domingo, abril 20

Senado adia votação de PEC que acaba com reeleição

Proposta que extingue reeleição no Executivo e amplia mandatos é adiada na CCJ.

Senador Marcelo Castro pediu a retirada da PEC do fim da reeleição de pauta. Foto: Roque de Sá/Agência Senado

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado adiou nesta quarta-feira (9) a votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que pretende extinguir a possibilidade de reeleição para cargos do Poder Executivo e ampliar os mandatos eletivos. A proposta, de autoria do senador Jorge Kajuru (PSB-GO), teria como relator o senador Marcelo Castro (MDB-PI), que pediu a retirada do texto da pauta.

Fim da reeleição no Executivo: entenda a proposta

A PEC apresentada por Kajuru propõe mudanças significativas no sistema político-eleitoral brasileiro:

Extinção da reeleição para presidente, governadores e prefeitos

Mandato único de cinco anos para o Executivo, em vez dos atuais quatro, com possibilidade de reeleição

Ampliação do mandato de deputados e vereadores de quatro para cinco anos

Mandato de senadores passa de oito para dez anos

Unificação das eleições municipais e gerais, atualmente realizadas a cada dois anos

A proposta ainda determina que as mudanças comecem a valer a partir de 2030. Assim, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva poderia concorrer à reeleição em 2026, se desejar.

Justificativas dos parlamentares

Segundo Kajuru, o atual modelo estimula “agendas imediatistas” por parte dos chefes do Executivo, que agem com foco na reeleição. Ele argumenta que a proposta busca corrigir esse desequilíbrio ao impedir a recondução e estabelecer um mandato mais longo.

O relator Marcelo Castro, apesar de favorável à essência da proposta, apresentou um substitutivo que inclui outras mudanças estruturais. Entre elas, destaca-se a intenção de promover maior estabilidade institucional e reduzir os custos com eleições frequentes.

“A reeleição compromete decisões de longo prazo. Precisamos pensar o Brasil de forma estrutural”, afirmou Kajuru em entrevista à Agência Senado.

Pontos de vista divergentes

Apesar do apoio de alguns senadores, a proposta enfrenta resistência. Críticos argumentam que a reeleição, quando bem regulamentada, fortalece a democracia ao permitir que eleitores avaliem o desempenho de seus governantes.

Outros apontam que mudanças tão abrangentes devem ser debatidas amplamente com a sociedade e especialistas, especialmente por alterarem de forma substancial o calendário e o funcionamento das eleições no país.

Especialistas em direito eleitoral também alertam que unificar as eleições pode reduzir a visibilidade de temas locais durante o processo eleitoral, prejudicando a democracia municipal.

O que acontece agora?

Com a retirada de pauta, a proposta deverá voltar à discussão em data futura na CCJ. Só após a aprovação nessa comissão é que poderá seguir para uma comissão especial e, por fim, ao plenário do Senado. Para ser promulgada, a PEC precisa de aprovação em dois turnos por, no mínimo, 49 dos 81 senadores.

A proposta de fim da reeleição no Executivo e ampliação dos mandatos legislativos reacende o debate sobre a necessidade de reformas políticas no Brasil. Enquanto defensores veem a PEC como um avanço para a estabilidade e planejamento de políticas públicas, opositores destacam a importância do debate amplo e participativo. O futuro da proposta dependerá de articulações no Senado e do posicionamento da sociedade civil.

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