sexta-feira, novembro 22

Preterido pelo PSB para ministério, Paulo Câmara pede desfiliação do partido

Ex-governador de PE ficou incomodado com articulação que priorizou ministério para Márcio França

Paulo Câmara
Foto: Divulgação
O ex-governador de Pernambuco Paulo Câmara anunciou nesta sexta-feira (27) sua saída do PSB, partido ao qual era filiado havia oito anos.
Embora agradeça a parceria em uma carta dirigida ao presidente da legenda, Carlos Siqueira, o pano de fundo é a insatisfação com a articulação do PSB que priorizou a indicação de Márcio França para o primeiro escalão do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O partido se uniu em torno do ex-governador de São Paulo na expectativa de ser contemplado com Cidades, mas acabou ficando com Portos e Aeroportos que tem relevância mais restrita a São Paulo.
O incômodo é ainda maior com o diretório de Pernambuco que, segundo interlocutores, preteriu a ala do partido com maior musculatura. Ao indicar França, aumentam as chances de a deputada federal Tabata Amaral se consolidar como candidata à prefeitura de São Paulo.
Outro motivo para a desfiliação de Câmara é a sinalização que recebeu de Lula de que deverá presidir o Banco do Nordeste. A legislação atual prevê uma quarentena de pelo menos 30 dias de cargos de direção partidária para assumir a presidência de estatais. O ex-governador era também vice-presidente nacional do PSB.
Na carta dirigida a Siqueira, Câmara lembra que entrou na legenda a convite de Eduardo Campos e teve a “difícil tarefa” de suceder o “melhor governador da história”.
“Ao tempo que finalizei a honrosa tarefa de ser governador de Pernambuco também avaliei concluída minha história partidária junto ao PSB”, anuncia.
“Não estaremos mais ombro a ombro, mas permaneceremos no mesmo front, defendendo políticas públicas que priorizem os mais vulneráveis e lutando por um Brasil mais justo”, diz o ex-governador.
Câmara afirma que Pernambuco teve avanços “em todas as áreas da gestão, sobretudo na educação, ao atingir a marca de melhor ensino médio do país” enquanto esteve à frente do Executivo estadual. Ainda mencionou o enfrentamento à pandemia da Covid-19, que começou durante seu mandato.
Paulo Câmara foi um dos primeiros integrantes do PSB a defender o apoio do partido a Lula, ainda em 2021, quando o então ex-presidente recuperou os direitos políticos após anulações das condenações na Operação Lava Jato. À época, o prefeito do Recife, João Campos, ainda tinha resistência à aliança.
Folha SP

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