domingo, junho 22

Aliados admitem saída de Lupi após escândalo no INSS

Ministro Carlos Lupi avalia deixar cargo após escolha de novo presidente do INSS sem sua participação.

Carlos Lupi pode deixar ministério após crise no INSS
Carlos Lupi pode deixar ministério após crise no INSS. Foto: Lula Marques

O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, avalia pedir exoneração do cargo em meio à crise envolvendo fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Aliados próximos consideram a possibilidade com cautela e planejam discuti-la diretamente com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O encontro entre os dois, embora não conste na agenda oficial, pode ocorrer de forma reservada nesta sexta-feira (2).

A crise ganhou força após a nomeação de Gilberto Waller Júnior como novo presidente do INSS — uma escolha feita pelo Palácio do Planalto sem o aval de Lupi nem do seu partido, o PDT. Nos bastidores, essa decisão foi interpretada como um sinal claro de enfraquecimento político do ministro.

Investigação e medidas contra fraudes

Durante audiência na Câmara dos Deputados na última terça-feira (29), Carlos Lupi esteve por mais de cinco horas defendendo sua atuação frente à pasta. Ele apresentou um balanço das ações adotadas para enfrentar os casos de fraude na concessão de benefícios previdenciários.

Segundo Lupi, o governo federal iniciou 268 investigações de fraudes em dois anos. Ainda em 2023, o ministro afirmou ter solicitado uma apuração interna sobre denúncias de corrupção no órgão. O então diretor responsável pela investigação, porém, atrasou a entrega do relatório e foi exonerado em julho de 2024.

A Controladoria-Geral da União (CGU) e a Polícia Federal também acompanham os desdobramentos das denúncias. O volume crescente de processos administrativos disciplinares aponta para um cenário complexo dentro da autarquia.

Fontes oficiais como o Portal da Transparência e os dados da CGU confirmam o número de apurações em andamento.

Histórico e desgaste político

O atual episódio traz à tona o histórico do ministro. Em 2011, Carlos Lupi também deixou o ministério após denúncias sobre desvios de recursos em convênios com organizações não governamentais. Na época, resistiu por semanas antes de pedir demissão, antecipando-se a uma provável decisão da então presidente Dilma Rousseff (PT).

Agora, aliados próximos relatam cansaço e isolamento político, o que reforça a possibilidade de saída voluntária. Lupi, no entanto, fez questão de se defender enquanto ainda comanda a pasta. Para interlocutores, essa postura visa preservar sua imagem pública e a do partido.

Impacto político: PDT pode deixar base do governo

Dentro do PDT, a permanência no governo federal está diretamente atrelada à continuidade de Carlos Lupi na Esplanada dos Ministérios. O líder do partido na Câmara, Mário Heringer (PDT-RS), já indicou que a saída do ministro poderá levar a sigla a abandonar a base de apoio ao Planalto.

“Se demitir o nosso presidente Lupi, nós queremos também sair desse compartimento político”, disse Heringer em entrevista recente.

A possível debandada do PDT representaria mais um desafio para o governo Lula, que já busca consolidar apoio no Congresso em meio a reformas e disputas por espaço político.

A crise no INSS trouxe à tona não apenas suspeitas de corrupção, mas também acentuou um processo de desgaste político dentro da Previdência Social. A permanência ou saída de Carlos Lupi dependerá de fatores políticos e institucionais, além da conversa reservada com o presidente Lula. A situação continua em desenvolvimento, e novas atualizações são esperadas nas próximas horas.

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