sábado, setembro 7

Bancada do PCdoB se mobiliza para manter Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação

Deputados do PCdoB buscam manter Luciana Santos no comando da pasta em meio à iminente reforma ministerial

Ministra Luciana Santos
Foto: Luara Baggi (ASCOM/MCTI)

Em um cenário de iminente reforma ministerial, a bancada do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) intensificou nos últimos dias seus esforços para garantir a permanência de Luciana Santos no comando do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). A movimentação ocorre devido ao temor de que o atual ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França (PSB), seja deslocado para assumir a posição de Luciana.
Em busca de apoio político, os deputados do PCdoB procuraram o ministro da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), Alexandre Padilha, em uma tentativa de desviar a atenção do PSB em direção a outro ministério.
Os parlamentares argumentaram a Padilha que, levando em consideração o tamanho das bancadas, o PSB teria uma representação muito maior do que o PCdoB. Os socialistas contam com 15 deputados e lideram três ministérios, enquanto os comunistas possuem apenas 7 parlamentares e ocupam somente uma pasta ministerial. Além disso, ressaltaram que aceitaram a incumbência de comandar o MCTI sem restrições, uma vez que o presidente da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Celso Pansera, é indicado pelo Partido dos Trabalhadores (PT). Os deputados também elogiaram as realizações de Luciana à frente do ministério.
Na tentativa de evitar que Márcio França assuma a cadeira atualmente ocupada por Luciana, os parlamentares do PCdoB recorreram a argumentos históricos. Eles destacaram que têm mantido uma aliança com o PT desde a década de 80, enquanto o PSB já apresentou candidatos presidenciais para concorrer contra o partido do presidente Lula, mencionando inclusive a candidatura de Anthony Garotinho em 2002. No entanto, segundo fontes, Padilha ouviu atentamente, mas não manifestou concordância com os argumentos apresentados.
A Secretaria de Relações Institucionais (SRI) confirmou o encontro com a bancada do PCdoB, mas não fez comentários sobre o conteúdo das conversas. Antes dessa reunião com Padilha, os deputados comunistas também se encontraram com o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), a quem também apresentaram suas razões para manter Luciana no MCTI.
O receio do PCdoB é alimentado pela possibilidade do governo oferecer o Ministério de Portos e Aeroportos a Silvio Costa Filho, do Republicanos, o que abriria caminho para o deslocamento de Márcio França para o Ministério da Ciência e Tecnologia, tirando Luciana do cargo. A ministra poderia ser alocada posteriormente no Ministério das Mulheres, atualmente sob o comando de Cida Gonçalves, ou no Ministério dos Direitos Humanos, chefiado por Silvio Almeida. Nenhuma dessas alternativas agrada à bancada do PCdoB.
Além disso, o governo está em negociações para acomodar o Progressistas (PP), considerando a indicação do deputado André Fufuca (PP). A questão central para o Planalto é decidir qual ministério será oferecido ao Progressistas, partido do presidente da Câmara, Arthur Lira (AL).
Uma das opções em discussão é a divisão do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, atualmente liderado por Wellington Dias. Isso permitiria ao PT manter o controle sobre o Bolsa Família, o principal programa do governo Lula, mas envolveria a renúncia de outros programas. O PP busca um ministério com um orçamento substancial e capacidade de entrega, o que também o direciona para a Agricultura, pasta atualmente sob a gestão do PSD, comandado por Carlos Fávaro.
Em meio a essas negociações, é certo que a decisão do presidente Lula não agradará a todos os envolvidos, o que reacende as tensões e conflitos políticos na Esplanada dos Ministérios. A temporada de fogo amigo parece estar novamente aberta.

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