A chamada Taxa Bolsonaro imposta por Trump gera crise diplomática e coloca em xeque discurso patriótico do PL.

Jair Bolsonaro e seus aliados não cansam de repetir a palavra “patriotismo”. É o bordão central de sua política: apresentar-se como defensor ferrenho da soberania, das cores da bandeira e dos interesses nacionais. Mas, na prática, fica cada vez mais difícil sustentar esse discurso quando se examinam os fatos com atenção — especialmente diante da mais recente crise diplomática com os Estados Unidos.
Donald Trump, presidente americano e aliado declarado de Bolsonaro, impôs ao Brasil uma tarifa de 50% sobre produtos importados. Não foi um gesto isolado ou técnico. Trump fez questão de politizar o anúncio, mencionando o próprio Bolsonaro e criticando instituições brasileiras, especialmente o Supremo Tribunal Federal (STF). É impossível dissociar a medida do alinhamento político entre os dois e do esforço de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, que vive nos EUA há meses em articulações contra autoridades brasileiras.
Eduardo Bolsonaro nos EUA: missão diplomática ou sabotagem?
É preciso perguntar: que papel tem o deputado Eduardo Bolsonaro nesse contexto?
Segundo relatos amplamente divulgados, ele tem trabalhado junto a parlamentares e autoridades norte-americanas para conseguir sanções contra ministros do STF — o mesmo tribunal que impôs limites aos abusos e ilegalidades do bolsonarismo. Em vez de dialogar em favor do Brasil, o deputado articula para que outro país puna instituições nacionais.
Chama atenção o fato de que, após meses de esforços nesse sentido, surge a decisão de Trump de retaliar o Brasil com uma tarifa recorde, justificando-a com argumentos políticos contra o governo Lula, mas também contra o Judiciário brasileiro. É coincidência?
Se fosse qualquer outro político — especialmente um da esquerda — a ser acusado de pedir sanções estrangeiras contra o país, os bolsonaristas chamariam de “traidor”, “entreguista”, “antipatriota”. Mas quando é Eduardo Bolsonaro, o silêncio do grupo é constrangedor.
A contradição do “patriotismo” bolsonarista
É um teste de coerência: como alguém pode se apresentar como patriota enquanto articula medidas que prejudicam economicamente o próprio povo?
A tarifa de 50% não afeta o governo Lula em abstrato: atinge exportadores brasileiros, empresas nacionais, empregos. Torna nossos produtos menos competitivos no mercado americano. É um dano direto aos interesses do Brasil, seja qual for o governo de plantão.
Um verdadeiro patriota criticaria o governo em casa, mas jamais pediria ajuda estrangeira para punir o país. A tentativa de transferir a culpa para Lula soa frágil: se o objetivo fosse proteger o Brasil, não haveria articulação alguma para sabotar o comércio exterior ou desgastar as instituições brasileiras no cenário internacional.
Trump como aliado e fiador do bolsonarismo
A carta de Trump menciona Bolsonaro, ecoa suas críticas ao STF e se apresenta como um aliado pessoal. Isso constrange o discurso bolsonarista que tenta culpar apenas Lula pela crise.
Como explicar para o eleitorado que Trump impõe a maior sobretaxa da história recente ao Brasil, mas continua sendo celebrado como aliado estratégico por Bolsonaro? Que patriotismo é esse que agradece sanções de um líder estrangeiro?
Precisamos debater: quem realmente defende o Brasil?
É hora de ir além da retórica e encarar os fatos: Bolsonaro e seus aliados estão dispostos a prejudicar o Brasil economicamente e diplomaticamente para vencer uma guerra política doméstica.
Ao mesmo tempo em que dizem defender a pátria, fragilizam nossa soberania, expõem nossa economia a retaliações e trabalham contra as instituições democráticas que garantem nossa estabilidade.
A tarifa de Trump é o símbolo dessa contradição: enquanto se enrolam na bandeira, conspiram para sabotá-la.
A pergunta que não quer calar
Quem é o verdadeiro patriota: quem governa e negocia para proteger os interesses do Brasil ou quem articula com um governo estrangeiro para retaliar seu próprio país?

CEO do Portal Fala News, Jornalista pela UNIFG, licenciado em Letras PT/ES pela FAESC, formado em psicanálise pela ABEPE, pós-graduado em linguística aplicada as línguas portuguesa e espanhola pela FAESC, e MBA em Marketing Digital e Mídias Sociais pela UniNassau. Analista de política e economia, colunista sobre psicanálise, amante dos livros e dedicado a levar informação com transparência e credibilidade.
A justificativa do presidente americano Donald Trump é mesquinha, desprovida de qualquer critério técnico, foi movida por razões meramente eleitoral e ideológica, amesquinhando descaradamente ao fazer a clara afirmação de que a decisão de taxar o Brasil, foi um ato de retaliação amaericano, tomando as dores da família Bolsonaro que encaminhou um membro da clã para fazer futrica nos Estados Unidos. Isto é política rasteira, pois os interesses do povo brasileiro, seus trabalhadores e empresários, não pode ser submetido a essas intrigas domésticas. O Brasil e os Estados Unidos são maiores que isso. Basta de mediocridade!