sexta-feira, julho 11

Taxa Bolsonaro: tarifa de Trump revela traição ao Brasil

A chamada Taxa Bolsonaro imposta por Trump gera crise diplomática e coloca em xeque discurso patriótico do PL.

Jair Bolsonaro e Donald Trump em imagem de 2019 - Brendan Smialowski
Jair Bolsonaro e Donald Trump em imagem de 2019. Foto – Brendan Smialowski

Jair Bolsonaro e seus aliados não cansam de repetir a palavra “patriotismo”. É o bordão central de sua política: apresentar-se como defensor ferrenho da soberania, das cores da bandeira e dos interesses nacionais. Mas, na prática, fica cada vez mais difícil sustentar esse discurso quando se examinam os fatos com atenção — especialmente diante da mais recente crise diplomática com os Estados Unidos.

Donald Trump, presidente americano e aliado declarado de Bolsonaro, impôs ao Brasil uma tarifa de 50% sobre produtos importados. Não foi um gesto isolado ou técnico. Trump fez questão de politizar o anúncio, mencionando o próprio Bolsonaro e criticando instituições brasileiras, especialmente o Supremo Tribunal Federal (STF). É impossível dissociar a medida do alinhamento político entre os dois e do esforço de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, que vive nos EUA há meses em articulações contra autoridades brasileiras.

Eduardo Bolsonaro nos EUA: missão diplomática ou sabotagem?

É preciso perguntar: que papel tem o deputado Eduardo Bolsonaro nesse contexto?

Segundo relatos amplamente divulgados, ele tem trabalhado junto a parlamentares e autoridades norte-americanas para conseguir sanções contra ministros do STF — o mesmo tribunal que impôs limites aos abusos e ilegalidades do bolsonarismo. Em vez de dialogar em favor do Brasil, o deputado articula para que outro país puna instituições nacionais.

Chama atenção o fato de que, após meses de esforços nesse sentido, surge a decisão de Trump de retaliar o Brasil com uma tarifa recorde, justificando-a com argumentos políticos contra o governo Lula, mas também contra o Judiciário brasileiro. É coincidência?

Se fosse qualquer outro político — especialmente um da esquerda — a ser acusado de pedir sanções estrangeiras contra o país, os bolsonaristas chamariam de “traidor”, “entreguista”, “antipatriota”. Mas quando é Eduardo Bolsonaro, o silêncio do grupo é constrangedor.

A contradição do “patriotismo” bolsonarista

É um teste de coerência: como alguém pode se apresentar como patriota enquanto articula medidas que prejudicam economicamente o próprio povo?

A tarifa de 50% não afeta o governo Lula em abstrato: atinge exportadores brasileiros, empresas nacionais, empregos. Torna nossos produtos menos competitivos no mercado americano. É um dano direto aos interesses do Brasil, seja qual for o governo de plantão.

Um verdadeiro patriota criticaria o governo em casa, mas jamais pediria ajuda estrangeira para punir o país. A tentativa de transferir a culpa para Lula soa frágil: se o objetivo fosse proteger o Brasil, não haveria articulação alguma para sabotar o comércio exterior ou desgastar as instituições brasileiras no cenário internacional.

Trump como aliado e fiador do bolsonarismo

A carta de Trump menciona Bolsonaro, ecoa suas críticas ao STF e se apresenta como um aliado pessoal. Isso constrange o discurso bolsonarista que tenta culpar apenas Lula pela crise.

Como explicar para o eleitorado que Trump impõe a maior sobretaxa da história recente ao Brasil, mas continua sendo celebrado como aliado estratégico por Bolsonaro? Que patriotismo é esse que agradece sanções de um líder estrangeiro?

Precisamos debater: quem realmente defende o Brasil?

É hora de ir além da retórica e encarar os fatos: Bolsonaro e seus aliados estão dispostos a prejudicar o Brasil economicamente e diplomaticamente para vencer uma guerra política doméstica.

Ao mesmo tempo em que dizem defender a pátria, fragilizam nossa soberania, expõem nossa economia a retaliações e trabalham contra as instituições democráticas que garantem nossa estabilidade.

A tarifa de Trump é o símbolo dessa contradição: enquanto se enrolam na bandeira, conspiram para sabotá-la.

A pergunta que não quer calar

Quem é o verdadeiro patriota: quem governa e negocia para proteger os interesses do Brasil ou quem articula com um governo estrangeiro para retaliar seu próprio país?

1 Comment

  • Elias Gomes

    A justificativa do presidente americano Donald Trump é mesquinha, desprovida de qualquer critério técnico, foi movida por razões meramente eleitoral e ideológica, amesquinhando descaradamente ao fazer a clara afirmação de que a decisão de taxar o Brasil, foi um ato de retaliação amaericano, tomando as dores da família Bolsonaro que encaminhou um membro da clã para fazer futrica nos Estados Unidos. Isto é política rasteira, pois os interesses do povo brasileiro, seus trabalhadores e empresários, não pode ser submetido a essas intrigas domésticas. O Brasil e os Estados Unidos são maiores que isso. Basta de mediocridade!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *