Deputado Romero Albuquerque critica vereador Rodrigo Coutinho por audiência sobre Lei da Tração Animal. Carroceiros protestam contra ações da Prefeitura.

Na manhã desta segunda-feira (16), protestos simultâneos de carroceiros bloquearam importantes vias do Recife. A mobilização ocorreu em resposta às ações da Prefeitura no cumprimento da Lei Municipal nº 17.918/2013, que proíbe o uso de veículos de tração animal na cidade. O tema reacendeu o debate político após críticas do deputado estadual Romero Albuquerque (União) ao vereador Rodrigo Coutinho (Republicanos), que convocou uma audiência pública para discutir o assunto.
Audiência pública reacende discussão
A audiência pública, marcada para esta segunda-feira, às 15h, na Câmara Municipal do Recife, foi proposta por Rodrigo Coutinho com o objetivo de ouvir a categoria dos carroceiros e debater os impactos da lei. O encontro contará com a presença da secretária executiva dos Direitos dos Animais, Andreza Romero, que também é esposa do deputado Romero Albuquerque, conhecido defensor da causa animal.
Segundo o vereador, a audiência visa garantir espaço democrático para que os trabalhadores exponham suas perspectivas e dificuldades. “É preciso escutar todas as partes. Não se trata de revogar a lei, mas de assegurar uma transição justa e dialogada”, afirmou Coutinho em nota.
Críticas do deputado Romero Albuquerque
O deputado estadual Romero Albuquerque, por sua vez, reagiu duramente à iniciativa e aos protestos ocorridos pela manhã. Em pronunciamento, classificou os atos como “vandalismo” e acusou o vereador de fomentar desordem ao reabrir um debate que, segundo ele, já está superado.
“Não há mais debate a ser feito. A lei foi discutida, regulamentada, está em execução. O vereador que tenta surfar politicamente em cima do sofrimento animal precisa ser responsabilizado. Esse oportunismo encorajou o caos”, afirmou Albuquerque.
O parlamentar também cobrou ação mais firme das forças de segurança:
“Isso não é protesto, é vandalismo. O Recife não pode ser refém de uma minoria que insiste em explorar os cavalos em pleno 2025.”
O que diz a Prefeitura do Recife
Em nota oficial, a Prefeitura do Recife esclareceu que não há intenção de recolher animais à força, mas de promover a substituição gradativa e voluntária da tração animal. O cadastramento de carroceiros e seus animais está aberto até o fim de junho e integra uma política pública de transição voltada ao bem-estar animal e à inclusão socioeconômica dos trabalhadores.
Entre as medidas apresentadas pela gestão municipal:
- Cadastramento com identificação de condutores e animais por microchip e adesivo;
- Indenização pela entrega voluntária da carroça e do animal;
- Capacitação profissional e programas de apoio ao empreendedorismo;
- Encaminhamento para vagas de emprego via programa GO Recife;
- Oportunidades de inserção em equipes da Emlurb (limpeza urbana).
A Prefeitura reforça que os carroceiros cadastrados terão até agosto para comprovar as informações prestadas no censo, condição necessária para receber os benefícios.
Ponto de tensão entre direitos dos animais e inclusão social
A controvérsia em torno da Lei da Tração Animal expõe um conflito sensível entre a proteção dos animais e a realidade socioeconômica de famílias que dependem da atividade para sobreviver. De um lado, ativistas e parlamentares defendem o fim do uso de animais no transporte de carga. Do outro, trabalhadores pedem alternativas viáveis antes da desativação definitiva do modelo.
Visões em disputa:
- Defensores da lei: consideram que o uso de animais para tração é cruel e ultrapassado, defendendo a imediata aplicação da norma aprovada há 12 anos.
- Trabalhadores afetados: argumentam que a transição precisa ser feita com diálogo, planejamento e garantias concretas de renda e emprego.
A audiência desta segunda-feira será um novo capítulo no debate sobre a Lei da Tração Animal no Recife. Enquanto o governo municipal reforça a intenção de promover uma transição humanizada, o embate político entre Romero Albuquerque e Rodrigo Coutinho mostra que o tema ainda está longe de alcançar consenso. Resta saber se o diálogo institucional poderá equilibrar a defesa dos direitos dos animais com a proteção social dos trabalhadores impactados pela mudança.
CEO do Portal Fala News, Jornalista pela UNIFG, licenciado em Letras PT/ES pela FAESC, formado em psicanálise pela ABEPE, pós-graduado em linguística aplicada as línguas portuguesa e espanhola pela FAESC, e MBA em Marketing Digital e Mídias Sociais pela UniNassau. Analista de política e economia, colunista sobre psicanálise, amante dos livros e dedicado a levar informação com transparência e credibilidade.