quinta-feira, novembro 21

Bloqueio Intensificado Deixa Gaza Sem Água, Comida e Assistência

Israel mantém bloqueio no norte de Gaza, e ONU denuncia crise humanitária sem precedentes.

Norte de Gaza está sem água, comida e assistência médica, diz ONU. Foto - Mohammed Salem
Norte de Gaza está sem água, comida e assistência médica, diz ONU. Foto – Mohammed Salem

A intensificação do bloqueio de Israel no norte da Faixa de Gaza, nas últimas três semanas, trouxe consequências devastadoras. A região ficou sem água, comida e assistência médica, conforme relatado pela Agência para Refugiados Palestinos da ONU (UNRWA). Apesar de repetidos pedidos para permitir a entrada de ajuda, Israel manteve o bloqueio. Segundo a UNRWA, as equipes que atuam no norte do território não conseguem encontrar recursos essenciais para a população.

O chefe da UNRWA, Philippe Lazzarini, informou nesta terça-feira (22) que o enclave enfrenta bombardeios ininterruptos há três semanas. Ele afirmou que o cenário é desolador, com corpos espalhados nas estradas ou sob escombros. As missões de resgate e limpeza têm sido negadas. “O cheiro da morte está por toda parte”, afirmou Lazzarini. A situação se agrava à medida que as equipes de assistência não têm autorização para socorrer os feridos.

Por outro lado, Israel rebateu as informações da ONU e afirmou que permitiu a entrada de 230 caminhões com alimentos, água e suprimentos médicos para a região. Porém, segundo a ONU, a média diária de entrada de caminhões era de 500 antes do bloqueio.

Israel nega bloqueio total, mas ONU aponta dificuldades

A situação se torna ainda mais crítica porque estima-se que dezenas de milhares de palestinos ainda estejam no norte do enclave. A UNRWA tem feito apelos sistemáticos para que Israel permita a entrada de assistência humanitária. No entanto, a resposta de Israel não tem sido suficiente, segundo a agência. Relatos de civis mortos ao tentar fugir e de corpos deixados nas ruas preocupam as organizações internacionais.

A ONU afirma que a falta de recursos e a violência têm levado os moradores ao desespero. “No norte de Gaza, as pessoas esperam pela morte. Eles se sentem abandonados, sem esperança e sozinhos”, disse Lazzarini.

União Europeia pede intervenção humanitária em Gaza

O alto-representante da União Europeia para negócios estrangeiros, Josep Borrell Fontelles, também se manifestou sobre a crise. Ele classificou a situação como “horrível” e pediu que observadores internacionais e a imprensa tenham acesso ao local. Borrell condenou o deslocamento forçado e a destruição de instalações da ONU, ressaltando que a fome provocada pelo homem não pode ser justificada.

Após as novas denúncias da UNRWA, o governo de Israel reforçou, em nota, que permitiu a entrada de 237 caminhões com alimentos e água desde a última segunda-feira (14). O governo israelense afirmou que continuará facilitando a entrada de ajuda humanitária conforme o direito internacional.

Ataques a hospitais agravam crise humanitária

Enquanto a ONU denuncia a situação crítica nos hospitais, dois dos três hospitais que restam no norte de Gaza foram diretamente atingidos. Segundo o Escritório da ONU para Assuntos Humanitários (Ocha), as forças israelenses intensificaram a pressão sobre os hospitais para que fossem evacuados. Contudo, os pacientes não têm para onde ir. No hospital indonésio, dois pacientes morreram por falta de energia e suprimentos, e a unidade de saúde parou de funcionar.

De acordo com Muhannad Hadi, coordenador humanitário da Ocha, a situação é insustentável. “Alguns funcionários médicos fugiram para salvar suas vidas”, alertou Hadi.

Israel justifica operações em Gaza e acusa uso de hospitais

Por outro lado, as Forças de Defesa de Israel (FDI) alegam que as operações militares visam destruir infraestruturas militares usadas por militantes palestinos no norte de Gaza. Israel acusa os militantes de usarem instalações médicas para suas atividades, afirmando que uma clínica da UNRWA foi tomada por terroristas e transformada em depósito de armas. A FDI informou que eliminou os terroristas que se barricaram na clínica.

Além disso, o ministro da Segurança Pública de Israel, Itamar Ben-Gvir, defendeu a ocupação da Faixa de Gaza por assentamentos israelenses. Ele afirmou que é necessário incentivar a imigração judaica para a região, reforçando sua proposta de ocupação.

A crise no norte da Faixa de Gaza continua a se agravar, com a ONU e outras organizações humanitárias buscando formas de fornecer ajuda à população, enquanto Israel mantém sua política de bloqueio, justificada por questões de segurança. A comunidade internacional, entretanto, pede uma solução que evite mais perdas de vidas.

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