Lula critica tarifas de Trump, defende lei de reciprocidade e rejeita chantagens dos EUA, em meio a críticas e debates sobre sanções ao Brasil.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira (11) que o Brasil não aceitará “chantagens” dos Estados Unidos após o governo Donald Trump anunciar tarifas de 50% sobre todos os produtos brasileiros. Durante evento em Linhares (ES), Lula defendeu o uso da Lei de Reciprocidade caso as negociações diplomáticas fracassem, afirmando que o governo conta com o apoio do povo para resistir às sanções.
“Esse país não baixará a cabeça para ninguém. Ninguém porá medo nesse país com discurso e com bravata. E eu acho que, nesse aspecto, nós vamos ter o apoio do povo brasileiro”, declarou o presidente.
Entenda as novas tarifas dos EUA
A medida anunciada por Trump eleva para 50% as tarifas de importação de produtos brasileiros. Segundo o ex-presidente americano, o objetivo seria corrigir um suposto déficit comercial com o Brasil. No entanto, dados oficiais do Departamento de Comércio dos EUA indicam o oposto:
- Em 10 anos, os EUA acumularam superávit de US$ 410 bilhões no comércio e serviços com o Brasil.
- Economistas apontam que a tarifa teria motivações políticas, mirando o fortalecimento do Brics e a regulação das big techs no Brasil.
Para saber mais, veja o relatório oficial do U.S. Census Bureau sobre a balança comercial EUA–Brasil.
Reações no Brasil
Diversos setores brasileiros se manifestaram contra as tarifas:
- Empresários alertaram para aumento de custos e riscos de retaliação mútua.
- Parlamentares pediram articulação diplomática firme, mas cautelosa.
- Movimentos sindicais e sociais cobraram proteção de empregos e indústria nacional.
Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a medida pode impactar as exportações em bilhões de dólares ao ano. Leia mais em CNI.
Lula fala em reciprocidade
Em sua fala, Lula foi direto ao mencionar a Lei de Reciprocidade:
“Entre comércio e serviço, nós temos um déficit de US$ 410 bilhões com os EUA. Eu que deveria taxar ele. Se não resolver no diálogo, vamos aplicar reciprocidade.”
Analistas consideram a lei um instrumento legítimo, mas alertam para o risco de escalada comercial caso seja acionada sem acordo prévio.
Ataques a Bolsonaro
Durante o mesmo discurso, Lula criticou o ex-presidente Jair Bolsonaro, que é investigado por supostamente articular sanções contra o Brasil para tentar evitar o julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF):
- Lula questionou a “falta de coragem” de Bolsonaro para enfrentar o processo.
- Citou depoimentos de generais e de seu ex-ajudante de ordens como provas das denúncias.
- Criticou a viagem do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) aos EUA para pedir ajuda política a Trump.
“É preciso que essa gente crie vergonha na cara”, afirmou Lula.
A posição de Bolsonaro
O ex-presidente Jair Bolsonaro, por sua vez, negou as acusações de conspiração e rebateu críticas em suas redes sociais:
- Disse que as tarifas resultam do “afastamento do Brasil dos seus compromissos históricos com a liberdade”.
- Cobrou “medidas urgentes” dos Poderes para “resgatar a normalidade institucional”.
- Aliados afirmam que ele é vítima de perseguição política.
Análise e consequências
Especialistas ouvidos avaliam que:
- As tarifas podem ser usadas por Trump para pressionar o governo Lula em temas como política externa, relação com o Brics e regulação de plataformas digitais.
- Há risco de impacto em cadeias produtivas e no comércio bilateral.
- A resposta brasileira precisa equilibrar firmeza e diplomacia para evitar prejuízos duradouros.
O impasse comercial entre Brasil e Estados Unidos ocorre em meio a tensões políticas internas e externas. Lula sinaliza disposição para negociar, mas afirma não aceitar imposições. A sociedade brasileira debate qual deve ser a estratégia para proteger a economia e manter a soberania diante das pressões americanas.

CEO do Portal Fala News, Jornalista pela UNIFG, licenciado em Letras PT/ES pela FAESC, formado em psicanálise pela ABEPE, pós-graduado em linguística aplicada as línguas portuguesa e espanhola pela FAESC, e MBA em Marketing Digital e Mídias Sociais pela UniNassau. Analista de política e economia, colunista sobre psicanálise, amante dos livros e dedicado a levar informação com transparência e credibilidade.