, o PDT. Nos bastidores, essa decisão foi interpretada como um sinal claro de enfraquecimento político do ministro.
Investigação e medidas contra fraudes
Durante audiência na Câmara dos Deputados na última terça-feira (29), Carlos Lupi esteve por mais de cinco horas defendendo sua atuação frente à pasta. Ele apresentou um balanço das ações adotadas para enfrentar os casos de fraude na concessão de benefícios previdenciários.
Segundo Lupi, o governo federal iniciou 268 investigações de fraudes em dois anos. Ainda em 2023, o ministro afirmou ter solicitado uma apuração interna sobre denúncias de corrupção no órgão. O então diretor responsável pela investigação, porém, atrasou a entrega do relatório e foi exonerado em julho de 2024.
A Controladoria-Geral da União (CGU) e a Polícia Federal também acompanham os desdobramentos das denúncias. O volume crescente de processos administrativos disciplinares aponta para um cenário complexo dentro da autarquia.
Fontes oficiais como o Portal da Transparência e os dados da CGU confirmam o número de apurações em andamento.
Histórico e desgaste político
O atual episódio traz à tona o histórico do ministro. Em 2011, Carlos Lupi também deixou o ministério após denúncias sobre desvios de recursos em convênios com organizações não governamentais. Na época, resistiu por semanas antes de pedir demissão, antecipando-se a uma provável decisão da então presidente Dilma Rousseff (PT).
Agora, aliados próximos relatam cansaço e isolamento político, o que reforça a possibilidade de saída voluntária. Lupi, no entanto, fez questão de se defender enquanto ainda comanda a pasta. Para interlocutores, essa postura visa preservar sua imagem pública e a do partido.
Impacto político: PDT pode deixar base do governo
Dentro do PDT, a permanência no governo federal está diretamente atrelada à continuidade de Carlos Lupi na Esplanada dos Ministérios. O líder do partido na Câmara, Mário Heringer (PDT-RS), já indicou que a saída do ministro poderá levar a sigla a abandonar a base de apoio ao Planalto.
“Se demitir o nosso presidente Lupi, nós queremos também sair desse compartimento político”, disse Heringer em entrevista recente.
A possível debandada do PDT representaria mais um desafio para o governo Lula, que já busca consolidar apoio no Congresso em meio a reformas e disputas por espaço político.
A crise no INSS trouxe à tona não apenas suspeitas de corrupção, mas também acentuou um processo de desgaste político dentro da Previdência Social. A permanência ou saída de Carlos Lupi dependerá de fatores políticos e institucionais, além da conversa reservada com o presidente Lula. A situação continua em desenvolvimento, e novas atualizações são esperadas nas próximas horas.

CEO do Portal Fala News, Jornalista pela UNIFG, licenciado em Letras PT/ES pela FAESC, formado em psicanálise pela ABEPE, pós-graduado em linguística aplicada as línguas portuguesa e espanhola pela FAESC, e MBA em Marketing Digital e Mídias Sociais pela UniNassau. Analista de política e economia, colunista sobre psicanálise, amante dos livros e dedicado a levar informação com transparência e credibilidade.