quinta-feira, novembro 21

Shein firma parceria com Coteminas para produção de roupas no Brasil

 Gigante chinesa adota modelo de facções de costura no Rio Grande do Norte

Foto:Tribuna do Norte

A gigante chinesa do comércio eletrônico, Shein, surpreendeu o mercado ao anunciar uma parceria estratégica com a Coteminas para iniciar a produção de roupas no Brasil. A empresa chinesa investirá US$ 750 milhões no país, com o objetivo de gerar 100 mil empregos. A decisão ocorreu logo após o governo brasileiro publicar uma portaria que reduziu a zero a alíquota de importação para compras de até 50 dólares realizadas por empresas de comércio eletrônico, a partir de 1º de agosto.

Em parceria com a Coteminas, a Shein utilizará a experiência de mais de quatro mil profissionais de oficinas de costura do Rio Grande do Norte, especialmente na região do Seridó, para produzir suas primeiras peças em território nacional. O acordo inclui a inclusão de dois mil clientes confeccionistas da empresa como fornecedores da Shein, atendendo os mercados doméstico e da América Latina. Além disso, a parceria engloba promessas de financiamento para capital de trabalho e contratos de exportação de produtos para o lar.

É importante ressaltar que o sistema de produção utilizado nas oficinas de costura do Rio Grande do Norte, conhecido como facção, tem sido objeto de controvérsias relacionadas à precarização do trabalho. No entanto, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) já pacificou a tese de que não existe responsabilidade trabalhista direta entre as empresas contratantes e as facções.

A entrada da Coteminas, que tradicionalmente atua na produção de tecidos, artigos de cama, mesa, banho, uniformes profissionais e roupas destinadas à segurança do trabalho, no segmento de moda em parceria com a Shein, surpreendeu o mercado. A Shein planeja abrir duas mil fábricas e gerar 100 mil empregos, destacando sua intenção de se estabelecer no Brasil através desse projeto piloto no Rio Grande do Norte.

A governadora Fátima Bezerra do Rio Grande do Norte, do partido PT, demonstrou entusiasmo com a entrada da Shein no estado por meio da Coteminas. Ela acredita que isso reconhece o potencial do estado, a qualificação da mão de obra e a vocação para a indústria têxtil. A expectativa é que a parceria gere aproximadamente quatro mil novos empregos na região do Seridó, onde estão concentradas as facções.

Embora as relações de trabalho nas facções e a quantidade de trabalhadores com carteira assinada não sejam amplamente divulgadas, o governo enfatiza a importância da geração de renda no interior do estado, especialmente em regiões onde não há indústrias formais.

Embora a portaria que reduz a alíquota de importação tenha gerado debates sobre sua influência no setor de varejo e a possibilidade de aumento do desemprego, a Shein optou por aderir ao
Programa Remessa Conforme da Receita Federal, o que garantirá uma gestão mais eficiente das remessas internacionais. Essa medida permitirá à Receita Federal ter acesso antecipado às informações necessárias para o controle e aplicação de impostos nessas transações.

 

Foto:Tribuna do Norte

No entanto, é importante destacar que a portaria foi alvo de críticas por parte do setor de varejo brasileiro, que argumenta pela busca de isonomia no mercado. O Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV) expressou preocupação com os possíveis impactos negativos da medida, podendo gerar aumento do desemprego no setor.

Embora o governo tenha recuado inicialmente quanto à taxação das operações de baixo valor, a primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, também conhecida como Janja, afirmou publicamente nas redes sociais que não haveria taxação para compras de até US$ 50. No entanto, a portaria acabou sendo implementada com a redução da alíquota de importação.

Dessa forma, a parceria entre Shein e Coteminas no Brasil, por meio do modelo de facções de costura no Rio Grande do Norte, demonstra a entrada estratégica da gigante chinesa no mercado nacional, enquanto desperta controvérsias e debates em relação às condições de trabalho e políticas tributárias do setor. O projeto piloto no Rio Grande do Norte é visto como uma oportunidade de desenvolvimento econômico e geração de empregos para a região do Seridó.

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