sexta-feira, julho 11

Eduardo Bolsonaro dobra aposta contra STF e Moraes

Deputado ataca Alexandre de Moraes, fala em “frouxo” e exige anistia geral para bolsonaristas investigados.

Deputado Eduardo Bolsonaro intensifica embate com STF ao chamar Moraes de “frouxo” e cobrar anistia ampla e irrestrita. Foto: Reprodução / Redes Sociais
Deputado Eduardo Bolsonaro intensifica embate com STF ao chamar Moraes de “frouxo” e cobrar anistia ampla e irrestrita. Foto: Reprodução / Redes Sociais

Na quinta-feira (10/7), o Brasil assistiu a um novo capítulo da escalada de tensão entre bolsonaristas e o Supremo Tribunal Federal. Em meio à resposta do ex-presidente Jair Bolsonaro sobre as tarifas impostas pelos EUA, quem realmente chamou atenção foi o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que decidiu dobrar a aposta contra o ministro Alexandre de Moraes.

Enquanto o pai tentava passar um verniz institucional em sua carta, dizendo ter recebido “com senso de responsabilidade” o aviso de Trump sobre a taxa de 50% contra produtos brasileiros, Eduardo foi direto ao ataque. Chamou Moraes de “frouxo” e sugeriu que ele teria medo de sanções internacionais, como a Lei Magnitsky.

Essa retórica não é nova, mas mostra uma clara radicalização do discurso. Não há mais qualquer tentativa de negociação ou cautela. A fala de Eduardo Bolsonaro se conecta ao núcleo mais duro do bolsonarismo, que exige anistia ampla, geral e irrestrita para investigados em inquéritos sobre Fake News e atos antidemocráticos.

A estratégia de confronto direto

O uso de insultos pessoais contra Alexandre de Moraes não é apenas desabafo. É estratégia. Eduardo Bolsonaro não apenas critica decisões judiciais – ele tenta deslegitimar o ministro como figura pública. Ao chamá-lo de “frouxo” e acusá-lo de medo, ele busca mobilizar sua base com uma narrativa de enfrentamento.

Além disso, Eduardo levanta a ideia de que Moraes deveria incluir o presidente Donald Trump no inquérito das Fake News. O argumento é claramente irônico e serve para pintar o STF como seletivo e politicamente motivado. É um recurso retórico: se até Trump fala em “caça às bruxas”, por que não investigá-lo?

Essa linha de ataque, porém, ignora as diferenças fundamentais entre o contexto político americano e o brasileiro – mas a precisão factual nunca foi o objetivo. O que importa é reforçar a percepção de perseguição e criar indignação na base bolsonarista.

Jair Bolsonaro e o discurso de vítima

Em paralelo, Jair Bolsonaro manteve o tom de estadista perseguido. Em sua nota, culpou o atual governo e o Judiciário pelo “afastamento do Brasil dos seus compromissos históricos com a liberdade”. Disse que “isso jamais teria acontecido” sob seu governo e que o país caminha para o “isolamento e a vergonha internacional”.

O ex-presidente se coloca como voz responsável e patriótica, enquanto alimenta a tese de que há uma “caça às bruxas” em curso. Para ele, não há nada de errado na escalada de tensão com o Judiciário: é apenas reação contra abusos e censura.

O risco calculado

O movimento de Eduardo Bolsonaro – ainda mais explícito – parece calibrado para pressionar o Congresso a votar alguma forma de anistia. Ao pedir que “ajam rápido”, ele sinaliza que o tempo está acabando para uma solução política que livre aliados (e a si mesmo) de investigações.

Mas é uma aposta arriscada. Cada ataque ao STF reforça a disposição do Judiciário de não ceder. Alexandre de Moraes não dá sinais de que recuará, mesmo com as ameaças de retaliação internacional. A aprovação de uma anistia ampla também não encontra hoje consenso político suficiente no Congresso.

A radicalização como ativo político

Na prática, Eduardo Bolsonaro e o núcleo duro do bolsonarismo transformaram o confronto com o STF em ativo político. Não há mais freio. O objetivo é manter a militância mobilizada, mesmo que isso agrave a crise institucional.

Para o Brasil, porém, o custo é alto. A retórica de enfrentamento permanente corrói a confiança nas instituições, dificulta qualquer diálogo e aprofunda a polarização. A pergunta que fica é: há retorno possível ou o país seguirá escalando esse conflito até o limite?

A pergunta que não quer calar

Eduardo Bolsonaro e Jair Bolsonaro estão prontos para arcar com o preço de afrontar o STF?

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