A ministra presidente do TSE Cármen Lúcia destacou a diversidade no eleitorado e apontou desafios para as eleições de 2026.
A presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Cármen Lúcia, apresentou nesta segunda-feira (9) o Relatório de Avaliação das Eleições 2024. O encontro, realizado na sede do Tribunal em Brasília, contou com a presença dos presidentes dos tribunais regionais eleitorais (TREs) e representantes da imprensa. O evento encerrou uma reunião de trabalho entre os presidentes dos TREs para avaliar o pleito deste ano.
O relatório apresenta tanto os dados quantitativos quanto qualitativos obtidos ao longo do processo eleitoral. Os especialistas do TSE analisaram essas informações com base nos dados fornecidos pelos TREs, cartórios eleitorais e áreas técnicas do Tribunal.
Aumento do eleitorado e maior participação feminina
O aumento do eleitorado foi um dos principais pontos destacados pela ministra. O Brasil registrou um crescimento significativo no número de eleitores, de 147.918.483 em 2020 para 155.912.680 em 2024. O perfil do eleitorado também mudou. Embora as mulheres continuem representando a maioria, com 52,47% do total, a participação feminina segue sendo uma tendência crescente.
Outro dado relevante foi a maior adesão de eleitores negros. A composição racial do eleitorado tem se modificado, com a autodeclaração racial refletindo essa mudança. O percentual de brancos diminuiu para 33,34%, enquanto a porcentagem de pardos aumentou para 53,57%. O número de pretos chegou a 11,39%, e o de indígenas e amarelos é de 0,98% e 0,72%, respectivamente. A ministra Cármen Lúcia destacou que essa mudança é um reflexo da maior conscientização sobre identidade e representatividade racial.
Mudanças no perfil etário do eleitorado
O perfil etário também se alterou significativamente. A faixa etária de 25 a 44 anos agora representa a maior parte do eleitorado, com 62,7 milhões de pessoas. A faixa de 45 a 69 anos conta com 57,8 milhões de eleitores, enquanto os jovens de 16 a 24 anos somam 20 milhões. Além disso, o eleitorado de 70 a 100 anos, que é facultativo, tem 15,2 milhões de pessoas.
Essa transição demográfica foi um ponto abordado pela ministra. Ela explicou que compreender o perfil do eleitorado é essencial para garantir a participação inclusiva e representativa nas eleições, especialmente até 2040, quando essa transformação deve se acentuar ainda mais.
Desafios relacionados à abstenção e aos eleitores facultativos
A ministra também se concentrou nos eleitores facultativos, compostos por jovens de 16 e 17 anos e idosos acima de 70 anos. Embora a participação dos jovens tenha sido alta (93%), menos da metade dos idosos compareceu às urnas. Cármen Lúcia alertou sobre o preconceito etário que muitos idosos enfrentam, sendo frequentemente desencorajados nas filas de votação. Ela pediu mais respeito e incentivo para que essa faixa etária participe ativamente da democracia.
Outro ponto importante discutido foi a questão da abstenção, que muitas vezes é erroneamente interpretada. A ministra alertou para a necessidade de analisar as especificidades do eleitorado facultativo e não tratar sua abstenção da mesma forma que a dos eleitores obrigatórios.
Impactos locais e segurança nas eleições
O evento também abordou os desafios locais durante o pleito, como o impacto das chuvas em Porto Velho (RO), que causaram a suspensão temporária de algumas seções eleitorais. A ministra agradeceu o trabalho das forças de segurança, que contribuíram para garantir o bom andamento das eleições em todo o país.
Além disso, Cármen Lúcia fez um agradecimento especial à imprensa brasileira, que desempenhou um papel crucial na divulgação de informações corretas e no combate à desinformação. Para ela, uma democracia forte só é possível com um Poder Judiciário independente e uma imprensa livre.
Diversidade racial e de gênero nas candidaturas
O relatório também trouxe dados sobre a diversidade nas candidaturas. As pessoas brancas ainda dominam as candidaturas, representando 46,8%, seguidas por pardos (40,3%) e pretos (11,3%). Indígenas e amarelos têm uma representatividade mínima, com 0,6% e 0,4%, respectivamente.
Entre os eleitos, a predominância de brancos continua, com 54,7% dos cargos, seguidos por 37,7% de pardos e 6,3% de pretos. Indígenas e amarelos somam 0,4%. O gênero também é uma questão importante. A maior parte dos prefeitos eleitos (84,69%) são homens, enquanto as mulheres representam apenas 15,28%. Entre os vereadores e vice-prefeitos, as mulheres têm maior representatividade, com 35,40% e 23,25%, respectivamente, mas a paridade ainda está distante.
O Relatório de Avaliação das Eleições 2024 oferece uma visão detalhada sobre a evolução do eleitorado e os desafios enfrentados durante o pleito. As informações apresentadas pela ministra Cármen Lúcia mostram que o Brasil está passando por uma transformação demográfica, com maior participação de mulheres e negros, mas que ainda há muito a ser feito para garantir uma representação mais equitativa nas candidaturas e nos cargos eletivos. Os desafios para as eleições de 2026 foram destacados, especialmente no que diz respeito à inclusão de todos os grupos etários e raciais, bem como à garantia de um processo eleitoral mais justo e transparente.
CEO do Portal Fala News, Jornalista pela UNIFG, licenciado em Letras PT/ES pela FAESC, formado em psicanálise pela ABEPE, pós-graduado em linguística aplicada as línguas portuguesa e espanhola pela FAESC, e MBA em Marketing Digital e Mídias Sociais pela UniNassau. Analista de política e economia, colunista sobre psicanálise, amante dos livros e dedicado a levar informação com transparência e credibilidade.