domingo, setembro 8

Ex-policial delata participação de grupo liderado por bicheiro em assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes

Delator Élcio Queiroz revela detalhes do crime e aponta envolvimento de Bernardo Bello no caso.

Marielle Franco
Foto: Renan Olaz/CMRJ
Em uma revelação bombástica, o ex-policial militar do Rio de Janeiro, Élcio Vieira de Queiroz, por meio de uma delação premiada, implicou o grupo liderado pelo contraventor Bernardo Bello no assassinato brutal da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e do motorista Anderson Gomes. A delação de Queiroz levou à deflagração de uma operação da Polícia Federal (PF) para investigar o caso Marielle.
Segundo as informações fornecidas por Queiroz, o ex-policial Ronnie Lessa, apontado pelas investigações como o assassino de Marielle e Anderson, foi supostamente contratado por Edimilson Oliveira da Silva, também conhecido como “Macalé”, um policial militar já falecido. O delator ainda revelou que a arma utilizada no crime foi desviada do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), a chamada “tropa de elite” da Polícia Militar do Rio de Janeiro.
Em depoimentos adicionais, Élcio Queiroz mencionou a aparição de um celular para Ronnie Lessa, o que lhe causou estranheza. O celular era um smartphone “feio” e teria sido fornecido por Bernardo Bello, chefe da segurança do bicheiro, José Carlos Roque Barboza, teria fornecido o carro Cobalt utilizado no dia do assassinato.
Élcio Queiroz, que foi expulso das fileiras da corporação em 2015 por envolvimento com segurança ilegal em uma casa de jogos de azar, é o primeiro envolvido nos assassinatos a admitir sua coparticipação no crime. Em março de 2019, tanto ele quanto Ronnie Lessa foram presos, e após quatro anos na prisão, Queiroz decidiu fazer a delação premiada, na qual confessou dirigir o veículo usado na execução e participar de todo o planejamento do atentado.

Quem é o bicheiro Bernardo Bello

Bernardo Bello Pimentel Barboza, de 41 anos, é o líder de um grupo contraventor e uma figura controversa. Em janeiro de 2022, ele chegou a ser preso em Bogotá, na Colômbia, por supostamente ordenar o assassinato de Alcebíades Paes Garcia, conhecido como Bid, que seria seu concorrente no Rio de Janeiro. No entanto, Bello foi posteriormente solto por decisão da Justiça após acolherem um habeas corpus em seu favor.
Atualmente, a Polícia Civil do Rio de Janeiro e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) tentam prendê-lo desde novembro de 2023. De acordo com informações do Disque-Denúncia, Bernardo Bello é procurado por três crimes, e teria assumido uma posição de liderança no jogo do bicho após romper com a família Garcia em uma ascensão marcada por violência.
Recentemente, a Promotoria fluminense deflagrou a operação “Às de Ouros II” com o objetivo de prender Bernardo Bello e outros cinco investigados ligados a ele pelo assassinato do advogado Carlos Daniel Ferreira Dias, ocorrido em maio de 2022, em Niterói. As investigações apontam que o crime ocorreu devido a um conflito mediado pelo advogado envolvendo uma empresa do ramo alimentício, desagradando Bello.
As delações de Élcio Queiroz trazem novas e importantes informações para a investigação do caso Marielle Franco e Anderson Gomes, fornecendo pistas relevantes para a elucidação desse crime que chocou o país.

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