sexta-feira, novembro 22

‘Não tive como me defender’, diz vítima que denuncia estupro no Aeroporto do Recife

Em entrevista à TV Globo, uma das mulheres que denunciaram ter sido vítimas de estupro dá detalhes do que sofreu durante entrevista de emprego

Uma das mulheres que dizem ter sido vítimas de estupro durante uma entrevista de emprego no Aeroporto Internacional do Recife Guararapes – Gilberto Freyre, na Zona Sul do Recife, decidiu quebrar o silêncio e dar detalhes do que sofreu. O caso está sob investigação da Polícia Civil.
O suspeito de estupro era funcionário de uma empresa que presta serviços de vigilância no aeroporto. Ele foi desligado após as denúncias serem registradas na Delegacia de Boa Viagem.
A mulher, cujo nome está sendo preservado, relatou que o recrutador mostrou que tinha uma arma no pênis, mandou ela colocar um canivete entre os seios e baixou a calça dela. O suspeito argumentou que a ação era necessária para simular uma revista íntima para identificação de drogas em passageiras.
“Ele, literalmente, baixou minha calça. Eu não tive reação, não sabia o que fazer naquele momento. Eu fiquei congelada. Eu entrei em choque. Eu sabia que ele tinha me mostrado uma arma, tinha um canivete ali, naquele local, a porta estava trancada. Quando ele baixou a minha calça, foi muito rápido. Minha calça era folgada, então ele ‘ingeriu’ o dedo na minha parte íntima, me molestou totalmente, abusou com os dedos. Não tive como me defender porque não tive ação”, relatou a vítima em entrevista à TV Globo.
O caso aconteceu em 29 de junho deste ano. Além dessa vítima, outras duas procuraram a delegacia no dia seguinte para relatar os abusos sexuais sofridos. Uma quarta mulher, segundo advogados, também registrou queixa contra o recrutador, que chegou a ser detido e liberado porque já havia passado o tempo do flagrante.
A vaga seria para inspetor de segurança. Elas ficaram sabendo dessa vaga através de outros candidatos que participaram da seletiva. Individualmente elas foram entrando na sala do recrutador e foram violentadas. A pretexto de mostrar procedimentos, de como seria a atividade laboral na empresa, ele se aproveitou para abusar as vítimas”, disse o advogado Anderson Amorim.

VÍTIMAS TERIAM SOFRIDO AMEAÇAS

A vítima relatou que, após o estupro, o recrutador disse que o que tinha acontecido na sala teria que ficar em sigilo.
“Ele pegou meu currículo e disse: ‘Eu sei onde você mora, eu tenho até o seu número. Inclusive, vou agora mesmo adicionar ele na minha agenda telefônica. Então, ele abriu a porta. Mais uma vez, lá fora, ele disse: ‘Eu espero que o que aconteceu fique aqui'”, contou a mulher.
Em nota, a Polícia Civil fez um apelo para que outras possíveis vítimas procurem a Delegacia de Boa Viagem para registrarem queixa contra o suspeito. A delegacia fica na Avenida Engenheiro Domingos Ferreira, nº 4420.
O delegado Augusto de Castro, responsável pelo inquérito, informou que não tem autorização para conceder entrevista sobre o estupro no aeroporto, mas confirmou que deveria encerrar o caso nesta sexta-feira (7).

PEDIDO DE INDENIZAÇÃO NA JUSTIÇA

As mulheres devem entrar na Justiça para pedir uma indenização à empresa onde o suspeito trabalhava.
“A gente entende que é necessário adotar medidas tanto no âmbito criminal quanto no cível, a título indenizatório, em face da empresa, tendo em vista que o fato aconteceu dentro da empresa. Também estão sendo estudadas medidas no âmbito cível contra o agressor”, afirmou o advogado José Albérico Santos.
Os advogados das vítimas também pretendem entrar com ação, em caráter liminar, para que a empresa pague o tratamento psicológico para elas.

O QUE DIZ O AEROPORTO DO RECIFE SOBRE O CASO DE ESTUPRO?

A Aena Brasil, responsável pela administração do aeroporto, afirmou, em nota, que tomou conhecimento do caso na manhã do dia 30 de junho e “exigiu o afastamento imediato do denunciado. Soubemos que logo em seguida, que o mesmo já foi detido pela polícia”, disse.
Por já ter passado o prazo do flagrante, o suspeito prestou depoimento e foi liberado.
“A concessionária repudia qualquer gesto de violência, e não tolera nenhum ato desse tipo. O fato está ainda em investigação pela polícia, com quem estamos colaborando para que o caso seja elucidado o mais rápido possível”, declarou a Aena Brasil.

O QUE DIZ A EMPRESA?

A GPS Predial Sistemas de Segurança Ltda. informou, também em nota, que, “tomou as medidas necessárias, incluindo o desligamento do funcionário envolvido”.

ESTATÍSTICAS DE ESTUPRO EM PERNAMBUCO

De acordo com a Secretaria de Defesa Social (SDS), 1.048 casos de estupro foram somados entre 1º de janeiro e 30 de maio de 2023 em Pernambuco.
Já no mesmo período do ano passado, o número de ocorrências foi 1.092. A queda foi de 4,03%.
Jornal do Comercio

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *