Ex-ministra que representou a direita nas eleições muda de posição e busca frear o kirchnerismo.
A candidata à presidência da Argentina, Patricia Bullrich, que ficou em terceiro lugar no primeiro turno das eleições, anunciou nesta quarta-feira seu apoio a Javier Milei, o candidato ultraliberal que ficou em segundo lugar. O segundo turno está marcado para o dia 19 de novembro.
O apoio de Bullrich se torna um ponto de discussão devido à sua mudança de postura. Durante a campanha, Bullrich criticou duramente as ideias de Milei, chegando a chamá-las de “perigosas e ruins”. Entretanto, em seu anúncio, ela afirmou que sua decisão visa evitar o “perigo do kirchnerismo”, em referência a Sergio Massa, o candidato do partido peronista que surpreendentemente conquistou a primeira colocação com mais de 36% dos votos no primeiro turno. Milei, por sua vez, obteve cerca de 29% dos votos.
A mudança de posição de Bullrich pode sinalizar um racha interno na coligação “Juntos por el Cambio”. Ela deixou claro que sua decisão é pessoal e não representa necessariamente toda a coligação. No momento do anúncio, Bullrich estava acompanhada do ex-presidente Mauricio Macri, o que levanta expectativas de que parte da coligação possa apoiar Massa.
Javier Milei, por sua vez, reagiu de forma peculiar ao anúncio de Bullrich, publicando em sua conta no Twitter um desenho de um leão abraçando um pato, fazendo referência ao apelido em espanhol de Patricia.
Bullrich, que ficou conhecida como a “candidata da lei e da ordem” durante a campanha eleitoral, devido às suas propostas de endurecimento das penas para menores infratores e a alteração da idade de imputabilidade, teve uma trajetória política que a levou da esquerda para a direita ao longo dos anos, culminando em seu cargo como ministra de Segurança no governo de Mauricio Macri.
O resultado do primeiro turno das eleições presidenciais na Argentina representou um desafio ao longo domínio do kirchnerismo. O candidato peronista, Sergio Massa, conseguiu liderar as votações com uma ampla margem, mostrando que o país está buscando alternativas políticas.
Sergio Massa, que é um peronista, teve uma relação ambígua com o kirchnerismo ao longo de sua carreira política. Ele serviu como ministro nos governos de Néstor e Cristina Kirchner, mas posteriormente rompeu com o movimento e buscou se posicionar como um peronista independente. Em 2015, enfrentou Cristina Kirchner nas eleições presidenciais, mas foi derrotado por Mauricio Macri.
A reconciliação com o kirchnerismo aconteceu em 2019, quando Massa se uniu a Alberto Fernández e Cristina Kirchner como candidato a presidente. Nesse cenário, ele também se tornou presidente da Câmara dos Deputados e posteriormente assumiu o Ministério da Economia em meio a uma crise econômica marcada pela alta inflação e dificuldades de pagamento da dívida com o FMI.
Por outro lado, Javier Milei, o candidato ultraliberal, conquistou o apoio de uma parte expressiva da população argentina, especialmente entre os jovens. Sua retórica anti-establishment e críticas à classe política tradicional o tornaram popular. Apesar de ter sido eleito deputado federal em 2021, não teve um desempenho destacado no cargo.
A Argentina enfrenta desafios econômicos significativos, incluindo uma alta inflação descontrolada e escassez de dólares. O país está diante de escolhas políticas cruciais que moldarão seu futuro. O segundo turno das eleições, marcado para 19 de novembro, será decisivo para determinar o rumo político e econômico que a Argentina seguirá nos próximos anos.
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