sexta-feira, novembro 22

Jair Bolsonaro e mais 36 são indiciados pela Polícia Federal

O STF recebe o relatório da PF com provas relacionadas às tramas golpistas e aos atos de 8 de janeiro; entre os acusados, destaca-se Bolsonaro.

Bolsonaro e aliados são indiciados por tentativa de golpe. Foto - Divulgação
Bolsonaro e aliados são indiciados por tentativa de golpe. Foto – Divulgação

A Polícia Federal (PF) indiciou nesta quinta-feira (21) o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e mais 36 pessoas por envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado. O inquérito investiga ações antes e após as eleições presidenciais de 2022, que levaram à vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O relatório foi enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) para análise.

Entre os indiciados, destacam-se ex-ministros como Anderson Torres (Justiça), Augusto Heleno (GSI) e Braga Netto (Defesa). Além disso, a lista inclui o ex-diretor da Abin e atual deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), assim como o tenente-coronel Mauro Cid, que é delator do caso. Este último, por sua vez, presta depoimento hoje ao STF, um momento considerado pela PF como a etapa final para concluir o inquérito.

Crimes investigados envolvem atos de 8 de janeiro

A investigação abrange, em primeiro lugar, os atos de 8 de janeiro de 2023, quando apoiadores de Bolsonaro invadiram e depredaram os prédios dos Três Poderes em Brasília. Essas ações, por sua vez, ocorreram como uma reação ao resultado das eleições presidenciais. Diante disso, o governo federal decretou, na ocasião, intervenção na segurança do Distrito Federal, medida que resultou na prisão de mais de 1.800 pessoas nos dias seguintes.

Além do mais, o inquérito revelou tramas golpistas ocorridas durante o período eleitoral, incluindo um plano para assassinar o presidente eleito Lula, o vice Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do STF Alexandre de Moraes. De acordo com a PF, esses crimes tinham como principal propósito impedir a posse do governo eleito e instaurar um regime autoritário.

Relatório final da PF aponta crimes de golpe e organização, Braga Neto, General Heleno, Bolsonaro e Valdemar da Costa Neto estão na lista. Foto - Reprodução
Relatório final da PF aponta crimes de golpe e organização, Braga Neto, General Heleno, Bolsonaro e Valdemar da Costa Netto estão na lista. Foto – Reprodução

Militares e líderes políticos entre os acusados

O grupo indiciado inclui, entre outros, figuras influentes, como o general Braga Netto e o deputado Alexandre Ramagem. Além disso, militares das Forças Especiais, conhecidos como “kids pretos”, também estão na lista. Nesse contexto, a PF revelou que o grupo tinha a intenção de monitorar e atacar alvos estratégicos. Entre esses alvos, destacava-se o ministro Alexandre de Moraes, que, por sua vez, era vigiado de forma constante.

Adicionalmente, os investigados idealizavam a criação de um “Gabinete Institucional de Gestão de Crise” para lidar com as consequências das ações golpistas. Nesse contexto, o relatório aponta crimes como a abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.

Ações contra a democracia sob análise do STF

Com o envio do relatório, cabe ao STF decidir os próximos passos no caso. As denúncias já resultaram na condenação de dezenas de envolvidos. O tribunal analisou a participação de diversos réus nos atos de janeiro e em ações preparatórias que incluíram financiamento de ataques e discursos de incentivo à ruptura institucional.

Por fim, a PF destacou que as investigações buscaram identificar não apenas os executores, mas também os financiadores e organizadores. O inquérito trouxe à tona redes de articulação política e econômica por trás das ações golpistas, ampliando o escopo das apurações.

Contexto histórico dos atos de 8 de janeiro

Os atos de 8 de janeiro marcaram um dos momentos mais críticos para a democracia brasileira desde a redemocratização. As invasões aos prédios públicos trouxeram prejuízos ao patrimônio e geraram questionamentos sobre a segurança do Estado. A resposta das autoridades incluiu uma série de operações para responsabilizar envolvidos, com penas já aplicadas em diversos casos.

O indiciamento de Bolsonaro e aliados reforça o impacto político do episódio. Agora, o Brasil acompanha os desdobramentos no STF, que definirá o futuro dos acusados e possíveis responsabilizações.

Segue a lista dos indiciados pela Polícia Federal:

NomeCargo/Função
Ailton Gonçalves Moraes BarrosMilitar
Alexandre Castilho BitencourtMilitar
Alexandre Rodrigues RamagemDeputado Federal (PL-RJ), Ex-diretor da Abin
Almir Garnier SantosMilitar
Amauri Feres SaadMilitar
Anderson Gustavo TorresEx-Ministro da Justiça
Anderson Lima de MouraMilitar
Angelo Martins DenicoliMilitar
Augusto Heleno Ribeiro PereiraGeneral, Ex-Chefe do GSI
Bernardo Romao Correa NettoMilitar
Carlos Cesar Moretzsohn RochaMilitar
Carlos Giovani Delevati PasiniMilitar
Cleverson Ney MagalhãesMilitar
Estevam Cals Theophilo Gaspar de OliveiraMilitar
Fabrício Moreira de BastosMilitar
Filipe Garcia MartinsAssessor
Fernando CerimedoEstrategista
Giancarlo Gomes RodriguesMilitar
Guilherme Marques de AlmeidaMilitar
Hélio Ferreira LimaMilitar
Jair Messias BolsonaroEx-Presidente da República
José Eduardo de Oliveira e SilvaAssessor
Laercio VergilioPolítico
Marcelo BormevetMilitar
Marcelo Costa CâmaraEx-assessor de Bolsonaro
Mario FernandesMilitar
Mauro Cesar Barbosa CidEx-ajudante de ordens de Bolsonaro
Nilton Diniz RodriguesMilitar
Paulo Renato de Oliveira Figueiredo FilhoEmpresário
Paulo Sérgio Nogueira de OliveiraMilitar
Rafael Martins de OliveiraMilitar
Ronald Ferreira de Araujo JuniorMilitar
Sergio Ricardo Cavaliere de MedeirosMilitar
Tércio Arnaud TomazEx-assessor de Bolsonaro
Valdemar Costa NetoPresidente do PL
Walter Souza Braga NettoEx-Ministro da Defesa
Wladimir Matos SoaresMilitar

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