quinta-feira, janeiro 23

Iphan tomba Estação Ferroviária do Brum no Recife

Estação Ferroviária do Brum é o primeiro bem ferroviário de Pernambuco a receber tombamento provisório do Iphan.

Iphan reconhece Estação do Brum, em Recife, como patrimônio cultural com tombamento provisório
Iphan reconhece Estação do Brum, em Recife, como patrimônio cultural com tombamento provisório. Foto: Divulgação

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) anunciou, no Diário Oficial da União de 16 de janeiro, o tombamento provisório da Estação Ferroviária do Brum, localizada em Recife (PE). Dessa forma, a indicação é para a inscrição nos Livros do Tombo Histórico e de Belas Artes. Além disso, este é o primeiro bem ferroviário de Pernambuco a ser tombado pelo Iphan.

Importância histórica e cultural

Inaugurada em 1881, a Estrada de Ferro do Recife ao Limoeiro teve como ponto de partida a Estação do Brum. Esta estação funcionava como “estação ponta de linha” e foi a primeira no Brasil construída pela The Great Western of Brazil Railway Company Limited (G.W.B.R.). O empreendimento visava escoar a produção agrária exportadora, como açúcar, algodão e gado, além de facilitar o transporte de passageiros, inicialmente em Pernambuco e depois em outros estados do Nordeste.

A localização estratégica da Estação do Brum, fora da área central de Recife, deu-lhe um papel fundamental no desenvolvimento urbano e na configuração arquitetônica da cidade no século XIX. Segundo historiadores, a estação foi um marco no cotidiano social da época, influenciando diretamente a formação de Recife.

Relevância artística e arquitetônica

A Estação Ferroviária do Brum destaca-se também pela sua excepcionalidade artística, sendo um exemplar representativo da arquitetura ferroviária no Brasil. O edifício da estação apresenta uma rica composição com adornos em alto-relevo nas fachadas, balaustradas decorativas na platibanda – elemento que oculta o telhado – e esquadrias elaboradas com ferro trabalhado, vidro e madeira. O toldo metálico, sustentado por uma imponente mão-francesa – suporte inclinado usado para sustentar estruturas –, é um dos elementos que marcavam o acesso à plataforma. Além disso, detalhes em madeira decoram a varanda, exemplificando o requinte estético do projeto.

Mesmo com as transformações ao longo do tempo, como sua ressignificação em 1999 para abrigar o Memorial da Justiça do Tribunal de Justiça de Pernambuco, o edifício mantém sua relevância cultural e artística. A aplicação de materiais importados, técnicas avançadas de construção e o desenho neoclássico refinado contribuem para sua valorização como marco arquitetônico do século XIX.

Processo de tombamento

Conforme o Decreto-Lei nº 25, de 30 de novembro de 1937, o tombamento provisório tem os mesmos efeitos do definitivo. Dessa forma, a partir de sua publicação, o Iphan protege o bem cultural como patrimônio histórico, artístico ou cultural. No entanto, o proprietário do imóvel pode contestar essa medida no prazo de 15 dias. Caso o proprietário não apresente nenhuma contestação, o Iphan continua com o processo de tombamento.

Decisão final

A decisão final sobre o tombamento definitivo da Estação Ferroviária do Brum será tomada pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural. Instituído pela Lei nº 378, de 13 de janeiro de 1937, o conselho é responsável por avaliar, deliberar e decidir sobre questões relacionadas à preservação do Patrimônio Cultural Brasileiro. Além disso, suas atribuições incluem a aprovação de tombamentos, a revisão de registros de bens culturais, materiais e imateriais, bem como a autorização para a saída temporária de bens protegidos pela União.

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