Lula destaca necessidade de maior compromisso financeiro e reforma no Fundo Global para o Meio Ambiente durante cúpula regional.
Foto: Ricardo Stuckert/PR |
Durante sua participação na Cúpula da Amazônia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfatizou a insuficiência do compromisso dos países ricos em relação ao financiamento climático para nações em desenvolvimento. Desde 2009, os países desenvolvidos prometeram destinar anualmente US$ 100 bilhões para esse fim, mas segundo Lula, essa quantia já não atende às necessidades atuais. O presidente brasileiro fez essa declaração em seu discurso proferido nesta quarta-feira (9), reforçando que a demanda por ações de mitigação, adaptação e compensação por danos relacionados às mudanças climáticas está em constante crescimento.
O presidente Lula também abordou a falta de representatividade de países detentores de grandes reservas florestais e rica biodiversidade no Fundo Global para o Meio Ambiente. Ele expressou sua visão de que países como Brasil, Colômbia, Equador, Congo e Indonésia merecem maior voz e influência no fundo. Lula chamou a atenção para a situação atual em que nações desenvolvidas como Estados Unidos, Canadá, França, Alemanha, Itália e Suécia têm assentos individuais, enquanto os países mencionados anteriormente não possuem a mesma representação.
O presidente brasileiro foi contundente em sua crítica ao que ele chamou de “neocolonialismo verde”, referindo-se a medidas discriminatórias e barreiras comerciais que, sob o pretexto de proteger o meio ambiente, muitas vezes desconsideram as políticas e normas domésticas dos países com florestas em seus territórios. Lula defendeu a remuneração justa e equitativa pelos serviços ambientais e ecossistêmicos fornecidos pelas florestas tropicais e também propôs uma espécie de certificação para produtos produzidos de maneira sustentável nessas regiões.
Na Cúpula da Amazônia, Lula e outros líderes divulgaram a “Declaração de Belém”, um documento que apresenta uma agenda comum com 113 pontos consensuais entre os países membros da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA). O texto é baseado nos aportes da sociedade civil, destacados durante o Seminário sobre Desenvolvimento Sustentável da Amazônia, ocorrido em Brasília no mês de maio, e também de órgãos do governo federal. Além disso, os representantes amazônicos receberam propostas de políticas públicas elaboradas por entidades, movimentos sociais, academias e agências governamentais, discutidas durante o evento “Diálogos Amazônicos”, que precedeu a Cúpula da Amazônia.
O presidente Lula finalizou seu discurso convidando países com florestas tropicais a unirem esforços nesse empreendimento, visando a uma posição comum até a COP28, ainda neste ano, e com perspectivas para a COP30. Ele destacou a importância de compartilhar experiências com parceiros da África e da Ásia para a proteção e gestão sustentável das florestas.
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