O STF recebe o relatório da PF com provas relacionadas às tramas golpistas e aos atos de 8 de janeiro; entre os acusados, destaca-se Bolsonaro.
A Polícia Federal (PF) indiciou nesta quinta-feira (21) o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e mais 36 pessoas por envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado. O inquérito investiga ações antes e após as eleições presidenciais de 2022, que levaram à vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O relatório foi enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) para análise.
Entre os indiciados, destacam-se ex-ministros como Anderson Torres (Justiça), Augusto Heleno (GSI) e Braga Netto (Defesa). Além disso, a lista inclui o ex-diretor da Abin e atual deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), assim como o tenente-coronel Mauro Cid, que é delator do caso. Este último, por sua vez, presta depoimento hoje ao STF, um momento considerado pela PF como a etapa final para concluir o inquérito.
Crimes investigados envolvem atos de 8 de janeiro
A investigação abrange, em primeiro lugar, os atos de 8 de janeiro de 2023, quando apoiadores de Bolsonaro invadiram e depredaram os prédios dos Três Poderes em Brasília. Essas ações, por sua vez, ocorreram como uma reação ao resultado das eleições presidenciais. Diante disso, o governo federal decretou, na ocasião, intervenção na segurança do Distrito Federal, medida que resultou na prisão de mais de 1.800 pessoas nos dias seguintes.
Além do mais, o inquérito revelou tramas golpistas ocorridas durante o período eleitoral, incluindo um plano para assassinar o presidente eleito Lula, o vice Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do STF Alexandre de Moraes. De acordo com a PF, esses crimes tinham como principal propósito impedir a posse do governo eleito e instaurar um regime autoritário.
Militares e líderes políticos entre os acusados
O grupo indiciado inclui, entre outros, figuras influentes, como o general Braga Netto e o deputado Alexandre Ramagem. Além disso, militares das Forças Especiais, conhecidos como “kids pretos”, também estão na lista. Nesse contexto, a PF revelou que o grupo tinha a intenção de monitorar e atacar alvos estratégicos. Entre esses alvos, destacava-se o ministro Alexandre de Moraes, que, por sua vez, era vigiado de forma constante.
Adicionalmente, os investigados idealizavam a criação de um “Gabinete Institucional de Gestão de Crise” para lidar com as consequências das ações golpistas. Nesse contexto, o relatório aponta crimes como a abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.
Ações contra a democracia sob análise do STF
Com o envio do relatório, cabe ao STF decidir os próximos passos no caso. As denúncias já resultaram na condenação de dezenas de envolvidos. O tribunal analisou a participação de diversos réus nos atos de janeiro e em ações preparatórias que incluíram financiamento de ataques e discursos de incentivo à ruptura institucional.
Por fim, a PF destacou que as investigações buscaram identificar não apenas os executores, mas também os financiadores e organizadores. O inquérito trouxe à tona redes de articulação política e econômica por trás das ações golpistas, ampliando o escopo das apurações.
Contexto histórico dos atos de 8 de janeiro
Os atos de 8 de janeiro marcaram um dos momentos mais críticos para a democracia brasileira desde a redemocratização. As invasões aos prédios públicos trouxeram prejuízos ao patrimônio e geraram questionamentos sobre a segurança do Estado. A resposta das autoridades incluiu uma série de operações para responsabilizar envolvidos, com penas já aplicadas em diversos casos.
O indiciamento de Bolsonaro e aliados reforça o impacto político do episódio. Agora, o Brasil acompanha os desdobramentos no STF, que definirá o futuro dos acusados e possíveis responsabilizações.
Segue a lista dos indiciados pela Polícia Federal:
Nome | Cargo/Função |
---|---|
Ailton Gonçalves Moraes Barros | Militar |
Alexandre Castilho Bitencourt | Militar |
Alexandre Rodrigues Ramagem | Deputado Federal (PL-RJ), Ex-diretor da Abin |
Almir Garnier Santos | Militar |
Amauri Feres Saad | Militar |
Anderson Gustavo Torres | Ex-Ministro da Justiça |
Anderson Lima de Moura | Militar |
Angelo Martins Denicoli | Militar |
Augusto Heleno Ribeiro Pereira | General, Ex-Chefe do GSI |
Bernardo Romao Correa Netto | Militar |
Carlos Cesar Moretzsohn Rocha | Militar |
Carlos Giovani Delevati Pasini | Militar |
Cleverson Ney Magalhães | Militar |
Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira | Militar |
Fabrício Moreira de Bastos | Militar |
Filipe Garcia Martins | Assessor |
Fernando Cerimedo | Estrategista |
Giancarlo Gomes Rodrigues | Militar |
Guilherme Marques de Almeida | Militar |
Hélio Ferreira Lima | Militar |
Jair Messias Bolsonaro | Ex-Presidente da República |
José Eduardo de Oliveira e Silva | Assessor |
Laercio Vergilio | Político |
Marcelo Bormevet | Militar |
Marcelo Costa Câmara | Ex-assessor de Bolsonaro |
Mario Fernandes | Militar |
Mauro Cesar Barbosa Cid | Ex-ajudante de ordens de Bolsonaro |
Nilton Diniz Rodrigues | Militar |
Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho | Empresário |
Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira | Militar |
Rafael Martins de Oliveira | Militar |
Ronald Ferreira de Araujo Junior | Militar |
Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros | Militar |
Tércio Arnaud Tomaz | Ex-assessor de Bolsonaro |
Valdemar Costa Neto | Presidente do PL |
Walter Souza Braga Netto | Ex-Ministro da Defesa |
Wladimir Matos Soares | Militar |
CEO do Portal Fala News, Jornalista pela UNIFG, licenciado em Letras PT/ES pela FAESC, formado em psicanálise pela ABEPE, pós-graduado em linguística aplicada as línguas portuguesa e espanhola pela FAESC, e MBA em Marketing Digital e Mídias Sociais pela UniNassau. Analista de política e economia, colunista sobre psicanálise, amante dos livros e dedicado a levar informação com transparência e credibilidade.