quarta-feira, setembro 10

14 milhões superam pobreza no Brasil, diz governo

Número de famílias em situação de pobreza no CadÚnico caiu 25% entre 2023 e 2025, segundo o MDS, com 14 milhões de pessoas superando a linha da pobreza.

Número de famílias pobres caiu de 26,1 milhões em 2023 para 19,5 milhões em 2025.
Número de famílias pobres caiu de 26,1 milhões em 2023 para 19,5 milhões em 2025. Foto: André Oliveira/MDS

O Brasil registrou uma queda de 25% no número de famílias em situação de pobreza cadastradas no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) entre maio de 2023 e julho de 2025. De acordo com dados divulgados pelo Monitora MDS, ferramenta oficial do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), o número de domicílios pobres caiu de 26,1 milhões para 19,56 milhões no período.

Esse resultado representa que 6,55 milhões de famílias superaram a linha de pobreza, definida como renda mensal de até R$ 218 por pessoa. No total, cerca de 14,17 milhões de indivíduos passaram a viver com renda superior a esse limite.

Avanço atribuído a renda e programas sociais

O ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Wellington Dias, destacou que a elevação da renda é essencial para a segurança alimentar e para a melhoria das condições de vida.

“A renda é um componente fundamental para as pessoas terem acesso aos alimentos. O resultado é que, combinando desenvolvimento econômico e social, tiramos o Brasil do Mapa da Fome. As pessoas estão saindo da pobreza seja pelo trabalho ou pelo empreendedorismo”, afirmou.

Além do impacto direto no combate à fome, os dados indicam uma redução da vulnerabilidade social, associada a fatores como mercado de trabalho mais aquecido, expansão do empreendedorismo e avanços nos programas sociais.

Integração de dados e qualificação do CadÚnico

Um estudo realizado pela Secretaria de Avaliação, Gestão da Informação e Cadastro Único (Sagicad) revelou que parte desse resultado está relacionada à melhoria do processo de coleta e atualização de informações.

O secretário da Sagicad, Rafael Osório, explicou que o cruzamento automático de dados permitiu reduzir a dependência da autodeclaração dos cidadãos.

“Com a integração das informações com outras bases de dados, reduzimos a dependência da autodeclaração. Este avanço diminui o esforço das famílias, alivia a carga sobre os municípios na atualização cadastral e qualifica as informações usadas pelos programas sociais”, afirmou.

Entre as bases integradas está o Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS), que fornece dados sobre renda formal, benefícios previdenciários e assistenciais. Desde 2023, o MDS realizou sete grandes ações de integração, atualizando informações de 33 milhões de pessoas.

Três grupos de renda no CadÚnico

O CadÚnico organiza as famílias em diferentes faixas de renda:

  • Pobreza: até R$ 218 por pessoa.
  • Baixa renda: de R$ 218,01 até meio salário mínimo.
  • Acima de meio salário mínimo.

Esse critério é utilizado para definir a elegibilidade de programas sociais como o Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada (BPC).

Na primeira ação de integração com o CNIS, cerca de 15% das famílias pobres migraram para a faixa de baixa renda ou acima de meio salário mínimo. Entre os que estavam na baixa renda, 29% subiram de faixa, demonstrando um movimento de ascensão social.

Entrevista domiciliar obrigatória

Outro fator que contribuiu para a redução da pobreza registrada no CadÚnico foi a implementação da Lei nº 15.077/2024, que passou a exigir entrevista domiciliar para inclusão de famílias unipessoais no Bolsa Família e no BPC.

Essa medida buscou evitar fraudes e ampliar a precisão das informações, excetuando grupos como indígenas, quilombolas e população em situação de rua.

Entre janeiro e julho de 2025, a proporção de cadastros atualizados por meio de entrevistas domiciliares saltou de 11,5% para 40,2%.

Busca ativa de grupos vulneráveis

O governo federal também reforçou a busca ativa de grupos em maior vulnerabilidade, como:

  • Famílias unipessoais;
  • Povos indígenas e comunidades quilombolas;
  • População em situação de rua;
  • Pessoas idosas ou com deficiência;
  • Crianças em situação de trabalho infantil.

A estratégia ampliou o alcance do CadÚnico e garantiu que os benefícios sociais chegassem a quem realmente precisa.

Desafios persistem

Apesar da queda significativa no número de famílias em situação de pobreza, especialistas alertam que os desafios permanecem. A renda de milhões de brasileiros ainda se mantém próxima ao limite de R$ 218, o que os torna vulneráveis a oscilações no mercado de trabalho e à inflação.

Organizações independentes, como o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), destacam que políticas públicas precisam ser contínuas e integradas, unindo assistência social, geração de emprego e acesso à educação de qualidade.

Perspectivas

O governo federal afirma que continuará ampliando o processo de integração de dados, fortalecendo programas sociais e incentivando políticas de geração de renda.

Para especialistas, os próximos passos envolvem:

  • Consolidar a mobilidade social das famílias que superaram a pobreza;
  • Prevenir o retorno de domicílios vulneráveis à faixa de baixa renda;
  • Investir em qualificação profissional para manter a inclusão no mercado formal.

A redução de 25% no número de famílias em situação de pobreza no CadÚnico em apenas dois anos representa um avanço importante para as políticas sociais brasileiras. O resultado reflete não apenas a melhora no mercado de trabalho, mas também o impacto direto da modernização do sistema de cadastro e da integração de dados.

Embora persistam desafios, os números indicam que milhões de brasileiros estão em processo de ascensão social. Para consolidar esse movimento, será necessário manter esforços contínuos na assistência social, geração de renda e qualificação profissional.

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